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Dólar
Economia

Dólar acelera com comunicados mais duros do Fed; confira a tendência do câmbio

Mercado será bastante desafiador por conta das eleições, política monetária internacional e avanço da nova variante ômicron

Data de publicação:13/01/2022 às 01:52 -
Atualizado 3 anos atrás
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Caros leitores, em primeiro lugar desejo um excelente 2022, com muita saúde, felicidade e sucesso. É sempre um grande prazer escrever para vocês. Neste ano, o mercado de câmbio será bastante desafiador basicamente por três fatores: eleições presidenciais, política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e pela evolução da covid-19, com a nova variante ômicron.  Com isso, esperamos mais um ano com volatilidade e oportunidades.

O Dollar Index e a relação do dólar ante o real estão perto da estabilidade nas últimas semanas, porém as tendências de longo prazo não mudaram - de alta para o dólar.

Dólar acelera com comunicados mais duros do FED; confira o que esperar do câmbio
Dólar avança com postura mais dura do Fed sobre o aumento da taxa de juros -Foto: Unsplash

O real apresentou performance satisfatória por conta da Selic bastante elevada e com a redução do temor fiscal, mas este assunto seguirá amedrontando os investidores por um bom tempo por causa da temporada eleitoral. O gráfico abaixo mostra as cotações de fechamento semanal das moedas (atualizado até 07/01/22).

Dólar acelera com comunicados mais duros do FED; confira o que esperar do câmbio
Fonte: Wagner Investimentos

Motor externo: DXY segue em tendência de alta

Há três pontos que sugerem que o dólar deverá seguir forte no mundo por mais alguns meses:

  • O Fed começou a reduzir as compras de ativos (“tapering”) em dezembro, alertou que poderá iniciar a alta de juros em março e que deverá reduzir o tamanho do seu balanço em breve. Assim, a reunião de política monetária do dia 26 de janeiro será fundamental para determinar os próximos passos da autoridade monetária. É importante comentar que o Fomc (Copom americano) sofreu algumas alterações, como a troca dos membros votantes de quatro regionais (veja aqui) e substituição de alguns membros do board, inclusive do vice-presidente do Fed;
  • O relatório de emprego (payroll) apontou um baixo número de vagas criadas em dezembro - em torno da metade do previsto - mas os salários estão subindo em ritmo rápido, gerando pressão inflacionária. Além disso, a taxa de desemprego caiu para menos de 4% ao ano, sinalizando um mercado de trabalho apertado;
  • A inflação do consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% em dezembro, ante 0,4% estimado pelo mercado. No ano, a alta foi de 7%, a maior em quase 40 anos. O CPI não é o índice oficial, mas sim o PCE, que é divulgado apenas no final do mês e é o indicador queridinho do Fed para direcionar suas decisões monetárias.

Além disto, falta mencionar a covid-19, que, em termos econômicos, provoca afastamento das pessoas do trabalho, piorando ainda mais a oferta de produtos e serviços, e mantendo as cadeias de abastecimento globais com atrasos nas entregas e preços elevados - inclusive de mão de obra.

Preocupa também o número de pessoas hospitalizadas nos Estados Unidos, que atingiu nesta semana um patamar recorde - mais de 130.000. Ou seja, pode ser que alguma medida de distanciamento social seja adotada por alguns estados.

Motor interno: falta de compromisso com a responsabilidade fiscal no longo prazo

Apesar de a PEC dos Precatórios ter sido aprovada e a dívida bruta do setor público estar bem abaixo do previsto, a situação fiscal é preocupante devido à falta de compromisso com a responsabilidade fiscal no longo prazo. Abaixo, os principais temas que estão norteando o mercado, sendo os dois primeiros de curto prazo:

  • Ameaça de paralisação e greve de funcionários públicos após promessa de reajuste salarial para os policiais federais. Auditores da Receita Federal entregaram centenas de cargos e, sem chefia, estamos vendo atrasos no comércio exterior. Independente do mérito, o fato é que a cada 1% de aumento para o funcionalismo em geral, a despesa sobe R$3 bilhões. O governo sente a pressão e estuda recuar no aumento prometido, fato que deve gerar mais problemas e a solução não é nada trivial;
  • Avanço da covid-19. Há risco de decretação de lockdown em algumas cidades/estados e, dependendo da gravidade do quadro, até mesmo o pedido de retorno do auxílio emergencial. Por enquanto, a crença é que a ômicron não irá gerar o que está sugerido acima, porém não podemos descartar o risco;
  • Entrevista de Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, que sugeriu a revisão do teto de gastos;
  • Artigo de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, que defendeu a “nova matriz econômica”.

Sobre as eleições, ainda é muito cedo para termos certeza de alguma coisa. Mas tudo indica que a polarização entre Bolsonaro e Lula deverá continuar e é provável que a terceira via não decole.

Sobre as chances de Bolsonaro ser reeleito, sugiro a leitura da coluna de 8 de junho (veja aqui), quando analiso o gráfico do Mal-Estar Econômico, que sugere que as chances de vitória do atual presidente são duvidosas. Aliás, em breve atualizaremos esse gráfico. 

Em resumo: os dois motores estão ligados para favorecer o dólar a subir!

Próximos eventos relevantes

  • 13/01 – Serviços (Brasil) e PPI (EUA)
  • 14/01 – Vendas no varejo (Brasil e EUA). Balança comercial (China)
  • 26/01 – IPCA-15
  • 26/01 – FOMC
  • 02/02 – Copom

Caminhos para o dólar ante o real

Como visto, teremos muitos temas para abordar em 2022. Por enquanto, o dólar ante o real seguirá em tendência de alta de médio e longo prazo, mas é provável que respeite as máximas anteriores.

Se o Fed e as eleições são fatores de risco de alta para o dólar, temos, por outro lado, a Selic muito elevada (com juro real nos contratos futuros em torno de 7%, considerando o IPCA previsto pelo boletim Focus) e uma grande posição de dólar comprada pelos estrangeiros, entre U$ 25 bilhões a U$30 bilhões.

Não é trivial manter-se comprado em dólar com custo aproximado de R$0,04 ao mês, ainda mais com taxa de câmbio em torno de R$5,70. O range oscilatório provável para o dólar sobre o real nas próximas semanas será algo entre R$5,40 – R$5,80.

Em que pese esse artigo ser apenas informativo (nunca uma recomendação de investimento), operar dentro deste range pode ser uma estratégia a ser adotada.

Desejo a todos uma ótima semana e bons negócios!

*Este artigo não representa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno.

Sobre o autor
Jose Faria Júnior
José Raymundo de Faria Júnior é economista graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em Administração pela Fecap. Sócio desde 2006 da Wagner Investimentos, possui as certificações financeiras CFP®️, CNPI, CGA e é Consultor de Valores Mobiliários.