ETFs de commodities podem ser bom refúgio em ano de alta dos juros; veja por que e conheça as opções
Empresas ligadas às commodities dependem menos de financiamento para crescer
Os ETFs de commodities – fundos de índices atrelados a empresas dos setores de petróleo, minério de ferro, papel e celulose, metais, entre outros - vivem dias positivos. E tudo indica que podem continuar com bom desempenho em 2022.
Somente em um indicador, da Teva´Índices, o segmento se valorizou 4,85%. Em janeiro a alta acumulada até o dia 27 era de 5,35% ao ano..
A valorização dos ativos reflete vários fatores, como a sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre o início de um ciclo de aperto monetário que prevê aumentos na taxa de juros do país, que deve ter início já no mês de março.
Com os juros elevados e a inflação americana em patamares históricos – chegou ao maior nível dos últimos 40 anos – está ocorrendo uma fuga de capital para empresas que não dependem de financiamento para crescer, como é o caso das que estão no setor de commodities.
“Nesses momentos, o investidor busca proteção em ativos atrelados às commodities, que normalmente são empresas com um caixa robusto e que negociam em dólar. Sem contar ainda a elevação do preço das commodities no mercado internacional, que ajuda a dar mais força a essa tese”, ressalta Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.
No Brasil, as commodities têm forte participação na cesta de ativos do Ibovespa, sendo Vale e a Petrobras as duas empresas com maior peso nessa composição – juntas, respondem por mais de 20%. São importantes drivers que conseguem puxar o principal índice da B3 para cima ou para baixo. Além disso, as commodities são responsáveis por aproximadamente 10% do PIB do País.
Petróleo deve continuar em alta, segundo analistas
O preço do barril do petróleo deve continuar em alta nos próximos meses, de acordo com as expectativas do mercado. A crise geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia é apontada como um dos motivos dessa movimentação.
A grande preocupação refere-se à Rússia, que é uma importante fornecedora de gás natural e petróleo, o que pode mexer com a demanda e preço do produto no mercado internacional, caso haja uma invasão por parte da ex-URSS, que vem aumentando sua tropa na fronteira com a Ucrânia.
“Com essa crise, a tendência dos hidrocarbonetos ligados ao petróleo é que eles tendem a ficar mais caros. Em um dos pregões da semana passada, o gás chegou a subir 50% em um único dia. E com o caixa das petroleiras”, destaca Alves.
Alimentos se mantém resiliente
Na visão de Vitor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue 3, as empresas exportadoras de alimentos – como as de proteínas, por exemplo – não são tão impactadas com a alta dos juros americanos.
“São commodities inelásticas e não cíclicas, como é o caso do petróleo e do minério de ferro. As pessoas não deixam de comprar alimentos".
Além disso, a indústria de proteína também vive um bom momento lá fora, com o aumento do consumo de carne, com a reabertura econômica e valorização do gado.
Minério de ferro: China vai na contramão do mundo
Enquanto as principais economias mundiais adotam uma política monetária mais contracionista, a China segue no lado contrário, adotando uma postura econômica mais expansionista com o intuito de aquecer alguns setores, como o imobiliário, que vem passando por uma forte crise e representa entre 20% e 25% do PIB do país.
De acordo com Israel, o governo chinês adotou a premissa de que, para o bem-estar social, os chineses precisam ter sua casa própria. “O estímulo ao aquecimento do setor de construção civil puxa automaticamente um aumento na demanda pelos derivados do minério de ferro, o que impulsiona a elevação de preços da commodity”, destaca o especialista.
Assim como o petróleo, o minério de ferro não fica tão exposto à alta na taxa de juros americana, mas responde também a outros fatores, o que explica o bom momento das duas commodities no mercado internacional.
Ouro e prata: reserva de valor
Em momentos de instabilidade econômica, os investidores buscam refúgio nos ativos ligados a metais como o ouro, para se defenderem da inflação. “O ouro é considerado uma reserva de valor para momentos de grande volatilidade. É um material escasso e que não pode ser impresso como o dólar”, afirma Israel.
