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Bolsa
Mercado Financeiro

Especialistas apontam desafios da economia e apostas para os principais setores da Bolsa em 2022; confira

Inflação e taxa de juros em alta, crescimento estagnado da atividade econômica, eleições e riscos fiscais surtem impactos diferentes em setores como commodities, varejo e setor financeiro

Data de publicação:11/01/2022 às 00:30 -
Atualizado um ano atrás
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O ano começa com vários e grandes desafios a serem enfrentados pelo País e que devem afetar vários setores e empresas da Bolsa de Valores em 2022.

Inflação e taxa de juros em alta, crescimento estagnado da atividade econômica, riscos fiscais “herdados” do período anterior e as eleições presidenciais estão entre os principais fatores que vão mexer com o mercado financeiro neste ano, e empresas que compõem o Ibovespa, principal índice da B3, como o financeiro, commodities, elétrico e varejo.

Como será o ano de 2022 para os principais setores que compõem o Ibovespa? Confira!
Ano de 2022 será difícil para o varejo, um dos setores de grande peso no Ibovespa - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Segundo analistas, a corrida eleitoral promete ser influenciada pela forte polarização na disputa entre os candidatos e deve dar o tom sobre os movimentos do mercado. No campo fiscal, segundo Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, os investidores seguem de olho na definição do orçamento e do teto de gastos públicos de 2022.

“Esse assunto se destacou no final do ano passado em relação aos riscos fiscais e ao descontrole nas contas do governo, criando um clima de tensão principalmente na Bolsa e nos juros futuros”, ressaltou.

No cenário econômico, a inflação é um tema que guiará as discussões econômicas e os investimentos deste ano, na visão de Panonko, tendo em vista que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação do País, deve fechar em torno de 10%, e poderá ser o maior acumulado do ano desde 2015.

“De acordo com o Boletim Focus, o indicador deve registrar um aumento de preços acima da meta de 3,5% e muito próximo do limite superior de 5%”, enfatiza o analista em relação a projeções para este ano. Em relação à taxa de juros, o documento do BC já aponta um horizonte para a Selic acima dos 11% ao final de 2022 como a principal medida para conter a inflação.

Soma-se a isso ainda o ambiente internacional, que também vive um momento de avanço da inflação, decorrentes de problemas nas cadeias de suprimentos, escassez na indústria de chips e crise hídrica. “Tudo isso contribuiu para o aumento de preços de diversos produtos e serviços, como carros, eletrônicos, alimentos e energia elétrica”, aponta Panonko.

Uma nova onda da pandemia, com o surgimento da ômicron no ano passado, assusta os mercados, mesmo com o avanço da vacinação. O temor, de acordo com os especialistas, é que a disseminação da nova variante prejudique a retomada da atividade global.

O que esperar dos principais setores da Bolsa em 2022

O Ibovespa é composto por uma cesta de 93 ativos de setores que exercem grande peso no indicador, como os grandes bancos - juntos, os quatro respondem por cerca de 17% - as gigantes de commodities, como Vale e Petrobras, que, unidas, representam mais de 20% dos ativos do indicador – pelas empresas do setor elétrico e grandes varejistas.

O impacto dos fatores descritos acima difere em cada segmento, que é exposto mais ou menos à elevação da inflação, taxa de juros e do cenário internacional. Confira a seguir as sinalizações dos analistas e apostas para os principais setores da Bolsa em 2022 desses mercados.

Ano difícil para o varejo

Bastante penalizado com a alta da inflação no ano passado, o setor varejista deve enfrentar uma montanha de desafios em 2022. “A perspectiva não é boa, porque estamos diante de uma atividade econômica deteriorada, aumento da inflação e da taxa de juros. Além disso, o e-commerce é composto por empresas de crescimento, que sentem fortemente os efeitos do aumento da Selic”, explica Rodrigo Moliterno, especialista em Renda Variável da Veedha Investimentos.

