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As 10 BDRs que mais entregaram retorno em 2021. Somente uma big tech está entre elas. Saiba mais
Renda Variável

As big techs mais famosas não estão entre os BDRs mais rentáveis em 2021; apenas uma faz parte da lista

Entre os recibos mais rentáveis estão montadoras, varejo, petroleiras, fundos imobiliários, entre outros

Data de publicação:24/01/2022 às 00:30 -
Atualizado 2 anos atrás
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Embora sejam as queridinhas dos investidores brasileiros e de maior liquidez quando o assunto são ativos internacionais, as big techs como Amazon, Apple, Microsoft e Meta, não marcam presença entre os 10 BDRs (Brazilian Depositary Receipts) mais rentáveis em 2021. Isso é o que mostra levantamento exclusivo feito pela Mais Retorno, com base em seu banco de dados, que levou em conta um universo de 284 ativos.

Entre as dez maiores altas, apenas a Alphabet (GOGL34), controladora do Google está presente nesse ranking, na 10ª posição, com rentabilidade de 79,50%.

As 10 BDRs que mais entregaram retorno em 2021. Somente uma big tech está entre elas. Saiba mais
Das big techs, somente a Alphabet, dona do Google está entre os 10 BDRs mais líquidas de 2021 - Foto: Flickr

Para João Vitor Freitas, analista de investimentos da Toro, a dona do Google foi resiliente à mudança da política de privacidade do iOS, sistema operacional da Apple. Outro ponto foi o fortalecimento dos anúncios digitais.

“Com a economia reaquecendo, o volume de anúncios no ambiente digital aumentou e passou a ser a principal estratégia de muitas empresas. Esse é um caminho sem volta que beneficia a Alphabet”.

João Vitor Ferreira, da Toro Investimentos

Outro aspecto apontado por Freitas é a expansão do serviço de computação em nuvem. “Até então, esse segmento era dominado por outras companhias. O que acontece é que as empresas estão começando a pluralizar o número de provedores para não concentrar suas informações em um único canal, o que abriu espaço para a Alphabet”.

Segundo analistas, as ações da empresa subiram 68%, segundo dados da plataforma Google Finance - a maior entre as big techs, seguida pela Microsoft, com 51% - em 2021 e seu valor de mercado chegou perto de US$ 2 trilhões.

No terceiro trimestre de 2021, a empresa-mãe do Google lucrou US$ 18,9 bilhões, valor recorde pelo quinto trimestre consecutivo. Sua receita no período atingiu US$ 65,1 bilhões, um aumento de 41% no ano pós ano. Desse montante, somente os ganhos com publicidade foram de US$ 53,1 bilhões.

10 BDRs mais rentáveis de 2021

Empresa TickerSetor PaísRetorno em 2021
FordFDMO34Indústria automobilísticaEUA145,79%
NvidiaNVDC34TecnologiaEUA 142,33%
Macy'sMACY34VarejoEUA 141,73%
Credit AcceptanceCRDA34Financeiro EUA 117,75%
Simon Property GroupSIMN34Imobiliário EUA 110,49%
CoconoPhilipsCOPH34PetróleoEUA 98,96%
AutoZoneAZOI34Varejo EUA 90,13%
The Mosaic CompanyMOSC34Agronegócio EUA 89,67%
Intuit IncINTU34Tecnologia EUA 84,89%
AlphabetGOGL34 Tecnologia EUA 79,50%
Fonte: Mais Retorno

Gigantes de diversos segmentos estão entre os campeões

Além da ausência das big techs mais populares, outro ponto que chama a atenção é a diversificação das empresas presentes nas primeiras colocações, que pertencem a vários setores, desde a indústria automobilística e automotiva, varejo, financeiro, imobiliário, ente outros.

Uma das grandes surpresas foi a presença da Ford no topo da lista. Em seguida, vem a gigante do varejo Macy’s (MACY34), e a Nvidia (NVDC34), entre outras. Considerando uma amostragem dos 20 BDRs de maior rendimento, apenas três empresas não são americanas, como a holandesa ASML, a irlandesa Accenture e a argentina Ternium.

Para Igor Cavaca, gestor da Warren Asset, vários fatores influenciaram no destaque desses ativos, que tem como base a retomada rápida da economia americana após o período de pandemia em 2020.

Ao longo de 2021, o governo americano injetou dinheiro na economia, investiu em planos de recuperação fiscal e de infraestrutura, além da adoção de auxílio pandemia. Tudo isso aqueceu o consumo do país e beneficiou o crescimento das companhias.

Esses fatores fizeram com que os principais índices das bolsas de Nova York registrassem recordes históricos, como o S&P 500 e Nasdaq 100 subindo cerca de 27% em 2021.

Em relação à gigante varejista Macy’s, além do ambiente econômico, iniciativas adotadas que enxugaram seus custos fizeram a diferença na retomada das vendas, após o período crítico de lockdown em 2020.

“Com a economia girando de novo, as vendas aumentaram e a estrutura mais enxuta de custos refletiu positivamente na varejista americana. Junta-se a isso ainda a melhoria da integração de seus diversos canais de venda”, aponta o analista da Toro.

