Dados do IPCA de dezembro aqui e da inflação nos EUA estão na mira do mercado nesta semana
Alta dos preços preocupa porque é pressão para o aumento dos juros, que impacta as bolsas
O mercado financeiro abre a segunda semana do ano nesta segunda-feira, 10, ainda sob impacto do alerta dado, semana passada, pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), por meio da ata de sua última reunião, de que acelerará o passo de ajuste das taxas de juro ao longo deste ano.
No compasso de espera e expectativas com o rumo da política monetária americana, o principal foco de investidores e gestores será a inflação de dezembro, que, por tabela, arredondará o número final da inflação oficial de 2021 acumulada pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O dado será divulgado pelo IBGE amanhã, 11.
A expectativa com o IPCA é grande, mas o clima nos mercados neste início de semana, de acordo com especialistas, deve continuar sendo de cautela. Analistas e gestores afirmam que o mercado financeiro deve ser pautado pelo comportamento das commodities no exterior. Como na semana passada, quando sob o impacto das novidades do Fed, o vaivém do minério de ferro e petróleo ditou o rumo do mercado de ações.
A valorização das duas commodities deu certo suporte e garantiu o fechamento positivo dos dois últimos pregões da Bolsa de Valores, a B3, embora não tenha evitado o fechamento da semana com queda acumulada de 2,00%.
Mercado prevê como possível alta maior da Selic
A combinação do ritmo de inflação doméstica com a possível tendência dos juros americanos é vista como um fator decisivo para a gestão da política monetária pelo Banco Central. Uma perspectiva de elevação mais agressiva dos juros americanos poderia exigir uma Selic mais alta que a prevista no momento, de acordo com alguns analistas.
A recalibragem seria necessária para evitar que juros mais altos nos EUA atraiam capitais de outros mercados, incluído a bolsa brasileira, para os títulos do Tesouro americano de dez anos, os Treasuries, cujo yield ou rendimento encostou em 1,70% ao ano semana passada.
O juro dos Fed funds, taxa de curto prazo semelhante à Selic, que o Fed deverá começar a subir oscila no intervalo entre 0% e 0,25%, mas a expectativa de parte dos analistas é que, com os reajustes previstos, poderá chegar a 1% ao ano no fim de 2022. Uma possibilidade que cada vez mais poderá ser um fator de instabilidade no mercado financeiro.
Inflação nos Estados Unidos
Ao longo desta semana serão divulgados novos dados sobre atividade e inflação nos EUA que poderão mexer com os ânimos do mercado financeiro. Na quarta-feira será conhecido índice de preços ao consumidor de dezembro. Número que indicará quanto foi a inflação acumulada em 2021, que vem passando por seguidas altas, e poderá reforçar a ideia de um aperto mais severo na política monetária americana.
Desemprego na zona do euro
A taxa de desemprego da zona do euro caiu de 7,3% em outubro de 2021 para 7,2% em novembro, segundo dados com ajustes sazonais divulgados nesta segunda-feira pela agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.
A Eurostat estima que havia 11,829 milhões de desempregados na zona do euro em novembro. Em relação a outubro, o número de pessoas sem emprego na região teve queda de 222 mil.
Bolsas da Ásia fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta segunda-feira, com investidores à espera de novos dados da inflação dos EUA que podem ser determinantes para a trajetória dos juros básicos americanos.
Em Hong Kong, destaque para a ação da incorporadora chinesa Shimao Group, que saltou mais de 19% após notícia de que a empresa está tentando vender projetos imobiliários num momento de dificuldades financeiras. Na semana passada, uma subsidiária da Shimao falhou no pagamento de um empréstimo fiduciário.
- Hang Seng (Hong Kong): alta de 1,08%
- Xangai Composto (China continental): alta de 0,39%
- Shenzhen Composto (China continental): alta de 0,59
- Taiex (Tawian): alta de 0,38%
- Kospi (Coréia do Sul): queda de 0,95%