Outro ponto levantado por Moliterno é a chegada de gigantes internacionais para apimentar a concorrência, como é o caso da Shopee. “A concorrência ganha outras dimensões com a chegada de empresas cada vez maiores como é o caso da Shopee, que chegou com produtos de menor valor, ticket médio mais baixo, o que deve pressionar a margem das demais companhias”.

Para o especialista, algumas empresas devem se consolidar com crescimento de demanda por produtos ou mostrar resiliência. No segundo caso, Moliterno destaca as varejistas do setor de vestuário e as de alimentos.

Vestuário e alimentos

No caso do mercado de vestuário, Moliterno aponta como apostas as companhias que estão investindo no segmento de moda de luxo ou no mercado lá fora, como é o caso do Grupo Soma.

“O Grupo Soma está investindo em omnicanalidade e levando a marca Farm para o exterior, buscando torná-la referência em moda brasileira lá fora”, diz o especialista. A Farm já tem presença em lojas de departamento nos Estados Unidos e em Paris.

Outro aspecto que reforça a aposta da Veedha no Soma é o forte movimento de fusões e aquisições feito pela companhia no ano passado, com a compra da Hering e, recentemente, da NV. “A marca online de Nati Vozza tem um ticket médio com valor maior e apresenta margens interessantes, com um crescimento na casa dos três dígitos no ano passado”. Na Bolsa, o Grupo atualmente vale cerca de R$ 11 bilhões.

Entre as empresas resilientes do varejo, Moliterno lista ainda nomes como a Arezzo – que também foca no público premium - e a Vivara, hoje líder no mercado de joias.

Sobre o varejo alimentar, a atacadista Assaí é o nome que se destaca, na visão do especialista da Veedha. “O atacarejo tem uma capacidade maior de repassar os aumentos da inflação. Além disso, a compra de alimentos é prioridade para o consumidor, em detrimento ao vestuário e eletroeletrônicos, em tempos de crise”.

Recentemente, o Assaí selou um acordo com o Grupo Pão de Açúcar (GPA) que dá direito à atacadista de explorar até 70 pontos comerciais do Extra Hipermercado localizado em vários locais do País. O valor da transação foi de R$ 3,97 bilhões.

E-commerce: o mar não está para peixe

No e-commerce, o especialista da Veedha chama a atenção, sob o ponto de vista negativo, para a empresas como Via, Magazine Luiza e Lojas Americanas. Em relação à primeira, as provisões para perdas com ações trabalhistas da empresa dobraram, segundo dados divulgados pela Via em novembro, passando de R$ 1,2 bilhão para quase R$ 2,5 bilhões. “A empresa espera compensar isso com crédito fiscal, mas de qualquer forma, isso deve prejudicar os bons números da companhia em 2022”.

Sobre o Magazine Luiza, que vem amargando perdas expressivas desde o ano passado – recuo acumulado de 71% em 2021 - a empresa tem tentado explorar outras fontes de receita por meio do SuperApp, aponta Moliterno. No entanto, não tem sido suficiente para reverter o cenário.

“É um mix de tudo negativo que apareceu pelo caminho e contribuiu para que as ações da empresa viessem ladeira abaixo”, pontuou Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, incluindo as condições macroeconômicas do País e a concorrência mais acirrada.

Em relação à Lojas Americanas alguns fatores devem ser analisados, como a previsão de listagem na bolsa americana, o aumento do fluxo de investimentos e boa governança corporativa, reforça o especialista da Veedha. “Isso tudo pode fazer com que as ações da companhia sejam negociadas com múltiplos mais esticados nos Estados Unidos do que no Brasil”.

Apostas em ações para o varejo em 2022

  • Grupo Soma/vestuário
  • Assaí/atacarejo

Grandes bancos devem continuar com bons resultados em 2022

De acordo com Panonko, da Toro Investimentos, os bancos já se mostraram bastante lucrativos em vários cenários econômicos, incluindo grandes crises. Moliterno, da Veedha, complementa que os gigantes financeiros acabam sendo beneficiados pela taxa de juros alta por conta do spread bancário.

