Nubank e Vale estão entre os ativos mais negociados pelos brasileiros em janeiro na Bolsa de Nova York
Preços atrativos nos papéis do maior banco digital da América Latina e valorização do preço do minério de ferro impulsionaram esses ativos lá fora
Em um mês marcado pela forte queda das bolsas americanas e pela volatilidade, os brasileiros aproveitaram o momento para reforçar a compra de ativos do setor de tecnologia – seguindo como o setor de preferência dos investidores locais lá fora - e apostar em empresas brasileiras listadas lá fora - entre elas, Nubank e Vale.
A constatação faz parte do ranking dos ativos internacionais mais negociados pelos brasileiros nos Estados Unidos em janeiro elaborado pela plataforma Stake.
Essa é primeira vez que companhias brasileiras aparecem no ranking da Stake entre as mais buscadas pelos investidores locais no mercado financeiro americano. O Nubank "acabou de chegar" no mercado financeiro de fora: fincou sua bandeira na Bolsa de Nova York em dezembro do ano passado, fazendo a terceira maior oferta de ações dos Estados Unidos em 2021, ficando atrás somente da sul-coreana Coupang e da chinesa Didi.
Naquele momento, o Nubank chegou a ocupar o posto de maior banco da América Latina, com o valor de US$ 41,7 bilhões (ou R$ 233 bilhões, com o câmbio a R$ 5,60), desbancando o Itaú, que vale R$ 213 billhões.
No entanto, logo após seu IPO os papéis da companhia passaram a amargar perdas, que hoje já estão na ordem de 30%. Apesar de ter perdido o topo de maior instituição financeira do continente latino-americano, ainda é considerado o maior banco digital da região.
A estreia badalada do Nubank lá fora já tinha chamado a atenção dos investidores, porém, a desvalorização de seus papéis foi a oportunidade que eles encontraram de acessar os ativos da empresa brasileira diretamente em Nova York.
“Alguns brasileiros aproveitaram as cotações mais baixas para ir às compras enquanto outros desistiram do case e zeraram suas posições”,
Rodrigo Lima, analista de investimentos e editor de conteúdo da Stake.
Nesta terça-feira, as BDRs da companhia, assim como as ações do banco na Nyse avançavam mais de 5%.
ADRs da Vale
A outra presença curiosa no ranking de ativos internacionais da Stake foi a Vale. Esse movimento mostra que os brasileiros estão tendo interesse em ter posições na mineradora tanto aqui quanto lá fora, por meio da negociação de ADRs (American Depositary Receipts).
A empresa brasileira vive um bom momento, puxado pela valorização do minério de ferro no mercado internacional, cujos preços buscam atingir o patamar próximo do auge da commodity. Nesta terça-feira, 8, a tonelada do minério de ferro estava sendo negociada por cerca de US$ 150 – chegou a atingir US$ 200.
“O grande volume de negociação das ações da mineradora é explicado pela alta do minério de ferro, que impulsionou o preço das ações da companhia”, avalia o especialista.
Soma-se a esse cenário positivo o momento de queda dos papéis nas bolsas americanas, o que acabou gerando uma oportunidade de marcar presença com papéis da Vale também lá fora.
Tecnologia segue entre as queridinhas
Além das companhias brasileiras, os investidores brasileiros mantiveram tradicionalmente a predileção pelos ativos das empresas queridinhas do setor de tecnologia. No ranking de janeiro, por exemplo, segundo a Stake, estão os papéis da Alphabet, controladora do Google.
Os ativos da companhia disparam após a empresa reportar um lucro líquido de US$ 20,642 bilhões no quarto trimestre de 2021, ante o montante obtido de US$ 15,227 bilhões em igual período do ano anterior. Já a receita da gigante de tecnologia saltou 32% na comparação anual, somando US$ 75,325 bilhões.
Entre as big techs, marcam presença no ranking ainda a Meta (ex-Facebook), que apresentou números referentes ao quaro trimestre que frustraram o mercado – lucro líquido de US% 10,285 bilhões, baixa de 8% ante o mesmo trimestre de 2021. No dia da divulgação de seus números, a reação negativa do mercado causou um derretimento de mais de 20% em seus papéis e provocaram uma derrocada na bolsa Nasdaq.
Já a Amazon, que também está entre as 10 mais negociadas, registrou lucro líquido de US$ 14,3 bilhões no trimestre, superando as expectativas dos analistas, ao quase dobrar os US$ 7,2 bilhões obtidos nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020. As ações da companhia saltaram mais de 18% no after market.
