Guia: desmistificando o mercado de ETFs
Um dos produtos que mais estão crescendo no mercado financeiro são os Exchange Traded Funds, conhecidos popularmente apenas pela sigla ETF. Saiba mais!
Um dos produtos que mais estão crescendo no mercado financeiro são os Exchange Traded Funds, conhecidos popularmente apenas pela sigla ETF. Prova disso é que, somente em 2021, os investidores dessa classe de ativos mais do que dobraram. Entre os motivos desse movimento, claro, está a facilidade para diversificar uma carteira.
Entretanto, falar sobre investir em ETFs é algo muito genérico. Existem, afinal, inúmeros produtos na nossa bolsa de valores e cada um deles possui características bem particulares — que vão desde a renda fixa, passam pela renda variável e chegam até a investimentos bem temáticos.
Pensando em tudo isso, nós resolvemos criar um guia completo sobre ETFs para que você possa entender a fundo a finalidade desse tipo de fundo e, claro, possa montar uma boa carteira de investimentos de acordo com os seus objetivos financeiros. Vamos lá!
O que é um ETF?
O ETF é uma sigla para Exchange Traded Funds, que nada mais são do que fundos de investimentos negociados na bolsa de valores — essa é, aliás, justamente a definição originada pela tradução direta do termo. Ou seja, podemos comprar cotas desses produtos diretamente no Home Broker da nossa corretora.
Na prática, entretanto, existe uma outra definição mais precisa para os ETFs que é chamá-los de "fundos de índices". Isso porque a finalidade de um Exchange Traded Fund é justamente replicar a carteira teórica de um índice na prática, permitindo assim aos investidores a exposição a um determinado indicador.
Imagine, por exemplo, o Ibovespa, que é o principal índice do mercado de ações do Brasil. Embora ele apareça com frequência nos noticiários, você não poderia investir diretamente no desempenho do Ibovespa se não houvessem ETFs no mercado financeiro que realizassem a cópia da carteira teórica desse índice.
É claro que esse serviço não é gratuito, certo? Assim como fundos de investimentos tradicionais, os ETFs também cobram a famosa taxa de administração. A diferença é que, por ser um processo muito mais simples (a equipe de gestão precisa apenas "copiar" o índice escolhido), os custos também são bem mais baratos.
Fundo ativo vs. fundo passivo: qual é a diferença?
Se você começar a pesquisar sobre os ETFs na internet, logo vai perceber que eles também são chamados de "fundos passivos". Essa nomenclatura vem justamente do tipo de gestão do fundo, que não vai escolher os ativos que farão a composição do patrimônio dos seus cotistas. O produto, afinal, vai replicar uma carteira teórica definida por terceiros.
Já se você optar por investir em fundos tradicionais, a equipe de gestão é quem vai realizar a seleção dos ativos que serão utilizados na montagem da carteira de investimentos. A essa abordagem dá-se o nome de "gestão ativa", justamente porque há um trabalho específico da equipe do fundo para a definição da alocação do capital dos cotistas.
Quais são as categorias de ETFs?
Conforme adiantamos na introdução, não existe apenas um grupo de ETFs, mas sim um mercado bem complexo. Vale frisar que qualquer índice do mercado financeiro pode se converter em um fundo passivo, replicando a sua carteira teórica. E, somente por essa estrutura, já são infinitas possibilidades.
Ainda assim, podemos agrupar os principais ETFs do mercado em alguns grupos. A seguir, nós vamos passar por exemplos dos principais Exchange Traded Funds do mercado brasileiro para que você possa ter maior intimidade com o tema. No entanto, tenha em mente que essa classe de ativos é bem dinâmica e, constantemente, novos ETFs são lançados.
Aproveite para acessar a lista completa de ETFs que temos aqui na Mais Retorno.
ETFs de renda fixa
O primeiro grupo de ETFs que vale a pena você conhecer são aqueles que buscam replicar índices de renda fixa. Aqui, nós temos oportunidades tanto para acompanhar o mercado de títulos públicos de juros (como o FIXA11, o primeiro ETF da categoria, e o IRFM11), como títulos públicos atrelados à inflação (como os ETFs IMAB11, IMBB11 ou IB5M11, por exemplo).
