Reunião do Copom deve mexer com o dólar nesta terça-feira. Entenda como
O mercado de câmbio deve acompanhar de perto a reunião do Copom, que começa hoje e termina amanhã. Isso porque a definição da nova Selic mexe…
O mercado de câmbio deve acompanhar de perto a reunião do Copom, que começa hoje e termina amanhã. Isso porque a definição da nova Selic mexe com os preços do dólar. Entenda por quê.
A retomada de alta do juro básico da economia é dada como certa. Uma alta de 2,00% para 2,50% da Selic tende a sossegar as cotações da moeda americana. Só que não está inteiramente descartada uma elevação para 2,25%, o que pressionaria para cima os preços, e tampouco para 2,75%, o que teria um efeito de queda das cotações do dólar.
São essas expectativas que mexem com o mercado e tendem a provocar volatilidade nas cotações do câmbio. É o que afirma Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
Segundo ela, os investidores procuram antecipar-se à decisão do Copom, porque o nível das taxas de juro afeta o preço do dólar. Especialmente quando o juro é negativo na economia e o País enfrenta crise de muitas incertezas. A Selic, que roda em 2% ao ano, é menos da metade da inflação prevista ao redor de 4,50%.
Dólar sobe com juro mais baixo
No entanto, analistas parecem não estar convencidos de que uma elevação de 0,50 ponto porcentual seja suficiente para conter uma escalada do dólar. Seria preciso uma paulada nos juros, muito maior que essa alta prevista pelo mercado.
Para a economista-chefe da CM Capital, uma elevação em linha com as estimativas do mercado, de 0,50 ponto, serviria para acomodar o dólar. “Uma alta menor que isso poderia fazer o dólar disparar”, avalia, embora não acredite que possa chegar a R$ 6. “A menos que o risco aumente muito e o investidor corra para os títulos do Tesouro americano.”
A alta dos juros americanos atrai os investidores, especialmente em momentos de incertezas, sobretudo com a pandemia. Não só pela rentabilidade, como pela segurança que os títulos de países de economias mais avançadas oferecem. Uma certeza, diz Carla, é que os mercados, especialmente o de dólar, passarão por momentos de muita volatilidade.
Por que a Selic não pode subir muito
O estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, está entre os que acreditam que apenas uma alta mais forte dos juros poderá levar à valorização do real frente ao dólar. Ele reconhece, no entanto, que uma decisão dessas esbarra em restrições. Por vários motivos. Principalmente pela difícil situação fiscal, economia estagnada, dificuldades econômicas da pandemia, entre outras limitações.
Ele afirma que, se a pandemia se agravar em meio a falta de vacinas, a economia não conseguirá reagir. E a derrubada de atividade poderá manter o dólar pressionado, embora não aposte na disparada do dólar rumo a R$ 6.
Por tudo isso o Copom pode mexer com o dólar.