Para Stuhlberger, da Verde, transição monetária dos EUA é mais perigosa do que variante Ômicron
Brasil tem cobertura vacinal muito boa e se move rápido para aplicação dos reforços
Em carta mensal enviada a seus cotistas, a Verde Asset, de Luis Sthulberger, coloca dois eixos para suas análises: o aparecimento de nova cepa do coronavírus, e os movimentos iniciais do banco central americano para a retirada dos estímulos monetários.
O documento relata que os mercados se depararam nas últimas semanas com duas questões simultâneas: a emergência de uma nova variante da covid-19, potencialmente muito mais contagiosa, ao mesmo tempo que o Federal Reserve executava os primeiros passos de uma guinada numa direção de política monetária bem menos frouxa do que a verificada nos últimos vinte meses.
"Sobre a ômicron, acreditamos que devemos ver algo similar ao que transcorreu com a variante Delta: uma forte onda de novos casos, mas sem grande severidade nem pressão nos sistemas hospitalares", informa o relatório.
Os especialistas explicam por que o tema não deve gerar tanta apreensão por aqui: "Em geral, a necessidade de doses de reforço das vacinas (os boosters) fica mais premente, e nesse sentido o Brasil está bem colocado, não só tem cobertura vacinal muito boa, como está se movendo rápido para aplicar os boosters - sem mencionar a imunidade advinda da grande exposição que a variante de Manaus teve pelo País.
Mais ainda, as novas drogas antivirais orais, especialmente o Paxlovid da Pfizer, prestes a ser aprovado, com resultados excelentes em testes clínicos, devem ter papel importante em gerenciar a transição da pandemia em endemia ao longo do próximo ano.
Redução de estímulos monetários
Ao mesmo tempo, a gestora considera a transição de política monetária nos Estados Unidos um processo bem mais complicado e sujeito a riscos.
"O Fed parece estar reconhecendo que a inflação passou do razoável, inclusive se tornando um problema político para o governo Biden, e precisa agir de maneira mais célere na redução dos estímulos".
Verde Asset
Até aqui o mercado parece indicar que a extensão desse processo não será longa e está muito sujeita a erros, e a curva americana de juros teve um flattening importante, com os juros curtos subindo, mas os longos caindo. "Esse processo nos surpreendeu, dado que o nível terminal da taxa americana (ainda) nos parece baixo demais", afirmam os especialistas na carta.
Fundos da Verde Asset tiveram perdas
A carta informa, ainda, que o fundo Verde teve perdas vindas especialmente das exposições em bolsa, tanto no Brasil quanto globalmente.
Foi mais um mês complexo para ativos de risco, e no fim os movimentos foram exacerbados pelo medo da nova variante Ômicron.
As posições tomadas em juros nos EUA também apanharam na margem, enquanto as posições tomadas na Europa tiveram ganhos, e particularmente a posição aplicada em juro real no Brasil trouxe um contraponto positivo ao fundo.