Vix, o índice do medo, disparou 54% na sexta-feira; o que isso significa?
Mercados tendem a enfrentar mais volatilidade nos próximos dias
O mercado financeiro global entrou em “pânico” na última sexta-feira, 26, assim que foram divulgadas as notícias de descoberta de uma nova cepa (variante) do coronavírus na África do Sul. O movimento foi imediatamente capturado pelo índice Vix, ou o “índice do medo”.
Esse índice mede a volatilidade das opções das ações que compõem o S&P 500, negociadas na Bolsa de Nova York e na Nasdaq. Entre elas estão as da Microsoft, Apple, Facebook, Coca- Cola, MacDonalds, Walmart, entre outras.
O Vix, da abreviação de Volatility Index (índice da volatilidade), disparou 54% e atingiu a marca de 28,62 pontos, dia 26 de novembro, a mais alta desde fevereiro desse ano, quando houve novo aumento da pandemia com restrições de circulação. Na última quarta-feira, por exemplo, o índice estava na faixa dos 18 pontos, e desde 11 de outubro, vinha trafegando abaixo dos 20 pontos.
O índice foi criado pela Chicago Board Options Exchange, ou simplesmente CBOE, e registra a flutuação das opções dos principais papéis negociados nas bolsas americanas, dando indicações de como o mercado pode reagir nos próximos 30 dias, explicam os especialistas.
Ele é capaz de captar de imediato as oscilações de preços em consequência de variáveis, políticas, econômicas e sociais, que se apresentam a cada instante ao mercado. E retrata, na alta, as apreensões dos investidores diante de más notícias. Na prática, ele se torna uma ferramenta para medir riscos, com a capacidade de mapear crises, o que se torna relevante em situações de alto estresse.
Embora reflita as oscilações de operações nas bolsas americanas, o Vix influencia os mercados no mundo todo. É improvável que diante da alta do índice, e apreensão nos mercados, a B3 esteja em alta no País ainda que haja fatores internos positivos.
Por que o Vix foi às alturas?
Quando surgiu a notícia de uma nova variante do coronavírus, identificada na África do Sul e batizada como B.1.1.592, ou Ômicron, que está se espalhando rapidamente pelo mundo e pode ser resistente a todas as vacinas até hoje disponíveis contra a covid-19, a temperatura do Vix subiu.
Ela apresenta 32 mutações na chamada proteína spike do vírus, a que é usada para preparar o sistema imunológico contra a doença.
Ainda que a reação tenha sido imediata, com reuniões de técnicos da Organização Mundial da Saúde, medidas de isolamento e restrições em diversos países para a entrada de voos da África do Sul, há que se considerar, principalmente, dois fatores: o surgimento da cepa acontece em meio a novos lockdowns que já vinham ocorrendo na Europa e preocupavam os mercados; e a grande questão é saber onde tudo isso deve parar.
Será preciso fechar novamente as fronteiras? Ou o mundo já está preparado para reagir e controlar novos surtos? Haverá nova queda da atividade econômica, ou será baixo o número de reinfecções? Serão formados novos gargalos na produção por falta de componentes? As empresas serão novamente afetadas? Quais sentirão mais?
Questões e preocupações como essas estão por trás da reação dos investidores e da alta do VIX, considerada até exagerada por alguns analistas do mercado. E o comportamento do índice, com um salto de 54% em um só dia, pode estar indicando dias de volatilidade pela frente.