Bolsa registra queda de 0,11% em dia marcado por volatilidade e ruídos políticos
A Bolsa de Valores encerrou o pregão desta segunda-feira, 10, marcada por alta volatilidade em queda de 0,11%, aos 121.909,03 pontos. Às 14h21, o mercado chegou…
A Bolsa de Valores encerrou o pregão desta segunda-feira, 10, marcada por alta volatilidade em queda de 0,11%, aos 121.909,03 pontos. Às 14h21, o mercado chegou a registrar alta de 0,03%, puxada pelo bom desempenho das commodities. No entanto, a desvalorização dos papéis do varejo prevaleceram e fizeram força para o resultado negativo. O dólar também inverteu a trajetória e teve alta de 0,07%, cotado a R$ 5,232
Ruídos políticos por aqui teriam esfriado os ânimos no segmento de ações: denúncias sobre o orçamento secreto do presidente Jair Bolsonaro de R$ 3 bilhões em verbas do Orçamento Federal de 2020 para contemplar ações patrocinadas por um grupo de parlamentares aliados, sem transparência, pode incomodar.
Na visão do economista-chefe do banco Modalmais, Álvaro Bandeira, a possível manobra fiscal irregular por enquanto não deve provocar efeitos no mercado além do aumento da volatilidade e dos ruídos políticos. "Isso deve envolver TCU e acirrar conflitos políticos. Entra na conta dos ruídos políticos que já existem. Ainda é preciso saber detalhes de como isso foi feito e quais serão as repercussões."
Analistas entendem, no entanto, que com a valorização dos últimos dias haja alguma venda para realização e embolso dos lucros. Os investidores ficam à espera de algum fato novo para iniciar o processo. Os papeis que pressionam a queda são do setor de varejo que apresentaram altas expressivas recentemente. Os papeis da B2W (BTOW3) caem 4,37% e os de Magazine Luiza (MGLU3), 3,47%. As Lojas Americanas (LAME4) registraram queda de 3,95%
Nesta segunda-feira, o preço do minério de ferro teve um salto no mercado chinês, diante da perspectiva de aquecimento da economia com o avanço da vacinação no mundo, enquanto o petróleo subiu em torno de 1% por conta de demanda e também de problemas na oferta nos EUA em razão de um ataque cibernético a um importante oleoduto.
A contínua valorização das commodities no exterior gera reflexos positivos no mercado doméstico, analisa Ariane Benedito, economista da CM Capital. E isso já pode ser visto no índice de materiais básicos, ligados às commodities, que hoje estava em alta de 0,19%, às 17h30.
Os papéis das companhias que têm sua atuação voltada para o setor vivem um dia de valorização. As ações da Gerdau tiveram elevação de 0,03%, assim como a CSN que registrou alta de 0,22%.
A alta das commodities beneficia as empresas exportadoras, que dão suporte ao Ibovespa, já que as ações das companhias que vendem minério de ferro, petróleo e proteína animal, dentre outros, lá fora têm forte participação na carteira desse índice.
Dolár sobe
O dólar também inverteu o sinal: depois de abrir em queda, a moeda apresentava alta residual de 0,07%, cotado a R$ 5,232.
Segundo analistas, influenciam o câmbio nesta segunda a expectativa por mais detalhes sobre a última decisão de política monetária do Banco Central na ata do Copom a ser divulgada nesta terça-feira, 11, e a aposta do mercado por um tom hawkish.
A valorização das commodites também favorecem o real. A inversão de sinal também está associada a novo episódio político.
CPI da Covid e "Tratoraço"
Se o cenário externo parece confortável, com a economia norte-americana mostrando sinais de que deve continuar a recuperação econômica com estímulos, o doméstico permanece desafiador. Além do andamento do trabalho da CPI que investiga a ação do governo no combate à pandemia do coronavírus.
Junta-se a ele, nesta segunda-feira, o novo escândalo denominado de “tratoraço”, que consiste no orçamento secreto do governo federal para cooptação de deputados e senadores do Centrão.
Segundo André Machado, fundador do Projeto Os 10%, escola de traders, esse acontecimento vai colocar ainda mais “lenha na fogueira” no ambiente político brasileiro, que já está às voltas do desdobramento da CPI da Covid.
CPI da Covid: Pazuello e Queiroga
O depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, era aguardado para esta semana, porém, o general do Exército alegou que ele estava com suspeita de Covid e a participação dele foi reagendada para o dia 19 de maio.
No último sábado, o senador Renan Calheiros, relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), disse que Pazuello usa o Exército como “biombo” para não depor à comissão e que, com isso está criando uma “crise” nas Forças Armadas.
Em um movimento inédito, o ex-ministro da Saúde passou a ser assessorado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para traçar sua estratégia de defesa na CPI da Covid.
O general da ativa já se reuniu ao menos duas vezes com advogados da equipe da AGU que estão coletando documentos sobre aquisição de respiradores e fabricação de cloroquina para subsidiá-lo na CPI, no próximo dia 19.