Um ponto interessante desse grupo é que, ao contrário dos títulos de renda fixa, os ETFs não possuem data de vencimento. Ou seja, eles representam a condição de mercado de cada tipo de título público ao longo do tempo. E tudo isso com características de renda variável, pois as cotas dos ativos oscilam diariamente.
Além disso, há uma vantagem tributária já que os fundos negociados em bolsa possuem a aplicação de Imposto de Renda de 15% sobre os ganhos de capital. Vale lembrar que, ao investir em títulos de renda fixa, os seus ganhos são tributados conforme a tabela regressiva, iniciando em 22,5%.
Aproveite que está conhecendo essa oportunidade para conhecer os principais ETFs de renda fixa disponíveis na bolsa de valores.
ETFs do Ibovespa
Outra categoria de ETF bem popular é de fundos que replicam a carteira teórica do Ibovespa, o nosso principal índice acionário. Aqui, não há muito segredo, mas é importante que você saiba que a concorrência pela sua atenção é das maiores: quase todas as instituições financeiras possuem um produto com essa finalidade.
Apenas para que você tenha uma noção, esses são alguns dos vários ETFs de Ibovespa que possuímos atualmente: BOVA11, BBOV11, XBOV11, BOVB11, BOVV11. Assim, como eles fazem basicamente a mesma coisa, fique de olho nas taxas de administração cobradas.
Antes de investir em um ETF do Ibovespa, é bem importante compreender se esse é o seu objetivo. É verdade que esse é o principal indicador para representar a nossa bolsa de valores. Entretanto, o índice é bem concentrado em instituições financeiras (Banco Itaú, Bradesco e B3) e empresas de commodities (Petrobras e Vale).
Se essa concentração te agrada, nós temos uma análise entre os três principais ETFs de Ibovespa (BOVA11, BOVV11 e BOVB11). Confira qual é a melhor opção.
ETFs setoriais de renda variável
Além do Ibovespa, na bolsa brasileira você encontrará uma série de ETFs setoriais para as ações nacionais. Essa pode ser uma abordagem interessante se você identifica que algum segmento pode se destacar ou deseja algum tipo de exposição mais específica, fugindo da concentração do nosso principal índice de ações.
Entre os ETFs setoriais da renda variável estão fundos de small caps (SMAL11 e SMAC11), de dividendos (DIVO11 e BBSD11) ou até segmentos específicos — casos de materiais básicos (MATB11), instituições financeiras (FIND11) ou boas governanças corporativas (GOVE11).
Será que vale a pena investir em ETFs setoriais? Fizemos uma análise dos fundos que investem em companhias pelo seu tamanho de mercado. Confira a nossa opinião.
ETFs globais
Os ETFs de renda variável são úteis para quem busca uma fácil diversificação, mas talvez os produtos mais atrativos sejam aqueles que permitam uma exposição internacional sem exigir a criação de uma conta em uma corretora estrangeira. E a boa notícia é que temos diversos exemplos disso.
A começar pelo S&P 500, que é um dos principais índices globais, representando as 500 maiores empresas dos Estados Unidos. Nós temos dois ETFs que replicam, aqui no Brasil, esse importante indicador americano: o IVVB11 e o SPXI11. Saiba neste artigo qual é o melhor ETF de S&P500.
Há também ETFs de outros mercados, como Europa (EURP11) ou China (XINA11), mas esse já é um gancho para uma alternativa ainda mais interessante: os BDRs de ETFs.
BDRs de ETFs
BDR é uma sigla para Brazilian Depositary Receipts, um outro tipo de produto do mercado financeiro, também negociado em bolsa, que permite o investimento indireto em ativos internacionais.
Em resumo, eles são emitidos por instituições financeiras como uma espécie de "espelho" de um determinado ativo. Assim, você não precisa ter conta em uma corretora internacional para acessar esses investimentos. Portanto, um BDR de ETF permite que você se exponha a ETFs internacionais que não estão listados oficialmente no Brasil.
