Com novos produtos, mercado de BDRs ganha espaço entre os investidores que estão de olho no exterior
Número de investidores com BDRs na carteira saltou de 121,9 mil, no ano passado, para 264 mil até agosto deste ano
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) estão ganhando cada vez mais espaço na B3. Nesta segunda-feira, 4, o pregão passou a contar com BDRs da XP, atrelados às ações da corretora listada na Nasdaq, nos Estados Unidos.
Negociados na Bolsa com o ticker XPBR31, os BDRs iniciaram o dia operando no positivo. Chegaram a subir mais de 2%, porém ao longo das horas viraram o sinal e fechou o pregão queda de 2,65% e preço-alvo de R$ 219,44.
Com a saída do banco Itaú do capital social da XP, cerca de 500 mil acionistas da instituição financeira passarão a deter os BDRs da XP.
Na semana passada, a BlackRock também anunciou novos BDRs na Bolsa. Ao todo foram cinco recibos atrelados a ETFs, voltados para investidores qualificados – que tenham pelo meneos R$ 1 milhão em capital investido.
Entre os produtos estão BDRs lastreados em mercados como os de semicondutores e ao ESG (Environmental, Social and Governance, em inglês).
Um deles é o BRD lastreado ao fundo iShares Semiconductor ET, ligado ao setor de semicondutores. Atualmente, o mundo vive um cenário de escassez dos componentes, o que afeta indústrias de vários setores, desde a indústria automobilística até os fabricantes de aparelhos eletrônicos.
Já o BDR do fundo ESG iShares MSCI USA ESG Select ETF está atrelado ao desempenho de um índice que conta com empresas norte-americanas que se destacam por suas boas práticas ambientais, sociais e de governança.
Outros lançamentos
Na segunda semana de setembro, 13 novos BDRs passaram a operar na Bolsa, atrelados a ETFs. Entre eles, chamou a atenção a forte presença de BDRs com lastro em setores como saúde, energia limpa, cloud computing e cybersegurança, temas que ainda não são recorrentes na Bolsa brasileira. Entre os 17, 13 são atrelados a fundos geridos pela empresa americana First Trust.
Mercado em expansão
Segundo dados da B3, a Bolsa detém hoje cerca de 700 BDRs atrelados a diversos ativos. Assim como cresce o leque de opções em BDRs, o interesse dos investidores segue no mesmo ritmo – desde o pequeno até o qualificado.
De acordo com informações da Bolsa, o número de investidores com BDRs na carteira saltou de 121,9 mil, no ano passado, para 264 mil no acumulado do ano até agosto.
Em termos de volume financeiro, a expansão também é evidente. Em 2020, o volume financeiro de emissões somava R$ 10,2 bilhões. Atualmente, está em R$ 15,9 bilhões.
Esse salto se deu com a autorização da Bolsa, em outubro do ano passado, para os pequenos investidores em ter acesso as aplicações em empresas estrangeiras por meio dos BDRs.
Em junho deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou que pretende promover ajustes adicionais nas normas dos BDRs após essa flexibilização.
A ideia é rever as exigências em relação a emissores estrangeiros que tenham a maior parte dos ativos e receitas no exterior.
O que são os BDRs?
Os BDRs são recibos que permitem aos investidores acessarem ativos de empresas estrangeiras sem precisar recorrer ao mercado internacional.
Eles podem ser lastreados em diversos tipos de ativos, desde vários tipos de fundos, incluindo os de índice – os chamados ETFs (Exchange Traded Funds) – e ações de grandes empresas de diversos setores.
Ainda que o investidor não esteja comprando aqueles papéis diretamente, ele investe na posse por meio de certificados que estão garantidos por instituições financeiras, chamadas de custodiantes. No Brasil, essa ponte é feita por diversas instituições financeiras, responsáveis por emitir os BDRs no País.
Com boa parte dos papéis concentrados em empresas norte-americanas, os BDRs possuem um nível de governança superior, além de estarem expostos aos mercados mais pujantes do mundo.
Riscos
Por serem atrelados ao mercado de renda variável, os investimentos em BDR não estão livre de exposição ao risco. Aplicações deste tipo estão sujeitas à volatilidade.
Os preços dos títulos se movem de acordo com as oscilações da economia global e do país no qual a empresa ou o fundo está sediado.
A oscilação do mercado também pode ter reflexos negativos no câmbio. Ou seja, em caso de desvalorização do dólar frente ao real, reduz a rentabilidade do BDR.
Os BDRs mais conhecidos
No imenso universo de BDRs existentes na Bolsa, alguns são bastante conhecidos no mercado, principalmente os ligados às big techs. Entre eles estão certificados da Tesla (TSLA34), Netflix (NFLX34), Alphabet (GOGL34 e GOGL35). Amazon (AMZO34), entre outros.
Mas também despertam o interesse dos investidores os BDRs de empresas como as farmacêuticas, que ganharam mais destaque por conta do desenvolvimento das vacinas contra a covid-19, como é o caso da Pfizer (PFIZ34), AstraZeneca (A1ZN34), Merck (MRCK34), Moderna (M1RN34) e Biotech (B1NT34)
Outras gigantes completam a lista, como Alibaba (BABA34), Walt Disney (DISB34), Credit Suisse (C1SU34), Morgan Stanley (MSBR34), Nvidia (NVDC34), entre outras.