Os investidores que alocaram posições na Tesla, segundo Lima, não tiveram a mesma sorte. Apesar de ter apresentado números estratosféricos no balanço trimestral no mês passado, as ações da montadora de carros elétricos foram penalizadas pela sinalização da empresa de que a cadeia de suprimentos se tornou o principal fator limitante para a produção da marca em 2022.
No quarto trimestre do ano passado, a montadora de carros elétricos registrou lucro líquido recorde de US$ 2,32 bilhões, alta de 760% ante o resultado visto no mesmo período de 2020. Além disso, suas vendas apontaram crescimento de 87% no total do ano, com a entrega de 936 mil veículos.
“Mesmo após divulgar um balanço extraordinário, a companhia rebaixou seu guidance para 2022 por acreditar que a crise logística deve persistir e impactar sua receita durante o ano”, destaca.
Rodrigo Lima, da Stake, sobre a Tesla
Conheça as ações internacionais mais negociadas pelos brasileiros em janeiro
Colocação | Empresa | Ticker | Área de atuação |
1º | Apple | AAPL | Tecnologia |
2º | Tesla | TSLA | Tecnologia |
3º | Microsoft | MSFT | Tecnologia |
4º | Meta Platforms | FB | Tecnologia |
5º | Coca-cola | KO | Bebidas |
6º | Nubank | NU | Serviços financeiros |
7º | Amazon | AMZN | Tecnologia |
8º | Walt Disney Company | DIS | Entretenimento |
9º | Alphabet | GOOG | Tecnologia |
10º | Vale | VALE | Mineração |
ETFs: REITs seguem entre os mais negociados
Já no ranking dos ETFs mais negociados na plataforma da Stake em janeiro, o brasileiro manteve sua procura por investimentos imobiliários por meio dos REITs, com destaque para o REIT Vanguard ETF (VNQ), que lidera a lista.
Para o analista da Stake, é possível que a atual incerteza regulatória do investimento em fundos imobiliários por conta de uma possível tributação, tenha aumentado o interesse dos brasileiros nesse tipo de ativo.
Além do mercado imobiliário, o brasileiro também gosta de alocar recursos em empresas boas pagadoras de dividendos, o que reflete no alto volume de negociação dos ETFs S&P 500 Dividend Aristocrats Proshares (NOBL), que investe nas maiores pagadoras de dividendos do índice S&P 500, e do Global X SuperDividend ETF (SDIV), que escolhe as maiores pagadoras de dividendos de todo o planeta.
Instrumentos sofisticados para lucrar com a queda das bolsas americanas
Com o aumento da volatilidade em Wall Street, de acordo com a Stake, os brasileiros utilizaram instrumentos sofisticados para lucrar mesmo nos momentos de queda das bolsas americanas, o que também mostra aumento de conhecimento por parte deles no que diz respeito aos investimentos internacionais.
De acordo com Lima, isso pode ser observado no alto volume de transações do ProShares Ultra VIX Short Term Future ETF (UVXY), que replica o VIX, índice de volatilidade da bolsa de opções em Chicago (CBOE) – conhecido como índice do medo – com alavancagem de 1,5x.
Outro ETF que chama a atenção é o ProShares UtraPro Short QQQ (SQQQ), que aposta na queda do índice Nasdaq-100 com alavancagem de 3x. “Isto é, se o índice da Nasdaq cai -2%, o fundo sobe +6%, e vice-versa”, explica Lima.
Conheça os ETFs mais negociados pelos brasileiros em janeiro
Colocação | ETF | Ticker | Lastro |
1º | REIT Vanguard ETF | VNQ | Setor imobiliário |
2º | ProShares Ultra VIX Short-Term Futures ETF | UVXY | Índice do medo |
3º | Invesco QQQ Trust Series 1 | QQQ | Tecnologia |
4º | S&P 500 Vanguard ETF | VOO | S&P 500 |
5º | Global X SuperDividend ETF | SDIV | Dividendos |
6º | Core S&P 500 iShares ETF | IVV | S&P 500 |
7º | Global X Uranium ETF | URA | Urânio |
8º | S&P 500 Dividend Aristocrats Proshares | NOBL | Dividendos |
9º | Global X NASDAQ 100 Covered Call ETF | QYLD | Tecnologia |
10º | ProShares UltraPro Short QQQ (SQQQ) | SQQQ | Tecnologia |