Saiba qual foi a rentabilidade dos ETFs de commodities nos últimos seis meses
ETF | Ticker | Patrimônio R$ milhões | Rentabilidade nos últimos seis meses | Rentabilidade em janeiro/22 (até 27/1) |
BTG Pactual Teva Ações Commodities Brasil Fundo de Índice | CMDB11 | 11.642.965,00 | 13,3% | 5,2% |
Trend ETF LBMA Ouro Fundo de Investimento de Índice - Investimento no Exterior | GOLD11 | 547.174.769,00 | 4,3% | - 4,4% |
It Now Imat Fundo de Índice | MATB11 | 73.144.765,00 | - 10,4% | 0,3% |
ETFs de commodities x ações de empresas do setor
Para acessar os ativos ligados às commodities, o investidor pode seguir por dois caminhos: comprar ações das companhias do setor diretamente na Bolsa ou via ETFs. De acordo com o especialista da Blue3, os papéis de cada empresa apresentam um determinado risco, o que, no caso do ETF, acaba sendo diluído pelo ativo contar com várias empresas em seu portfólio.
“Investir diretamente em ações não é a melhor alternativa para aquele investidor que quer se expor a uma determinada commodity, pois, além dos riscos do mercado há os internos”, ressalta Israel.
No Brasil, já existem diversos ETFs com exposição às commodities. No entanto, ainda não são muitos instrumentos se comparados ao total que é oferecido nas bolsas americanas – em torno de 120 fundos de índice lastreados em diversos setores dentro desse universo.
As vantagens das commodities no Brasil
De acordo com Gabriel Verea, diretor presidente da Teva Indices, especializada na criação e divulgação de índices do mercado financeiro, o Brasil tem grandes vantagens no setor de commodities.
“O país tem gigantes de vários mercados do setor de commodities que são líderes mundiais, além de recursos naturais e grande parte dessas companhias que estão listadas em Bolsa.
Os 10 ETFs que mais renderam na Bolsa nos últimos 3 meses (incluindo os de commodities)
ETF | Ticker | Patrimônio em R$ milhões | Rentabilidade nos últimos três meses | Rentabilidade em janeiro de 2022 (até 27/1) |
BTG Pactual Teva Ações Commodities Brasil Fundo de Índice | CMDB11 | 11.642.965,00 | 13,3% | 5,29% |
It Now PIBB IBRX-50 - Fundo de Índice | PIBB11 | 2.753.649.278,00 | 12,9% | 8,8% |
IT Now IMAT Fundo de Índice | MATB11 | 73.144.765,00 | 12,7% | 0,4% |
Safra Ibovespa Fundo de Índice | BOVS11 | 50.328.230,00 | 11,4% | 7,2% |
ETF Bradesco Ibovespa | BOVB11 | 1.273.102.353,00 | 11,0% | 7,6% |
It Now IGCT Fundo de Índice | GOVE11 | 19.024.100,00 | 10,5% | 6,8% |
BTG Pactual B3 Ibovespa Fundo de Índice | IBOB11 | 112.654.856,00 | 10,3% | 6,7% |
Trend ETF Ibovespa Fundo de Índice | BOVX11 | 199.766.536,00 | 10,3% | 7,3% |
It Now Ibovespa Fundo de Índice | BOVV11 | 4.476.485.802,00 | 10,2% | 7,4% |
BB ETF Ibovespa Fundo de Índice | BBOV11 | 1.034.142.956,00 | 10,2% | 7,00% |
Vale destacar que entre os 10 ETFs com maior rentabilidade no período, mais da metade estão atrelados ao Ibovespa, que tem em sua cesta de ativos várias empresas de commodities, o que faz com que o investidor também esteja exposto às gigantes do setor.
Conheça um pouco mais sobre os ETFs (incluindo os de commodities) disponíveis na Bolsa
ETF BTG Pactual Teva Ações Commodities Brasil Fundo de Índice (CMDB11)
Lançado em novembro do ano passado, o ETF CMDB11 é resultante de uma parceria entre o BTG Pactual e a Teva Indices. Composto por 29 empresas brasileiras do setor de commodities que são responsáveis por 97% das exportações brasileiras desse tipo de produto.
O ETF replica o índice Teva Ações Commodities Brasil e conta com uma diversificação de empresas de vários segmentos, como minérios, papel e celulose, proteínas, açúcar e etanol, petróleo e produção agrícola.
Por meio desse fundo, o investidor consegue acompanhar o movimento do setor como um todo sem estar atrelado a apenas uma empresa.
- Taxa de administração: 0,50% ao ano
- Investimento mínimo: a partir de R$ 10
It Now PIBB (PIBB11)
Gerido e administrado pelo Itaú, o It Now PIBB (PIBB11) é um ETF que investe 95% de seu patrimônio na carteira de ações do índice Brasil 50 (IbrX-50), que inclui as 50 ações mais negociadas da Bolsa em termos de liquidez nos 12 meses anteriores à avaliação. Nesse universo, incluem-se as empresas de commodities.
