Confira as ações que mais renderam e perderam em fevereiro
Resultados de balanços e movimentação com M&A estão entre os fatores de alta ou baixa dos papeis
No mês de fevereiro, em que as atenções estiveram voltadas para a guerra no Leste Europeu, a alta do petróleo e suas consequências sobre a inflação global, algumas ações se destacaram em ganhos no período, como é o caso da SulAmerica, Totvs, Carrefour, Cielo, Minerva Foods, entre outros, segundo ranking elaborado pela plataforma Yubb.
No caminho contrário, a BRF, Qualicorp, Méliuz, Eztec e Banco Inter lideraram as perdas, assim como os papéis da CSN Mineração, EcoRodovias, Embraer, Via e Magazine Luiza.
Os rankings levaram em conta as ações que participam do Índice Ibovespa e as variações são com base nos preços do período entre 1 e 28 de fevereiro
O que influenciou o comportamento das ações
Segundo especialistas, os reflexos no comportamento desses papéis foram variados, envolvendo desde os movimentos de alta na Selic, taxa básica de juros do País, na movimentação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para apertar sua política monetária, assim como os resultados trimestrais e os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
“Apesar da inflação global estar na crista da onda de atenção dos investidores, as ações na Bolsa vinham em uma certa toada positiva, até serem afetadas com o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, avalia Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos.
Com a guerra ganhando musculatura, as ações ligadas às commodities voltaram a subir com mais força, principalmente as de gigantes siderúrgicas, que são atreladas aos movimentos do preço do minério de ferro lá fora. A commodity, que havia sofrido o impacto das restrições da China, voltou a subir.
Em relação ao petróleo, de acordo com Moliterno, a disparada dos preços por conta do conflito entre os dois países – a Rússia é o terceiro maior produtor mundial da commodity – também beneficiou os papéis das exportadoras do produto, como a Petrobras.
Ações com maior rentabilidade em fevereiro
Empresa | Ticker | Rentabilidade |
SulAmerica | SULA11 | 38,96% |
Totvs | TOTS3 | 22,58% |
Carrefour | CRFB3 | 18,59% |
Cielo | CIEL3 | 15,45% |
Rede D'Or | RDOR3 | 14,78% |
Equatorial | EQTL3 | 14,71% |
Sabesp | SBSP3 | 13,72% |
Minerva | BEEF3 | 12,93% |
Bradespar | BRAP4 | 11,66% |
Hypera | HYPE3 | 11,66% |
Ações com menor rentabilidade em fevereiro
Empresa | Ticker | Rentabilidade |
BRF | BRFS3 | -26,69% |
Qualicorp | QUAL3 | -26,31% |
Méliuz | CASH3 | -20,07% |
Eztec | EZTC3 | -16,91% |
Banco Inter | BIDI11 | -16,24% |
CSN Mineração | CMIN3 | -13,97% |
Ecorodovias | ECOR3 | -13,33% |
Embraer | EMBR3 | -13,33% |
Via SA | VIIA3 | -12,87% |
Magazine Luiza | MGLU3 | -12,00% |
Fonte: Yubb
SulAmerica: comprada pela Rede D’Or
A operadora de saúde ocupou o topo do ranking da Yubb entre os papéis mais valorizados do período, segundo especialistas, por que foi comprada pela Rede D’Or na última semana de fevereiro.
Segundo o especialista da Veedha, as ações da SulAmerica estavam descontadas e a operação de M&A acabou impulsionando a alta. Conforme informações da Reuters, a operação avaliou a seguradora em cerca de R$ 13 bilhões e é a maior aquisição da Rede D’Or desde sua entrada na Bolsa, em maio do ano passado.
“O mercado recebeu positivamente essa notícia, pois a SulAmerica estava com uma gestão sem um plano estratégico definido”, aponta Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.
Rede D’Or e Qualicorp: reflexos distintos com a compra da SulAmerica
A Rede D’Or também figurou entre as ações mais valorizadas do período, por conta da magnitude da transação comercial e resposta positiva do mercado.
Já a Qualicorp, que tem o grupo hospitalar como seu maior acionista, refletiu negativamente essa notícia – no dia do anúncio da compra da SulAmerica, as ações da companhia chegaram a cair mais de 15%.
O motivo, de acordo com Crespi, é o fato de que administradores de benefícios e operadoras de planos de saúde não podem fazer parte do mesmo grupo, segundo resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Carrefour e Totvs: resultados trimestrais
A varejista e a empresa de tecnologia também foram bastante procurados pelos investidores, após divulgarem seu lucro referente ao quarto trimestre de 2021, conforme o levantamento da Yubb.