Ao mesmo tempo, Moliterno aponta o aumento da concorrência com as fintechs, movimento que acaba pressionando as margens dos grandes bancos. “O cenário mudou bastante. Os grandes bancos hoje perdem um pouco de participação por conta do avanço dos bancos digitais”.

No entanto, os juros elevados são menos nocivos para os gigantes do que para as fintechs. “Empresas como o Inter, por exemplo, são de crescimento. A alta da taxa de juros pressiona o custo de capital, o que acaba refletindo no seu valuation”, avalia.

Banco do Brasil tem as ações mais descontadas entre seus pares

Entre as apostas de Panonko para 2022 estão o Banco do Brasil e o BTG Pactual. “As ações do Banco do Brasil se encontram bastante descontadas. Negociam abaixo de 1x o seu valor patrimonial por ação e tem o indicador P/L (Preço sobre Lucro por ação) muito abaixo dos seus pares”.

Além de se destacar com uma forte base de clientes, o banco segue focado na diminuição das despesas administrativas, principalmente com pessoal, afirma o analista da Toro. Além disso, em 12 meses fechou 765 agências físicas.

“Se mantida a estratégia adotada atualmente, o dividend yield deve acompanhar a taxa Selic, o que transforma as ações do banco em um bom investimento também para aqueles que buscam ganhos com proventos”, aponta Panonko.

BTG Pactual está preparado para a transformação digital

Segundo dados da Toro, o BTG Pactual vem reportando resultados consistentes em suas principais unidades de negócios.

“Atualmente, as áreas mais relevantes são Sales and Trading, que representam aproximadamente 33% da receita, seguida por Investment Banking, que corresponde à 18%, Coporate & SME Lending, com 17%, e Wealth Management e Asset Management, com 10% e 7%, respectivamente”, descreve Panonko.

De acordo com o analista-chefe da casa de análises, com essas linhas de negócios e a entrada no segmento de varejo, o BTG consegue mostrar uma rentabilidade semelhante à dos grandes bancos, mas com potencial de crescimento dos bancos digitais.

“O BTG se mostra como um bom candidato para surfar a tendência de financial deepening no Brasil, ou seja, o aumento da inserção dos investidores para serviços mais sofisticados, como o segmento de Asset Management e Wealth Management, que abrem espaço para o crescimento de áreas que são de sua expertise”, avalia Panonko.

Outros aspectos apontados pelo analista-chefe da Toro são o fato de que o BTG está preparado para a transformação digital e o segmento de varejo pode destravar valor para a companhia. “A entrada do banco nesse setor cria um grande potencial de cross-selling para as unidades de Asset Management, Wealth Management e Corporate Lending”.

As apostas dos analistas para ações de bancos em 2022

  • Banco do Brasil
  • BTG Pactual

Setor elétrico: transmissoras em destaque

Assim como no ano passado, as transmissoras devem ser o grande destaque em desempenho no setor elétrico em 2022. Segundo especialistas, são empresas que não dependem do andamento da economia, somente da disponibilidade da linha de transmissão, e por isso contam com uma dinâmica mais tranquila.

Entre as apostas da Toro está a Isa Cteep, que tem como ponto alto seu foco a atuação na região Sudeste, “onde existe maior desenvolvimento econômico e contratos de transmissão que a remuneram de forma mais atrativa”.

De acordo com o analista da Toro, outro ponto de resiliência para as empresas atuantes no setor de transmissão é a forma como recebem sua remuneração, via RAP (Receita Anual Permitida). “A parcela da receita que as transmissoras recebem é vinculada à sua disponibilidade de serviço e não pelo quanto de energia elétrica transmitem”.