Foi o primeiro ETF a ser listado na B3 e estruturado em 2004 pelo BNDES, com posterior auxílio da B3 e bancos privados. É um dos fundos nacionais de maior patrimônio – mais de R$ 1 bilhão no total – e apresenta alta liquidez.
- Taxa de administração: 0,059% ao ano
- Investimento mínimo: compra mínima de 10 cotas
IT Now IMAT Fundo de Índice (MATB11)
O MATB11 é um ETF que reflete a performance do índice de Materiais Básicos (IMAT). Em seu portfólio, conta com empresas do setor de papel e celulose, siderurgia e mineração, incluindo gigantes como Klabin, Suzano, Vale e Gerdau.
- Taxa de administração: 0,5% ao ano
- Investimento mínimo: a partir de 10 cotas
Safra Ibovespa Fundo de Índice (BOVS11)
Gerido e administrado pelo banco Safra, o BOVS11 segue o índice Ibovespa (Ibov), o mais importante da B3. Entre as empresas de commodities que integram a cesta de ativos do Ibovespa estão a Petrobras, Vale, Usiminas, Gerdau, Minerva, JBS, BRF, Braskem, Gerdau, entre outras.
- Taxa de administração: 0,25% ao ano
- Investimento mínimo: 10.000 cotas
Bradesco Ibovespa Fundo de Índice (BOVB11)
O Bradesco Ibovespa Fundo de Índice (BOVB11) é um ETF que também acompanha o desempenho do Ibovespa. Criado no fim de 2019, é gerido pelo Bradesco Asset Management.
Os papéis que compõem esse índice correspondem a cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do mercado brasileiro de capitais e incluem empresas ligadas ao setor de commodities.
- Taxa de administração: 0,2% ao ano
- Investimento mínimo: a partir de 50 mil cotas
It Now IGCT Fundo de Índice (GOVE11)
O It Now Fundo de Índice (GOVE11) é um ETF que reflete a performance – antes das taxas e despesas – do Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT). Criado em 2021, está atrelado às ações que compõem a carteira teórica do índice.
Gerido e administrado pelo Itaú, o GOVE11 replica o valor dos ativos de todas as empresas com governança corporativa diferenciada. São incluídos ativos das empresas litadas nos segmentos Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2 de governança corporativa. No índice estão empresas como JBS, Vale, Petrobras, JBS, B3, alguns gigantes financeiros e varejistas.
- Taxa de administração: 0,5% ao ano
- Investimento mínimo: a partir de 200 mil cotas
BTG Pactual B3 Ibovespa Fundo de Índice (IBOB11)
O ETF IBOB11 replica o índice Ibovespa e tem como objetivo medir a performance das ações de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. Gerido pelo BTG Pactual, adota como principal fator de seleção o Índice de Negociabilidade (IN) das ações.
- Taxa de administração: 0,03%
- Investimento mínimo: a partir de R$ 100
Trend ETF Ibovespa Fundo de Índice (BOVX11)
Administrado pelo banco BNP Paribas e gerido pela XP, o Trend ETF Ibovespa Fundo de Índice (BOVX11) é um ETF que também replica o desempenho da carteira teórica de ativos do índice Ibovespa.
Em julho do ano passado, a XP anunciou a zeragem da taxa de administração do fundo até atingir o patrimônio líquido de R$ 1 bilhão. Após esse período será cobrada uma taxa de administração de 0,15%.
- Taxa de administração: 0,00% ao ano
- Investimento mínimo: a partir de R$ 13
It Now Ibovespa Fundo de Índice (BOVV11)
Gerido pelo Itaú e criado em 2016, o IT Now Ibovespa Fundo de Índice é um ETF que segue o Ibovespa. É composto pelas mesmas empresas que fazem parte do Ibovespa. Entre elas estão a Vale, Petrobras, Weg, JBS, os grandes bancos, entre outras.
- Taxa de administração: 0,3% ao ano
- Investimento: a partir de 50.000 cotas
BB ETF Ibov Fundo de Índice (BBOV11)
Gerido pelo BB DTVM, o BB ETF Ibov Fundo de Índice (BBOV11) foi criado em 2020 e replica o Ibovespa, seguindo as mesmas características dos ETFs semelhantes disponíveis na Bolsa e que são atrelados ao seu índice principal.
- Taxa de administração: 0,18% ao ano
- Investimento mínimo: a partir de 50.000 cotas
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