Fundos combinam bom rendimento com liquidez diária; confira quais são
A falta de iniciativa para tentar remunerar bem o dinheiro faz com que o cliente deixe de embolsar ganho melhor com produtos mais rentáveis
O dinheiro que exige liquidez diária, para saque a qualquer momento, não precisa ficar rendendo pouco em um fundo automático de renda fixa. Produto que a maioria dos bancos oferece para a aplicação do saldo existente na conta do cliente em troca de baixa rentabilidade.
A falta de iniciativa para tentar remunerar bem o dinheiro faz com que o cliente deixe de embolsar ganho melhor com produtos mais rentáveis. Existem opções de investimento tão acessíveis, com volumes baixos de recursos, quanto esses fundos, com rentabilidade bem mais atraente.
Com o 'Comparador de Ativos" da Mais Retorno, selecionamos alguns fundos automáticos - a maioria deles listados na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A relação, de 62 fundos, é composta por informações enviadas pelas próprias entidades financeiras.
Interessante notar que desses 62 fundos, nada menos que 29 deles são do Banco do Brasil. E os cinco maiores da instituição têm sob sua administração um patrimônio superior a R$ 123 bilhões. Confira o desempenho deles considerando o fechamento em abril.
Fundos dos BB | Patrimônio em R$ bilhões | Rendimento em 2022 | Rendimento em 12 meses |
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RF CP Diferenciado FIC FI | 36,106 | 2,99% | 6,34% |
RF Simples Solidez Super | 26,170 | 3,19% | 7,02% |
RF Mais Automático Simples | 22,745 | 2,68% | 5,17% |
RF Automático Empresa Simples | 20,084 | 2,68% | 5,17% |
RF Simples Solidez Diferenciado | 18,507 | 3,09% | 6,70% |
CDI | - | 4,01% | 7,69% |
No quadro de rentabilidade histórica, é possível verificar que os fundos não pagam o equivalente ao CDI, que, por sua vez, vence em todos os períodos.
Rentabilidade atraente com alta liquidez
É possível combinar boa rentabilidade com alta liquidez em outros produtos, lembram especialistas, como os fundos de renda fixa e principalmente os fundos DI. Sem abrir mão da liquidez diária.
Os fundos DI, de forma geral, oferecem um rendimento próximo do CDI, um juro que anda colado na taxa básica de juros, a Selic. Com a possibilidade de o investidor ter o dinheiro rapidamente na mão quando precisar, no dia do pedido de resgate ou de um dia para outro.
A Selic está rodando em 12,75% ao ano e a estimativa do mercado financeiro, já antecipada pelo Banco Central, é que suba para 13,25% em junho. Uma elevação que torna esses fundos ainda mais atraentes na comparação com os fundos automáticos de renda fixa.
Os fundos DI mais atraentes, já na largada, são os que têm taxa de administração zero. Não cobram o custo de gestão do cotista, por exemplo, os fundos Órama DI FI RF Simples Longo Prazo, o Trend DI Simples FI RF e o BTG Pactual Digital Tesouro Selic FI RF Simples.
Fundos de renda fixa oferecem o melhor desempenho
Uma opção mais interessante que os fundos DI, em rentabilidade, são os fundos de renda fixa. Mas, diferentemente do que ocorre com a maioria dos fundos DI, apenas uma parte deles oferece liquidez diária. Uma possibilidade que depende da decisão e política de cada gestor.
O fundo de renda fixa é uma classe de ativos que tem o portfólio alocado em títulos públicos e privados, como CDB. E também em títulos de dívida privada, como debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda para o investidor pessoa física.
Dois fundos de renda fixa da Infinity Asset de alta liquidez costumam ocupar, nos levantamentos do banco de dados da Mais Retorno, posição de destaque na lista dos mais rentáveis, em diversos períodos: o Infinity Select FI RF e o Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF.
O Infinity Select FI RF, com uma carteira mais conservadora, oferece liquidez diária – o dinheiro é liberado no mesmo dia do pedido de resgate. O Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF, com uma carteira conservadora levemente apimentada para moderada, libera o dinheiro no dia seguinte ao da solicitação.
Evite os fundos automáticos para ganhar mais
Os fundos automáticos de renda fixa, ofertados principalmente pelos bancões, se encaixam na escala mais baixa de rentabilidade dessa família. Em geral, remuneram com apenas uma fatia do juro CDI.
Um rendimento insuficiente, bastante abaixo da Selic, que nem sequer protege o dinheiro contra a inflação. Perdem até mesmo da poupança, vista como patinho feio do mercado de investimentos.
As condições oferecidas por esses produtos são pouco mais favoráveis nos bancos digitais, as fintechs, mas nem tanto. O Conta que Rende, fundo automático do banco Original, remunera com apenas 10% do CDI para o dinheiro do cliente que permanece até 29 dias na conta.
O rendimento sobe para 100% do CDI a partir desse período. Pelos cálculos do banco, um cliente que deixou R$ 1.000 na conta desde 3 de janeiro até 3 de maio teve o saldo aumentado para R$ 1.033,34 – um rendimento de R$ 33,34. Valor bruto, sem desconto de imposto de renda.
A carteira do fundo é formada por CDB do próprio Original. O banco não cobra taxa de administração nesse produto de investimento. A aplicação é automática, mas o cliente precisa aderir ao produto, na hora de abrir a conta ou a qualquer momento.
A taxa de administração, que o banco Original não cobra em seu fundo automático, é o principal vilão da baixa performance desse tipo de produto de aplicação automática. Sobretudo nos bancos de varejo.
Rendimento perde até da poupança
Alguns bancões chegam a cobrar 1,75% de taxa ao ano e entregam baixo rendimento, menos até que a poupança, de acordo com dados levantados pela ferramenta Comparador de Ativos, da Mais Retorno. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal lideram a lista de fundos automáticos com maior número de cotistas e rentabilidade baixa.
Os cinco maiores fundos automáticos do BB somam um patrimônio de R$ 123 bilhões e oferecem rendimento que gira em torno de 0,45% ao mês.
Uma montanha de dinheiro que poderia ser muito mais bem remunerado em um fundo com gestão arrojada e eficiente. O fundo BB Renda Fixa Mais Automático Simples FIC FI cobra taxa de 1,75% ao ano e entrega um rendimento de 0,44% em maio.
O Caixa FIC Prático Renda Fixa Curto Prazo, com taxa de administração de 1,70% ao ano, rende 0,43%. O Itaú Federal Dynamic RF Curto Prazo FIC FI, que cobra taxa de administração de 1,75% ao ano, rende 0,46%.
Os três fundos automáticos de renda fixa desses grandes bancos rendem em maio menos que o 0,56% que a poupança pagou em abril.
Isso com uma taxa de administração mais elevada que a de muitos fundos multimercado ou de renda variável com estratégias mais arrojadas e com potencial de rentabilidade bem mais robusta.
É um custo que o cotista paga sem que o gestor nem sequer se dê ao trabalho de garimpar as melhores ações ou avaliar as tendências de mercado em busca de ativos que gerem mais retornos.
A maioria, senão a totalidade dos fundos automáticos, é de renda fixa, com a carteira formada por títulos públicos. Quase sempre Letra Financeira do Tesouro (LFT), com juro indexado à Selic. Ou, como no Conta que Rende, do Original, por CDBs do próprio banco.