O depoimento de Pazuello é considerado crucial porque, ao deixar o cargo, ele ligou sua demissão a um complô de políticos interessados em verba pública e "pixulé". Para senadores, Pazuello sabe de escândalos que podem comprometer o governo.
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado, Omar Aziz, classificou no último domingo como uma "grande decepção" a postura do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que depôs à comissão nesta semana e se esquivou de declarar sua posição sobre o uso da cloroquina em pacientes com covid-19.
Segundo Aziz, Queiroga "com certeza" será reconvocado para falar mais uma vez à CPI, diante das contradições expostas entre a política do governo Bolsonaro na pandemia e as diretrizes do Ministério da Saúde.
Balanços corporativos: semana intensa
A semana também começa com mais uma forte temporada de divulgação de balanços trimestrais das empresas, com destaque para companhias dos setores varejistas, construção civil, papel e celulose, commodities, entre outros.
Nesta segunda-feira, o mercado conhecerá os resultados do período das empresas Hering, Banco Pan, Itaúsa, Locamerica, Linx, Log-In, Direcional, entre outras.
Ao longo dos dias, a lista de empresas que divulgação seus números é significativa. No setor varejistas, empresas como Hering, Arezzo, Raia Drogasil, Via, Carrefour, Vivara, Lojas Renner, Magazine Luiza, Guararapes, entre outras, tem seus resultados aguardados pelos analistas.
Na construção civil, o mercado deve olhar com cuidado o desempenho do período de incorporadoras como Trisul, Gafisa, Helbor, Cyrela, Eztec, entre outras.
NY: bolsa sem sinal único
Os contratos negociados nas bolsas de Nova York seguem com sinais mistos nesta segunda-feira, após os investidores se mostrarem animados na última sexta-feira com a divulgação do payroll de abril nos Estados Unidos – número abaixo do esperado pelo mercado - o que reforçou a percepção de que os apoios à economia continuarão no país.
O S&P 500 registrou queda sensível de xx%, assim como o Dow Jones apontava alta de 0,64%, que caiu xx%. O Nasdaq seguiu em trajetória de recuo, com baixa de xx%.
O ING aponta que o relatório validou a cautela do Fed no processo de retirada de estímulos. "Estamos prontos para ver os EUA recuperarem toda a produção perdida durante a pandemia no trimestre atual, mas a devolução de todos os empregos perdidos levará muitos mais meses", prevê.
Em entrevista à Bloomberg, o presidente da distrital de Minneapolis do Fed, Neel Kashkari, também destacou que a criação fraca de empregos expõe a importância da contínua acomodação monetária. No entanto, durante o dia, o movimento diminuiu, e os rendimentos de longo prazo dos Treasuries avançaram.
Uma elevação dos juros, especialmente dos títulos do Tesouro americano de dez anos, os Treasuries, provoca em geral um movimento de capitais com efeitos baixistas sobre o mercado de ações e de alta do dólar.
A recente valorização da bolsa de valores e a persistente queda do dólar refletem em boa medida o sentimento de que a inflação e os juros nos Estados Unidos permanecerão onde estão, sem maiores surpresas.
Mercado financeiro asiático fecha em alta
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em alta nesta segunda-feira, seguindo o tom positivo de Wall Street na última sexta-feira.
O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,55% em Tóquio hoje, aos 29.518,34 pontos, impulsionado por ações de siderúrgicas e montadoras, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 1,63% em Seul, ao nível recorde de 3.249,30 pontos, ajudado por papéis de varejistas e companhias aéreas.
Em discurso televisionado, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse que seu governo fará o possível para que o Produto Interno Bruto (PIB) local cresça mais de 4% este ano.
O dia foi de ganhos também na China continental, cujos mercados haviam acumulado perdas nos dois pregões anteriores, depois de voltarem de um longo feriado nacional.
O Xangai Composto teve alta de 0,27%, aos 3.427,99 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto se valorizou 0,19%, aos 2.243,93 pontos.
Por outro lado, o Hang Seng apresentou perda marginal de 0,05% em Hong Kong, aos 28.595,66 pontos, e o Taiex caiu 0,29% em Taiwan, aos 17.235,61 pontos.
A questão da covid-19, no entanto, permanece no radar. Nas últimas semanas, a Índia tem registrado sucessivos recordes de contágios e mortes em 24 horas.
O Japão, por sua vez, será anfitrião dos Jogos Olímpicos a partir de julho, num momento em que a vacinação contra a doença no país está em ritmo extremamente lento, com apenas cerca de 3% da população imunizada.
Na Oceania, a bolsa australiana terminou a sessão em patamar recorde, o primeiro desde o início da pandemia, graças principalmente ao bom desempenho do setor minerador, que é favorecido por um salto nos preços do minério de ferro. O S&P/ASX 200 avançou 1,3% em Sydney, a 7.172,80 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado