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Bolsa
Mercado Financeiro

Por que a B3 segue em boa fase nessa virada de ano, se em Wall Street o cenário é pesado? Entenda

Fluxo de investidores estrangeiros é um dos fatores que sustenta o Ibovespa neste início de ano

Data de publicação:27/01/2022 às 02:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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No início deste ano, o mercado financeiro assiste a uma situação peculiar. Enquanto os ativos brasileiros têm apresentado uma sólida performance na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, na bolsa americana a trajetória é de queda, após os principais índices baterem sucessivas máximas históricas. O que está acontecendo com a Bolsa brasileira?

Enquanto os principais índices americanos – S&P 500 e Nasdaq 100 – caem -8% e -12% no ano, a Bolsa brasileira em dólares já sobe + 6,1%.

Por que a Bolsa sobe enquanto o mercado acionário americano recua?
Bolsa brasileira nunca esteve tão barata, segundo a XP, e as commodities seguem em alta, contrariando as previsões - Foto: B3/Divulgação

Segundo um relatório da XP assinado por Fernando Ferreira, estrategista chefe e head de Research e por Jennie Li, estrategista de ações, os investidores estrangeiros têm sido a principal razão por trás dessa performance acentuada da Bolsa brasileira.

“Após um ano com recorde de fluxo de estrangeiros para a Bolsa, R$102 bilhões, temos visto esse movimento continuar nesse início de ano. Até agora, em apenas três semanas, já vimos mais de R$ 15 bilhões de fluxo líquido de estrangeiros para a B3”, enfatizam os estrategistas com base em dados da B3.

Fernando Ferreira e Jennie Li, da XP

A ‘velha economia’ conspirando a favor do mercado

Os setores de commodities e o financeiro continuam sendo relevantes para a B3. Enquanto o primeiro responde por 40% de participação na cesta de ativos do Ibovespa, o outro detém 24% desse peso.

De acordo com os especialistas da XP, a grande exposição a esses mercados fazia do Brasil quase o “patinho feio” entre os emergentes. “Soma-se a isso o baixo crescimento na última década, a volatilidade da parte política, entre outros problemas, e o Brasil se encontra entre os mercados com a performance mais fraca nesses últimos 10 anos”.

No entanto, esse cenário pode ter começado a mudar. “Essa característica de grande exposição à ‘velha economia’ está ajudando o Brasil agora a atrair um forte fluxo de capitais de investidores estrangeiros”, ressalta a casa de análises.

Por que o Brasil atrai os estrangeiros?

Os estrategistas da XP elencam três fatores fatores que estão estimulando a vinda de capital estrangeiro para a Bolsa brasileira: a rotação de crescimento para valor, exposição às commodities e baixos múltiplos de entrada.

Rotação de crescimento para valor

Apesar dos setores de maior crescimento estarem liderando as altas das Bolsas globais há mais de uma década, as empresas do mercado de tecnologia e companhias de alto crescimento apresentam uma performance superior aos universos tradicionais, como bancos, indústrias e de commodities – do agronegócio à mineração e siderurgia, passando por papel e celulose, e óleo e gás.

Os estrategistas da XP destacam que índice Russel 1000 Growth, que concentra as 1000 maiores empresas nos Estados Unidos subiu 377% ante 144% do Russel 1000 Value. “Ou seja, essa rotação que temos visto nas últimas semanas de volta aos setores de valor – como commodities e bancos – pode ser apenas o começo.

A justificativa para essa rotação está no fato de que os setores considerados de valor, segundo a XP, como bancos e commodities, não sofrem tanto com um aumento de taxas de juros – o setor financeiro é até beneficiado por ela.

“Já no setor de tecnologia, as empresas sem lucro e com grande parte do valor na perpetuidade são muito sensíveis às variações na taxa de juros”

Fernando Ferreira e Jennie Li, da XP

Exposição à commodities

Os preços das commodities seguem em alta no mundo. Desde março do ano passado, segundo o relatório da XP, o índice CRB de commodities já acumula 69% de alta.

Contrariando as expectativas do mercado de que os preços poderiam voltar a ceder, as commodities mais relevantes ao Brasil sobem forte, como o petróleo (13%) e o minério de ferro (14%), cuja alta impacta positivamente o desempenho das ações de empresas como a Vale e a Petrobras.

Segundo a XP, esse cenário de preços mais altos está ligado a uma combinação de fatores como alta da inflação no mundo, forte recuperação da demanda e falta de resposta de oferta. Além disso, há ainda as restrições a novos projetos e ausência de grandes investimentos na última década.

“As empresas migraram para retornar capital aos acionistas e reduzir dívidas, e podemos ter um cenário de preços mais altos por mais tempo do que se esperava”, apontam Ferreira e Li.

Outro ponto destacado pelos estrategistas é que esse cenário prolongado de preços elevados ainda não está precificado nas ações dos setores de commodities por alguns motivos.

“Em primeiro lugar, o consenso de mercado espera uma forte queda de receitas e lucros para as empresas de commodities em 2022, o que assume preços realizados bem menores que em 2021. Em segundo lugar, as ações estão negociadas a múltiplos muito baixos, bem abaixo da média histórica. Isso acontece quando o mercado espera uma queda no preço das commodities e, portanto, passa a pagar menos pelo lucro atual”.

XP Investimentos, em relatório

Segundo Ferreira e Li, se os preços das commodities não cederem, as estimativas de mercado serão revisadas para cima. “Os múltiplos também poderão subir e voltar mais próximo das médias, caso o mercado se convença que os preços podem seguir mais altos por mais tempo”.

Baixos múltiplos de entrada

A Bolsa segue barata em relação à americana, com o Ibovespa atingindo o maior patamar de desconto da história. “Enquanto a Bolsa brasileira está próximo das mínimas em relação ao indicador de P/L (Preço sobre Lucro) de 7x, a Bolsa americana está perto das máximas, de 20x. Enquanto a média de desconto histórico é de cerca de 25%, atualmente o Brasil negocia com 60% de desconto, mensurado pelo P/L para 2022”, enfatizam.

Onde investir: bolsa americana ou brasileira?

A recomendação dada pelos estrategistas é manter a diversificação da carteira entre diferentes classes de ativos, regiões e moedas. Porém, eles destacam que os brasileiros seguem tendo uma baixa exposição em ativos internacionais, entre 1% e 2%.

“Correções como a que estamos observando são uma boa oportunidade de aumentar a exposição em ações de qualidade lá fora. Com a diversificação poderemos navegar na maior turbulência e volatilidade que esperamos para o ano de 2022”, concluem.

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Sobre o autor
Julia Zillig
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