Apesar de ter reportado um lucro ajustado de R$ 766 milhões no período, que representou uma queda de 13,5% ante a mesma base comparativa de 2020, o recuo do lucro do Carrefour foi compensado pelo desempenho do Atacadão, segundo avaliação do BTG Pactual sobre os resultados.
“No geral, apesar do dinamismo de curto prazo mais fraco em sua operação de varejo (com menores vendas de não-alimentos, trade-downs por parte dos consumidores devido à alta da inflação e desalavancagem operacional), a melhora gradual esperada no negócio de atacarejo e upside da fusão com o Grupo Big (que deve ampliar o alcance do Carrefour e fechar os gaps de produtividade/margem) ainda sustentam nosso rating de compra do papel da companhia”.
BTG Pactual, em relatório sobre os resultados do Carrefour
Já em relação à Totvs, o mercado avaliou que a empresa apresentou um lucro líquido acima do esperado no período – R$ 368,4 milhões no ano de 2021, alta de 25% ante 2020. Conforme relatório de análise do Bank of America (BofA), a companhia alia pontos favoráveis como crescimento de receita recorrente e margens preservadas.
Cielo: venda de subsidiária americana
Na segunda semana de fevereiro, a Cielo informou que sua subsidiária nos Estados Unidos assinou a venda da Merchant E-Solutions para a Sam I por um valor próximo de US$ 29 milhões – no dia da notícia, as ações da empresa de adquirência dispararam mais de 10%.
“O valor da transação animou o mercado, pois a empresa vem sofrendo com forte competitividade no mercado e custo de capital alto. A venda foi uma forma de geração de receita para a companhia, o que trouxe um fôlego extra para os seus papéis”.
Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos
Minerva e JBS: alta e baixa com guerra
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia afetou as ações de gigantes do setor de proteína como JBS e BRF. Mesmo com resultados robustos – no caso da JBS - as duas companhias, que têm boa parte de suas receitas provenientes das exportações, estão sofrendo com a pressão no custo de insumos agropecuários, como é o caso do milho.
“Isso aconteceu em um momento no qual as empresas desse mercado estavam começando a engatar uma recuperação”, ressalta Moliterno, da Veedha.
No entanto, a Minerva teve um desempenho contrário, com suas ações em alta no período, por conta não somente do balanço positivo do quarto trimestre do ano passado, mas também pelo fato da companhia ter grande parte da sua geração de receita – mais de 60% - vinda da sua divisão América do Sul, segundo o analista da Guide.
“Se não fosse o embargo da China, os resultados da Minerva poderiam ter vindo ainda mais fortes”, avalia.
Banco Inter: lucro abaixo do esperado e pressão da concorrência
O banco reportou lucro líquido contábil de R$ 6,4 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), cifra 67,1% inferior ao registrado em igual etapa de 2020. Apesar de o resultado não ter tirado o otimismo dos analistas, os investidores não digeriram bem o resultado: no dia da divulgação dos números, as units do Inter na Bolsa caíram quase 10%.
O analista da Guide aponta que o custo de capital mais alto, a expectativa de elevação da Selic, taxa básica de juros, a 12,75% no fim de 2022, são fatores que acabam pressionando as fintechs.
Outro aspecto reforçado por Moliterno, da Veedha, é o fato de que os bancos digitais estavam superavaliados na Bolsa. “Os investidores passaram a fazer as contas e acabaram tirando suas posições desses ativos”.
Magalu: efeitos macroeconômicos
E entre as empresas que mais tiveram suas ações desvalorizadas na Bolsa em fevereiro, o Magazine Luiza, assim como outras empresas do setor varejista, sentiu os reflexos das condições macroeconômicas adversas, com o avanço da inflação e a elevação da taxa de juros – hoje na casa dos 10,75% ao ano.
Esses fatores impactaram diretamente o consumo, com a redução da renda dos consumidores. “O Magalu foi uma dos que mais sofreram por conta desse cenário. Mas apesar disso, a empresa possui um histórico mais solido, com rentabilidade e constante e geração de caixa”, reforça o analista da Guide.
Todas as empresas foram procuradas durante a apuração desta matéria. Enquanto algumas não retornaram as solicitações de entrevista ou informações, companhias como Cielo, Minerva e Hypera informaram que não comentam a movimentação de suas ações. Já a Via, Qualicorp e EcoRodovias informaram que estao em período de silêncio após a divulgação de seus dados trimestrais.
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