Aqui moram inúmeras oportunidades para diversificação global, em especial para aquele investidor que busca uma economia específica. É possível investir em índices da Alemanha (BEWG39), da China (BCHI39), do Japão (BEWJ39), do Reino Unido (BEWU39), da Europa (BIEU39), da Coréia do Sul (BEWY39), da Rússia (BERU39), entre outras geografias.
Existem também BDRs de ETFs globais com segmentação específica. Podemos mencionar os BDRs de mercados emergentes (BEEM39 ou BIEM39), da América Latina (BILF39), de infraestrutura global (BIGF39), de biotecnologia (BIBB39) ou de tecnologia (BIYW39) como exemplos desses temas.
ETFs temáticos
Por fim, temos ainda os ETFs temáticos, que visam oferecer aos investidores a exposição a alguns mercados específicos ou então que vêm ganhando relevância dentro do mercado financeiro. Essa talvez seja uma das oportunidades mais legais para explorar as mais diversas teses de investimentos das gestoras.
O maior cuidado com relação aos ETFs temáticos está em estudar caso a caso e entender se aquela proposta realmente tem potencial. Atualmente, os fundos temáticos estão aparecendo aos montes — e o risco de sair investindo em todos eles é que você pode pulverizar a sua carteira em teses sem tanto potencial ao invés de diversificar.
Mas, afinal, o que seriam ETFs temáticos? Abaixo, listamos alguns exemplos para que você possa entender melhor essa abordagem dentro do mercado financeiro. Lembrando que não se trata de uma recomendação de investimento, ok?
- Fundos imobiliários: por muito tempo, o mercado de FIIs não teve um ETF para replicar o IFIX, principal índice da categoria. É justamente a proposta do XFIX11.
- Criptomoedas: outro mercado que ganhou muito destaque é de criptomoedas. E já existem ETFs nesse segmento que replicam o desempenho do Bitcoin (BITH11 e QBTC11), do Ethereum (ETHE11 e QETH11) e até uma carteira balanceada (HASH11).
- Commodities: não é novidade que o Brasil é uma potência exportadora mundial. Por que não investir em empresas de commodities então? É a proposta do ETF lançado pelo BTG Pactual para reunir as principais companhias do segmento de mercadorias — o CMDB11.
- Hidrogênio: em um mundo globalizado e preocupado com o meio ambiente, ganha destaque a busca por combustíveis não poluentes. É o caso do hidrogênio, que também já tem um ETF organizado pelo Banco Itaú para reunir empresas do setor (YDRO11).
- Games: outra temática que apresenta forte crescimento ao longo dos últimos anos é a indústria de jogos — que já vem deixando para trás indústrias tradicionais, como música e cinema. O ETF JOGO11 traz essa proposta.
- Finanças descentralizadas: o universo de criptoativos não se resume às moedas digitais. Há uma estrutura trazendo ativos que visam substituir o sistema financeiro tradicional — e os ETFs (como o DEFI11) estão prontos para captar esse crescimento.
Quais são as vantagens de investir em ETFs?
Agora que passamos por uma grande variedade de ETFs, talvez você já esteja mais familiarizado com a categoria. De qualquer forma, vale a pena reforçar alguns dos principais pontos positivos oferecidos por essa classe de ativos. São eles:
- Diversificação: os ETFs replicam carteiras teóricas de índices que, por regra, possuem vários ativos. Portanto, é uma ótima maneira de diversificar com um único investimento. A simplicidade também vale para mercados mais complexos, como ações internacionais ou criptomoedas, que talvez não fossem acessados pelo investidor de outra forma.
- Liquidez: os ETFs são negociados em bolsa, assim como as ações. Dessa forma, caso precise resgatar o seu investimento, basta vender as suas cotas no pregão da B3. O dinheiro estará na sua conta de forma imediata.
- Baixo investimento inicial: a maior parte dos fundos negociados em bolsa possuem um valor por cota abaixo de R$100, sendo extremamente acessíveis aos investidores que ainda não possuem um grande patrimônio.