Vale destacar que a ISA Cteep é a segunda maior empresa em termos de Receita Anual Permitida no Brasil. Além disso, se destaca na distribuição de dividendos, considerada elevada, e apresenta uma boa governança corporativa, segundo Panonko.

Commodities: petróleo deve se manter resiliente

Segundo os especialistas, o ano de 2022 deve ser positivo para as ações de empresas ligadas ao setor de commodities. Em relação ao petróleo, os bons ventos são motivados pela elevação da demanda de produção da commodity pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), de 99,13 milhões de barris por dia (bpd) no primeiro trimestre deste ano, o que corresponde a 1,11 milhão acima de sua previsão anterior.

Essa resiliência do petróleo deve beneficiar a geração de caixa da Petrobras, de acordo com Moliterno, da Veedha. Além disso, apesar do risco de intervenção política, segundo ele, a governança da empresa é sólida, a política de desinvestimentos segue a todo vapor e a companhia está focada no pré-sal, atividade na qual tem maior rentabilidade.

“O novo plano estratégico da Petrobras para os próximos anos está focado nas estratégias ESG e o investidor está de olho nisso”, aponta.

Nesse segmento, as small caps também podme ser uma boa pedida para investimentos, na visão da Toro. “Algumas já se mostraram capazes de serem lucrativas em diversos momentos, assim como apresentar capacidade de inovação”, diz Panonko.

O analista destaca a 3R Petroleum, que atua na operação e produção de petróleo e gás em campos maduros, o que minimiza o risco exploratório em campos offshore e onshore.

Além disso, possui um histórico consolidado em M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês), o que pode contribuir para a maior geração de valor aos acionistas, e conta com elevados níveis de governança corporativa, o que aumenta a sua competitividade.

“Ao longo dos últimos trimestres, a empresa apresentou forte crescimento operacional, fruto da retomada das atividades econômicas no Brasil e no mundo, assim como a elevação dos preços do barril de petróleo tipo Brent, que possibilitaram maiores níveis de receita no período”, destaca.

Apostas/ações do setor petrolífero para 2022

  • Petrobras
  • 3R Petroleum

Siderurgia deve se beneficiar do plano de infraestrutura do governo americano

Na visão dos analistas da Toro, o setor de siderurgia deve se beneficiar dos estímulos fiscais propostos pelas maiores economias mundiais, como é o caso do pacote de infraestrutura de US$ 1,75 trilhão do governo Joe Biden.

Nesse sentido, a Gerdau ganha relevância, pois, além de ser uma das maiores fornecedoras de aços especiais no mundo, atua como fornecedora do setor de construção civil americano.

“Observamos uma perspectiva favorável para o crescimento da demanda por aço, que é um dos principais insumos para o setor, ocasionando a elevação no preço da commodity e, consequentemente, aumentando as margens e a geração de caixa das empresas que produzem tais materiais, como a Gerdau”, aponta o analista da Toro.

Mineração: preço do minério de ferro em equilíbrio em 2022

Para Rodrigo Moliterno, da Veedha, o ano de 2022 será um período de maior equilíbrio para o preço do minério de ferro, que, entre altas e baixas, chegou a bater US$ 200/tonelada. “Será um ano parecido com o de 2019, apesar da alta da inflação e dos gargalos na oferta”.

Considerada top picking do setor para diversas casas de análise, a Vale tem como pontos altos sua presença global em mais de 30 países, o que ajuda a reduzir o risco geográfico.

A empresa também possui outras vantagens competitivas relevantes, de acordo com a Toro, como maior pureza do minério extraído, preço mais elevado no mercado internacional e recente diminuição da sua alavancagem.

Além disso, soma-se ao pacote a geração de caixa robusta nos últimos trimestres, o que possibilitou à mineradora pagar dividendos históricos no ano passado – R$ 8,10 por ação.

“O programa de recompra de ações em curso é uma sinalização importante que demonstra confiança na gestão e no potencial da empresa”, conclui Panonko.

Sobre o autor
Julia Zillig
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