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Stone, fintech brasileira de máquinas de pagamento, já despencou 80% no ano e é processada por investidores

Empresa enfrenta acusação de informações enganosas em seus balanços trimestrais

Data de publicação:25/11/2021 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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A fintech brasileira Stone, empresa conhecida pelas suas maquininhas verdes de pagamento, enfrenta um período desastroso com suas ações, que são listadas na Nasdaq, principal bolsa de tecnologia de Nova York. Os papéis da companhia já caíram cerca de 80% só em 2021, sendo negociados a US$ 17,28 no pregão desta quarta-feira, 24, reflexo de uma série de más notícias, principalmente no campo de concessão de crédito.

Tendo como pano de fundo essa queda acentuada, o escritório de advocacia Bragar Eagel & Squire, especializado em direitos do acionista, deu início a uma ação coletiva contra a Stone em nome do investidor Ronald Ray. No processo, o escritório afirma que a fintech, que está sendo acusada de fraude, não forneceu as informações adequadas sobre as dificuldades na reestruturação do seu produto de crédito.

Foto: Germano Luders stone
Maquininha da Stone Pagamentos | Foto: Germano Luders

A ação foi movida após a divulgação do balanço corporativo do terceiro trimestre da Stone, onde a empresa reporta um lucro líquido de R$ 132,7 milhões, o que representa uma queda de 54% na comparação anual.

No relatório, entre os pontos que levaram a este resultado, pesa o fato de a fintech não ter registrado receitas com crédito no trimestre encerrado em setembro. Em 2021, a companhia passou a enfrentar problemas com a concessão de crédito, que a levaram a uma trava para novos empréstimos no segundo trimestre, em busca de uma reestruturação. Ainda não há previsão, no entanto, para a retomada das concessões.

De acordo com o site Brazil Journal, a raiz do problema de crédito é "a dificuldade da empresa em navegar por um novo cenário em que as três centrais de recebíveis que deveriam conversar entre si simplesmente não conversam, levando a problemas na execução de garantias, um provisionamento que já chega a 40% da carteira de crédito de R$ 2 bilhões e a suspensão de novas concessões".

Os advogados da Bragar Eagel & Squire destacam que, ao apresentar seus resultados financeiros do segundo trimestre deste ano, relatando uma redução de 8,1% ano a ano, a Stone afirmou que havia "implementado algumas ações prudentes, como interromper temporariamente o desembolso de crédito e aumentar a cobertura para potenciais perdas futuras, o que impactou os resultados reportados no trimestre".

Para o escritório "as declarações positivas dos réus sobre os negócios, operações e perspectivas da empresa eram materialmente enganosas e/ou careciam de uma base razoável", uma vez que os problemas com crédito ainda não foram solucionados, impactando nos resultados do segundo trimestre consecutivo.

PAX Global Technology

Simultaneamente aos problemas com crédito, outra questão que assombra a Stone foi apontada pelo escritório de advocacia na ação movida contra a companhia. Para os advogados, a fintech brasileira enfrentou riscos significativos ao manter negócios com a PAX Global Technology, empresa fornecedora de pontos de venda (POS) que vem sendo investigada pelo FBI pelo suposto vazamento de dados para chineses.

"Em 26 de outubro de 2021, os escritórios da PAX na Flórida foram invadidos pelo FBI, pelo Departamento de Segurança Interna e por várias outras agências como parte de uma investigação federal. Como um relatório da Viceroy Research em 27 de outubro de 2021 apontou, a Stone afirma que a PAX não é mais seu único fornecedor de dispositivos POS, mas a Empresa ainda depende substancialmente dele para fabricar e montar uma quantidade importante de seus dispositivos", destaca o processo.

No dia seguinte à notícia, a Stone já começou a sentir os impactos em suas ações. No pregão de 27 de outubro, os papéis da empresa de pagamentos caíram mais de 7% em relação ao dia anterior.

Balanço trimestral da Stone

De acordo com análise desenvolvida pelo BTG Pactual, foram poucos os pontos positivos apresentados pela fintech em seu balanço trimestral: o volume total de pagamentos, que reportou avanço de 7,6% na comparação anual, chegando a R$ 75 bilhões, e os 290 mil usuários que chegaram à companhia.

Entretanto, com a receita afetada pela questão dos créditos e as maiores despesas financeiras da empresa no trimestre, o impacto da divulgação dos resultados para o mercado foi muito mais negativo do que positivo. Os investimentos em expansão foram um dos principais fatores que pressionaram as despesas da Stone entre julho e setembro de 2021.

A aquisição da Linx, empresa brasileira especialista em tecnologia para varejo, foi consolidada no balanço deste trimestre, o que, segundo análise do Bradesco BBI, levou a um considerável aumento com gastos operacionais, como a contratação de pessoal, investimentos em tecnologia e marketing, por exemplo.

O banco revisou suas projeções de lucro acumulado da Stone em 2022, passando de R$ 1,77 bilhão para R$ 745 milhões. Assim, o preço-alvo por ação da companhia também caiu, de US$ 49 para US$ 17.

Além da compra da Linx, também pesou no balanço a parceria que a fintech firmou com o Banco Inter, se comprometendo a investir R$ 2,5 bilhões na instituição a fim de adquirir 5% da empresa. Especialistas explicam que os "efeitos contábeis" da parceria sobre os resultados da Stone só foram lançados no último balanço.

Com base em todas essas questões e considerando, ainda, o atual cenário macroeconômico brasileiro, de alta na taxa de juros - o que diminui o consumo e o crescimento econômico no Brasil, além de dificultar a tomada de crédito para quitação de dívidas - as expectativas para a Stone não são nada boas. "Considerando tudo, nós provavelmente precisaremos revisar em muito as nossas estimativas (provavelmente em mais de 30%)", afirma o BTG Pactual.

Sobre o autor
Bruna Miato
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