- Reinvestimento: por fim, os ETFs reinvestem dividendos de forma automática em novas cotas, elevando a participação do investidor. Assim, o próprio produto já tem um perfil de acúmulo de patrimônio, explorando bem o efeito dos juros compostos.
E quais são os riscos de investir em ETFs?
Não existe investimento perfeito — e não é diferente para o mercado dos Exchange Traded Funds. Portanto, apesar dos pontos positivos que ajudam especialmente o pequeno investidor, alguns riscos precisam ser ponderados.
O primeiro deles é que a gestão de um fundo negociado em bolsa é passiva. Portanto, ao replicar a carteira de índices, também estamos expondo parte do nosso capital a negócios que não estejam em um bom momento — ao contrário da gestão ativa, que pode selecionar a dedo os seus ativos.
Outro ponto negativo é que, por mais simples que seja o trabalho de gestão de um ETF, há cobrança de taxa de administração. É verdade também que os custos são bem menores do que um fundo com gestão ativa. Entretanto, acabam por prejudicar a rentabilidade de longo prazo em relação ao investimento direto nos títulos e ações que os compõem.
Em alguns ETFs, há um risco adicional que é a concentração setorial. É claro que fundos que replicam o Ibovespa ou S&P 500 são extremamente diversificados. No entanto, ETFs temáticos acabam muito expostos a segmentos específicos. É preciso ter isso em mente na hora de definir a alocação patrimonial em cada produto.
Finalmente, não podemos nos esquecer de que se trata de um fundo de investimentos com gestão passiva, mas que é formulado como um produto de renda variável. Portanto, as cotas oscilam diariamente de acordo com o humor dos investidores — inclusive para os ETFs de renda fixa. Portanto, é preciso ter estômago para lidar com a volatilidade.
Como investir em ETFs?
Encontrou algum ETF que faça sentido para a montagem da sua carteira de investimentos? Pois saiba que é muito fácil fazer o seu aporte. Tudo que você precisa é de uma conta em uma corretora de valores e um saldo disponível.
Ao definir o seu ETF, basta então entrar no seu Home Broker e digitar o ticker (código de negociação) do fundo — como BOVA11, IVVB11, XFIX11, entre outros. É exatamente o mesmo processo que realizamos para negociar ações ou fundos imobiliários.
Em seguida, você terá acesso aos preços propostos pelos investidores. Caso esteja de acordo, emita a sua ordem de compra com a quantidade de cotas que deseja adquirir do ETF. Pronto! A transação ocorre em tempo real de forma instantânea.
Como é a tributação dos ETFs?
Conforme já adiantamos ao longo do artigo, a tributação sobre os Exchange Traded Funds é de 15% sobre o valor do ganho de capital (lucro). Vale mencionar que, ao contrário do mercado de ações, não há isenção sobre qualquer faixa de vendas.
Realizou o lucro do seu ETF? Então há imposto a pagar. O pagamento desse tributo deve ser feito via emissão de DARF até o final do mês subsequente à venda realizada. O processo é o mesmo de outros mercados de renda variável.
Suponha que você investiu R$1.000 em cotas do BOVA11 e, alguns meses depois, realizou a venda de todas as cotas pelo valor total de R$1.230. Ou seja, houve um ganho de capital de R$230, gerando um imposto a pagar de R$34,50 (15% sobre R$230).
Outro ponto importante é que, mesmo que não realize qualquer venda, você deve informar a sua posição em ETFs na declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) na ficha de "bens e direitos", pois esses aportes fazem parte do seu patrimônio.
Deu para entender a dinâmica dos ETFs?
Gostou de conhecer mais sobre os ETFs? Essa é uma classe de ativos muito útil para a formulação de uma carteira de investimentos diversificada. Sabendo escolher fundos estratégicos, você certamente vai conseguir montar um bom portfólio para os seus objetivos financeiros.
E, claro, se ficou alguma dúvida, basta entrar em contato conosco que explicamos para você.