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Economia

Após aumento da Selic para 2,75%, veja como ficam investimentos de renda fixa

Aconteceu. Depois de cinco anos, noves meses e 14 dias, o Banco Central (BC) voltou a subir a taxa básica de juros, a Selic, de 2%…

Data de publicação:17/03/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Aconteceu. Depois de cinco anos, noves meses e 14 dias, o Banco Central (BC) voltou a subir a taxa básica de juros, a Selic, de 2% ao ano para 2,75% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC anunciou a decisão no fim da tarde desta quarta-feira, 17, após o fechamento dos mercados.

Com isso, o cenário mudou - só um pouquinho - nas aplicações de renda fixa, segmento que toma como referência de remuneração a variação do juro básico. Já foi o tempo em que o investidor faturava 1% ao mês com um CDB. Hoje a realidade é outra. Mas não dá para dizer que, de verdade, aquele dinheiro poupado e aplicado em um investimento conservador, a a partir de agora rende um tanto mais.

Maioria do mercado espera por uma Selic de 2,5%, a partir desta quarta-feira

Com Selic a 2,75%, o que vai acontecer com a renda fixa

A Selic é uma taxa de referência para a formação das demais taxas de juro da economia. No mercado financeiro, ela impacta diretamente os juros dos títulos, públicos e privados, e também as ações e o dólar.

O impacto da elevação da Selic é esperado mais diretamente em aplicações de renda fixa. É um segmento que toma como referência de remuneração a variação do juro básico.

A alta da Selic tem efeito imediato sobre o Tesouro Selic - Foto/Agência Brasil

Os efeitos nos títulos públicos

O efeito mais direto e imediato ocorre no Tesouro Selic, título da dívida pública com juro pós-fixado que o investidor pessoa física compra na plataforma do Tesouro Direto. A rentabilidade desse título está atrelada ao vaivém da Selic.

Outros títulos públicos, como as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B) e Notas do Tesouro Nacional da série F (NTN-F), não devem ser influenciadas pela decisão do Copom. A avaliação é de Eduardo Santalucia, sócio da Santa Investimentos.

Uma aplicação que se beneficia também da elevação da Selic são os fundos DI e de renda fixa. A carteira do fundo DI é quase toda formada por LFT (Letra Financeira do Tesouro). A LFT é uma versão, nos fundos de investimento, do Tesouro Selic, da plataforma do Tesouro Direto. O fundo de renda fixa mescla na carteira LFT com outros títulos, públicos e privados, com taxas de juro pré e pós-fixadas.

A NTN-B é ofertada no Tesouro Direto como Tesouro IPCA. Ele rende juro prefixado, combinado na hora da compra, e correção monetária pelo IPCA. A NTN-F, cuja versão no Tesouro Direto é Tesouro Prefixado, remunera com juro prefixado. A taxa combinada é que o investidor vai receber no resgate, independentemente dos juros em vigor no mercado.

“São títulos que não sofrem influência direta da Selic”, pontua Santalucia. “Mas, como têm seu valor atualizado dia a dia no mercado, podem sofrer influência do juro futuro.” Esses juros vêm bastante pressionados, com prêmio muito alto, como se diz no jargão do mercado. “Se houver uma acomodação ou recuo dos juros futuros, esse movimento poderá favorecer os títulos públicos prefixados em poder do investidor.”

São títulos que, com eventual queda de juros futuros, seriam valorizados no mercado secundário. Uma continuidade de alta provocaria efeito contrário. Pode haver valorização ou desvalorização momentânea, mas o rendimento será o pactuado previamente se o investidor fizer o resgate no vencimento do título. Poderá ocorrer perda se o papel for vendido no meio do caminho, antes do prazo previsto para o resgate.

O reflexo nos títulos privados

Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCI)e Letras do Agronegócio (LCA) são títulos de emissão bancária. Todos com rendimento vinculado ao juro DI, uma versão da Selic. As duas taxas costumam andar quase juntas.

Os CDBs com juros prefixados, que em geral rende entre 90% e 95%, do DI não tendem a passar por ajuste, prevê Santalucia. Já o CDB com juro pós-fixado atrelado ao juro DI deve calibrar o rendimento à provável elevação da Selic. O rendimento fica ligeiramente abaixo do DI, mas os grandes bancos costumam oferecer liquidez ou possibilidade de saque diário depois de 30 dias de aplicação.

AS LCI e LCA não oferecem liquidez diária, exigem aplicação acima de seis meses, mas podem render 110% a 115% do CDI. Uma elevação da Selic, que influencia o juro DI, pode melhorar o desempenho dessas letras.

Títulos de crédito corporativos

Títulos como debêntures de infraestrutura e incentivados (isentos de imposto de renda) que têm como indexador o juro DI devem acompanhar a provável nova Selic.

Apesar da elevação, a nova Selic estará longe de dar proteção contra a inflação ao dinheiro aplicado. Uma taxa de 2,75% ao ano, estará distante ainda da inflação acumulada pelo IPCA para 2021, em torno de 4,60%, estimada pelos analistas do mercado financeiro no boletim semanal Focus.

A alta da Selic depois de quase 6 anos

A taxa básica seguiu longo percurso para chegar à mínima histórica de hoje. Em julho de 2015, ela subiu pela última vez, de 13,75% ao ano, para 14,25% ao ano. Houve um longo período sem alterações até que, em outubro de 2016, o BC deu início ao ciclo de cortes que, depois de quatro anos, trouxe a Selic para os atuais 2% ao ano. Não foi, porém, uma trajetória de queda contínua.

Houve uma parada nesse período.  A pausa ocorreu entre maio de 2018 e junho de 2019, quando a Selic ficou marcando passo em 6,50% ao ano. Retomado o ciclo de cortes, o juro básico veio a 2% em agosto de 2020.

O manejo da taxa de juros, via alta ou baixa da Selic, é o instrumento que o BC tem para controlar a estabilidade da inflação. Vale, dizer, da inflação, que não dá sinais de trégua. A alta dos juros contém a alta de preços, em geral derivada do aumento de demanda ou consumo de bens e serviços.

Não é o caso, agora. A inflação está em alta, mas a fonte de pressão é outra, já que o consumo está reprimido. Falta renda, desemprego está alto e a insegurança das pessoas é crescente.

Boa parte da inflação é originada, segundo analistas, na alta de preços de alimentos e de matérias primas vendidas ao exterior. O elo de transmissão, apontam, estaria no dólar caro. Daí que uma elevação da Selic contribuiria para conter a alta do dólar, à medida que atraísse capitais de fora para investir na renda fixa doméstica. Presume-se que o aumento de oferta de dólares, decorrente do exterior, deprimirá sua cotação.

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.

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