BDR da Ford foi campeão com veículos elétricos

A atenção dos investidores ao mercado de veículos elétricos deixou de ser uma postura especulativa no mercado financeiro para se tornar estratégia com foco no longo prazo. Com a Tesla (TSLA34) ganhando notoriedade, cada vez mais empresas automobilísticas decidem apostar nesse caminho.

Movida por investimentos nesse segmento, a Ford (FDMO34) ocupa o topo de BDRs mais rentáveis de 2021, com retorno de 145,79% no período.

Após investir na montadora Rivian, também de carros elétricos, a montadora americana decidiu apostar em sua própria produção e promete investir mais de US$ 30 bilhões em carros movidos à eletricidade até 2030.

“A Ford sempre foi vista como a empresa que menos investe em tecnologia em relação à concorrência. No entanto, fez vários movimentos importantes, como a reestruturação de suas operações, alteração na gestão e aposta no segmento de veículos elétricos, o que permite que ela possa sobreviver mais tempo após ficar muito apagada no mercado”.

Igor Cavaca, da Warren Asset

A Tesla, por sua vez, ocupa a 34ª posição, com retorno de 64,99%. A montadora entregou ao mercado mundial cerca de 1 milhão de carros elétricos e hoje domina a praça chinesa. Para o especialista da Warren, ainda não está claro se a montadora conseguirá atender a demanda do mercado, que seguem em trajetória ascendente.

“A empresa de Elon Musk cresceu muito em 2020, assim como suas ações. Mas em 2021, a velocidade desse avanço foi menor e a companhia está voltando a se recuperar agora”, complementa.

Brasileiras estão entre os piores BDRs de 2021

No levantamento da Mais Retorno que incluiu 228 BDRs, as empresas brasileiras listadas nas bolsas americanas estão no fim da fila, com as menores entregas de retorno aos acionistas. Entre eles estão a fintech Nubank e as empresas de meio de pagamentos PagSeguro e Stone.

Freitas, da Toro, aponta para o fato de que nem todas as empresas estiveram listadas no mercado financeiro dos Estados Unidos em todo o período – como é o caso da Nubank, que fez seu IPO no fim de 2021 – o que pode ter comprometido os resultados.

Pesa ainda o fato de que o banco digital estreou em Wall Street com um valuation elevado, o que, na visão do analista da Toro, demonstra que o mercado tinha uma alta expectativa sobre o desempenho do banco.

“O valuation elevado precificou uma possível perfeição da execução da empresa nos próximos anos. O aumento do fluxo de caixa não acontece agora para o Nubank”, aponta Freitas.

Em relação à PagSeguro e Stone, que estrearam nos Estados Unidos em 2018, uma verdadeira "tempestade perfeita" atingiu o setor de adquirência e pagamento no ano, além da perspectiva do fim das maquininhas e cartões físicos em um futuro não tão longínquo.

“A PagSeguro e a Stone são mais focadas no mercado latino-americano. Além disso, atuam em um setor com muita concorrência e com empresas gigantes detendo maior market share. A tecnologia é igual para todo o mercado e fica difícil buscar a diferenciação, o que acaba alimentando uma guerra de preços”, diz Cavaca. Somente os papéis da Stone acumularam perda de 79,9% em 2021.

Conheça um pouco mais sobre as empresas internacionais

As 10 BDRs que mais entregaram retorno em 2021. Somente uma big tech está entre elas. Saiba mais
Foto: Creative Commons

Ford (FDMO34)

Fundada por Henry Ford em 1903, a montadora Ford é a segunda maior fabricante de automóveis norte-americana – ficando atrás somente da General Motors. No Brasil, a empresa ficou conhecida por modelos que fizeram história, como o Ford Del Rey, Fiesta, pick F-1000, entre outros.

Enfrentando dificuldades financeiras, que se acentuaram com a pandemia, a montadora decidiu encerrar a operação de suas fábricas no Brasil, passando a atuar no segmento premium.

A saída do Brasil integrou um grande plano de reestruturação da companhia, que incluiu mudanças na gestão, investimentos em novos negócios – como na montadora Rivian – e aposta no mercado de carros elétricos, mirando o futuro.

As 10 BDRs que mais entregaram retorno em 2021. Somente uma big tech está entre elas. Saiba mais
Foto: Reprodução

Nvidia (NVDC34)

Fabricante de chips de alto desempenho, a Nvidia registrou um crescimento médio de receita de 57% nos últimos oito trimestres, o que ajudou a empresa a fazer parte do top 10 das empresas mais valiosas do S&P 500.

Recentemente, a empresa tem investido fortemente no segmento de carros elétricos, ao fechar novos negócios com fabricantes chineses que buscam usar sua tecnologia para atrair clientes da Tesla.

As 10 BDRs que mais entregaram retorno em 2021. Somente uma big tech está entre elas. Saiba mais
Foto: Reprodução

Macy’s (MACY34)

Considerada uma das maiores redes de lojas de departamento nos Estados Unidos, a Macy’s está no mercado desde 1858 e uma de suas lojas ocupa um quarteirão inteiro em Nova York.

