Chegada oficial da Shein no Brasil tende a pressionar varejistas
Empresa já abriu escritório no País, um CD e está conversando com fornecedores locais
A gigante chinesa Shein, considerada a maior fast-fashion do mundo, está de malas prontas para desembarcar oficialmente no Brasil. E essa chegada pode aumentar a pressão sobre os concorrentes como C&A, Lojas Renner e Riachuelo, Hering, entre outros, de acordo com avaliação da XP.
Segundo reportagem do portal NeoFeed, a varejista está montando uma estrutura local para expandir sua operação no País, para ampliar o atendimento ao público brasileiro. Recentemente, a empresa abriu um escritório e estruturou um Centro de Distribuição (CD) no Brasil, além de estar à procura de parcerias com fornecedores locais.
A oportunidade de expansão da atuação no País surgiu quando a Shein começou a ganhar terreno no mercado por vender produtos importados de qualidade e preço baixo via internet.
Assim como outras gigantes chinesas do setor de moda como a Shopee e Aliexpress, a Shein adotou a venda por aplicativo como sua estratégia de entrada no mercado brasileiro. Em 2021, segundo dados da consultoria Sensor Towers, o app da marca foi o mais baixado do mercado de moda em 2021.
Diferenciais competitivos e desafios para a Shein no Brasil
Em um relatório assinado por Danniela Eiger, head de Varejo, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas de Varejo da XP, a casa de análises aponta que as varejistas focadas em média e baixa renda podem ser impactadas por três principais atrativos da Shein: a velocidade e a atualidade dos itens de moda, seu vasto sortimento e posicionamento de preço bastante competitivo.
Como desafios para a Shein no Brasil, a casa de análises aponta fatores como o prazo de entrega – atualmente, gira em torno de 30 dias, o que poderia ser resolvido com a produção local - a falta de multicanalidade e o processo de logística reversa como obstáculos para a escala do marketplace da companhia.
Além disso, a XP pontua outro fator que se soma a esse cenário ligado às discussões locais sobre elevar a fiscalização e tributação dos produtos importados, “a fim de melhorar a competitividade de produtos brasileiros”.
“Mas é importante monitorar os próximos passos da Shein, uma vez que sua estrutura local – seja com mais CDs, possíveis lojas ou pop-ups e fornecimento local – pode endereçar esses pontos”.
Especialistas da XP, em relatório sobre a varejista chinesa
Quem serão as redes varejistas de moda mais impactadas com essa expansão?
Em relação às empresas que devem sentir com mais intensidade a chegada oficial da Shein, na visão da XP, são gigantes como a C&A, Lojas Renner e a Hering, nessa ordem. “No entanto, como a Hering tem um posicionamento de moda mais básica, diferentemente da Shein, que tem um perfil mais forte em moda fast fashion, o risco pode ser mitigado”.
Movimento semelhante em outros países
A estratégia adotada no Brasil de instituir operação local também está sendo aplicada pela Shein em países como Estados Unidos e Portugal – times locais, CDs e/ou lojas físicas.
De acordo com a XP, no Brasil a marca também estaria avaliando parcerias com fornecedores regionais em categorias específicas, “nas quais o País é produtivo, como jeans, para melhorar seu leadtime (tempo de produção até a entrega do produto)”.
Os especialistas da casa destacam ainda que o posicionamento de preços provavelmente deve ser mais alinhado às varejistas locais.