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Economia

Nova ordem mundial: o dólar vai perder valor e será substituído?

Os EUA continuam com a liderança nos quesitos riqueza, produtividade e inovação; é pouco provável que o dólar saia de circulação tão cedo

Data de publicação:18/04/2023 às 08:00 -
Atualizado um ano atrás
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O dólar vai se desvalorizar ou ser substituído por outra moeda? O Brics tem alguma chance de se tornar um bloco econômico de maior peso no cenário mundial? 

Fazer previsões econômicas não é tarefa das mais fáceis, haja vista a infinidade de fatores como guerras, eleições e a geopolítica de um modo geral. Entretanto, desdobramentos mais recentes podem dar algumas dicas sobre o futuro. 

Dólares empilhados: Fundo Western FIA BDR está exposto à variação cambial
EUA e Europa continuam como destinos quando se procura por dinheiro, conhecimento ou tecnologia - Foto: Reprodução

Supremacia dos EUA 

Os EUA continuam com a liderança nos quesitos riqueza, produtividade e inovação. O país ainda é responsável por 25% de tudo o que é produzido no mundo, mesmo considerando a crescente importância da China no comércio internacional. 

Além disso, possui uma fatia de 58% do PIB do G7. Diferentemente dos demais membros do grupo, se beneficiou do crescimento populacional, que se transformou em maior produtividade.

Já a inovação fica por conta das empresas, que gastam bastante em pesquisa e desenvolvimento, dado o tamanho de seu mercado consumidor (o que lhes permite diluir os custos) e de seu mercado de capitais, para onde são canalizados os recursos para investimentos. 

Por todas as razões apontadas acima, é pouco provável que o dólar saia de circulação tão cedo.

A visão do resto do mundo 

Pelo menos 4 bilhões de pessoas, ou algo em torno de mais da metade da população mundial, vivem em países que preferem não tomar partido nos conflitos dos outros. 

Entre eles, nenhuma ambição para a formação de grandes blocos econômicos considerando os problemas enfrentados pela União Europeia (países com realidades distintas, mas que precisam seguir as mesmas regras).

Não alinhamento 

Na década de 50, um grupo de países tentou exercer algum grau de influência em um mundo então dividido entre os EUA e a União Soviética, sem muito êxito. 

Como motivos para o fracasso, visões divergentes, a ausência de um assento permanente no conselho de segurança das Nações Unidas, a falta de peso econômico e militar, além de pouco dinamismo nos setores de tecnologia e finanças. Ao final da Guerra Fria, já tinha caído no esquecimento.

Caso se unissem novamente, pode-se dizer que enfrentariam desafios semelhantes. Além disso, são dependentes das superpotências para determinadas importações (tecnologia e armamentos), que são pagas com o onipresente e onisciente dólar norte-americano.

A diferença em relação ao passado é que hoje são mais representativos (aproximadamente 18% do PIB global, um valor superior ao da União Europeia). 

Open for business 

Preocupados com o seu próprio desenvolvimento, são países com visões bastante pragmáticas: negociam com quem quer que seja, enquanto tentam atrair novos negócios para os seus respectivos territórios.

A forma como transacionam mostra isso bem. Entre as mercadorias que circulam entre eles, 43% são de origem norte-americana e europeia, 19% chinesa e russa e 30% do resto do mundo. 

Considerando esse padrão, é de se esperar que bancos dos EUA e da Europa, encarregados de executar as sanções, continuem relevantes para o processamento de pagamentos internacionais, seja no sistema atual, seja em um sistema com moedas digitais emitidas por bancos centrais.

Sozinho ou em grupo

Nesse novo cenário, cada um traça a sua estratégia, às vezes atuando sozinho, às vezes em conjunto. 

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduziu a produção em 4% no exato momento em que a China se tornou o maior parceiro comercial da Arábia Saudita, substituindo os EUA.

O Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, avalia se deixa os árabes (Arábia Saudita e Irã) entrarem, capitalizando também o seu banco. 

Entre eles, não se nega que existe um certo ceticismo com a ordem vigente.  Por mais que o Banco Mundial possa ser liderado por um indiano, é pouco provável que o Fundo Monetário Internacional (FMI), sempre comandado por um europeu, seja presidido por um sul-africano ou um(a) brasileiro(a).

Dinheiro resolve tudo?

De qualquer forma, implementar uma moeda comum como tem se aventado por aí, não depende só de dinheiro, levando-se em conta os preparativos, como atrelar todas as moedas envolvidas à uma moeda principal. 

Enquanto a China reluta em abandonar o controle de capitais, poucos se fala em câmbio fixo hoje, dada a sua inviabilidade para lidar com a volatilidade.

O papel do FMI 

Criado em 1944, sua função era promover o comércio e administrar o sistema de câmbio estabelecido na época (“Bretton Woods”). Com a quebra desse arranjo décadas depois, o FMI passou a emprestar para países que enfrentavam dificuldades. 

Ao longo dos anos 80, com a crise da dívida externa e, posteriormente, com a crise financeira na Ásia, o fundo efetuou várias operações de resgate, mediante condições bastante rigorosas, o que não necessariamente trouxe os resultados esperados.   

Atualmente, 30% dos recursos emprestados estão nas mãos da nossa vizinha Argentina, sendo 21 o número mais recente de países necessitando de socorro, seja por conta da pandemia, seja por conta do aumento do custo dos combustíveis e dos alimentos que importam (uma consequência da guerra na Ucrânia).

Múltiplos interesses

Nosso país é um ótimo exemplo de como essa dinâmica funciona na prática.

O Brasil discute questões climáticas com os EUA enquanto os norte-americanos consideram o Brasil um aliado militar importante fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ainda que o país tenha se recusado a doar armamento à Ucrânia.

Enquanto isso, o comércio entre Brasil e China, de aproximadamente US$ 153 bilhões no ano passado (37 vezes o valor obtido em 2002, ano anterior ao primeiro mandato do Presidente Lula), cresce às custas da rixa entre os EUA e a China.

Conclusão

Os EUA e a Europa ainda são destinos quando se procura por dinheiro (mercado financeiro), tecnologia ou conhecimento. Entretanto, outros fatores se tornaram mais relevantes como segurança, dívida externa e mudanças climáticas. 

A China, por sua vez, é o principal parceiro de negócios de 120 países e, para muitos deles, seu emprestador de primeira e última instância. Em 2006, o Clube de Paris detinha 28% de toda a dívida externa enquanto a China tinha apenas 2%. Passados 14 anos, a proporção é de 18% para o grupo de nações ricas e 10% para os chineses.

No resto do mundo, países que atuam isoladamente ou em conjunto. Para qualquer um que queira entender como a Opep define os preços das commodities energéticas (petróleo e gás) ou quais os locais mais prováveis para a instalação das futuras fábricas, a resposta pode estar exatamente aqui.

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Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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