Em 2020, antes da pandemia, a varejista colocou em prática um plano com duração de três anos que envolve o fechamento de um quinto de suas lojas – ou seja 125 pontos de venda. A estratégia faz parte de seu plano de otimização de lojas e aposta em seu ecossistema de varejo omnichannel.

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Foto: Reprodução

Credit Acceptance (CRDA34)

A Credit Acceptance Corporation atua no mercado de serviços financeiros para compra de automóveis, por meio de uma rede nacional de revendedores parceiros.

Listada na Nasdaq, a empresa divulga o seu balanço referente ao quarto trimestre de 2021 no próximo dia 7 e a aposta dos analistas é que a Credit Acceptance anuncie um lucro de US$ 12,72 por ação. Durante o mesmo período de 2020, a financeira registrou ganhos de US$ 9,43 por ação, o que sugere uma taxa de crescimento anual de 34,9%.

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Foto: Reprodução

Simon Property Group (SIMN34)

O Simon Property Group é um fundo de investimento imobiliário americano que investe em shoppings classe A, outlets de lojas premium, bem como propriedades de varejo de luxo. É considerada a maior proprietária de shoppings nos Estados Unidos.

Em 2020, o SPG adquiriu a Taubman, que também possuía um portfólio significativo de shopping centers no país. Segundo analistas, atualmente o fundo sofre com as condições macroeconômicas, ao mesmo tempo em que emite título de dívida – no início do mês, a empresa anunciou uma oferta de US$ 1,2 bilhão em notas seniores. Na visão deles, isso abre a possibilidade de adquirir um ativo de qualidade com desconto.

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Foto: Reprodução

ConocoPhillips (COPH34)

Sediada em Houston, no Texas, a ConocoPhilips é uma multinacional norte-americana que trabalha com energia, incluindo exploração de petróleo, gás natural, produção e transporte de produtos químicos, entre outros.

É considerada a maior empresa exploradora e produtora do mundo e marca presença no ranking anual da Fortune Global 500. No ano passado, a petroleira aumentou a produção, mantendo um plano de despesas de capital mais baixo para gerar retornos superiores.

Com os altos preços do petróleo nas últimas semanas, a empresa decidiu mudar a estratégia, apesar da volatilidade do mercado por conta da pandemia e ambiente de demanda incerto. A sua estratégia agressiva levou algumas casas de análise a recomendar a compra de ativos da companhia.

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Foto: Reprodução

AutoZone (AZOI34)

Fundada em 1979, a AutoZone Inc. hoje ocupa a posição de maior rede de varejo automotivo dos Estados Unidos. Atualmente, possui quase 6.600 lojas – sendo 90% em funcionamento no país – além de 635 pontos de venda no México e 49 no Brasil.

Em 2021, as ações da varejista saltaram 77%, segundo dados da S&P Global Market Intelligence. Segundo os especialistas, a empresa se beneficiou da retomada econômica americana e, em particular, dos altos preços dos veículos novos e usados, tendência que está incentivando os consumidores a prolongar a vida útil de seus veículos já existentes.

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Foto: Reprodução

The Mosaic Company (MOSC34)

Conhecida como Mosaic, a The Mosaic Company é considerada uma das maiores empresas em produção e comercialização de fosfato e potássio combinados. Além disso, atua na mineração, produção, importação, comercialização e distribuição de fertilizantes para aplicação em diversas culturas agrícolas.

A multinacional americana marca presença no Brasil, está presente em mais de 10 estados e nos principais mercados do agronegócio. Em novembro do ano passado, o Cade aprovou o acordo de indenização e transferência da área de amônia no Tiplam da empresa Ultrafértil para a Mosaic.

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Foto: Reprodução

Intuit Inc. (INTU34)

Especializada em software financeiro, a Intuit está sediada na Califórnia, Estados Unidos. A partir de 2019, mais de 95% de suas receitas são geradas de suas atividades no país. Entre seus produtos estão o aplicativo de impostos TurboTax, o aplicativo de finanças pessoais Mint e o programa de contabilidade para pequenas empresas QuickBooks.

Em 2021, os papéis da companhia acumularam alta de 69%, beneficiados pelo ritmo acelerado de criação de novas pequenas empresas em território americano.

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Alphabet (GOGL34)

Dona do Google, a empresa americana Alphabet liderou o desempenho das FAANGs (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) em 2021, com alta de mais de quase 80% em suas ações.

A empresa mostrou resiliência, já que esse desempenho foi obtido em um ambiente no qual muitas empresas enfrentaram rupturas na cadeia de fornecimento, escassez de mão de obra e escalada dos custos materiais.

A Alphabet, que gera a maior parte da sua receita a partir da operação de publicidade do Google, assistiu a uma retomada acentuada nas vendas, com a preferência dos consumidores por fazer compras online durante a pandemia.

Em seu anúncio de resultados do terceiro trimestre em outubro, a Alphabet registrou um salto de 43% na receita de publicidade e um aumento semelhante nas vendas de anúncios do YouTube.

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Sobre o autor
Julia Zillig
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