Bolsa reduz alta com rumores de invasão da Rússia na Ucrânia; na semana, Ibovespa sobe 1,19% e dólar cai 1,50%

No pregão desta sexta-feira, a Bolsa de Valores, a B3 fechou com alta de 0,18% aos 113.572 pontos, mas não reflete a força do mercado durante o pregão, com valorização superior a 1%. Os resultados do Itaú fizeram o papel do banco engatar em alta superior a 7% e também arrastando junto as ações do setor, e a alta do petróleo permitiram uma forte elevação de Petrobras superior a 4% deram suporte para o Ibovespa bater os 114.800.

Quem explica a inversão desse comportamento é Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos: por volta de 15hs, a notícia de que a Rússia estaria invadindo a Ucrânia causou um reboliço nos mercados internacionais e o sentimento de nervosismo chegou a atingir também os negócios na B3, que fechou com uma elevação mais modesta, de 0,18%.

O clima de tensão era reforçado com o pedido do presidente Joe Biden para que os cidadãos americanos deixassem a Ucrânia imediatamente, o que afetou o dólar no mercado interno, que estava em forte queda e comercializado por R$ 5,18, nível mais baixo desde o dia 6 de setembro de 2021. Com os rumores da invasão, a moeda americana voltou a subir e conseguiu fechar com sinal positivo, de 0,01%, cotada a R$ 5,24.

As ações do Itaú fecharam com alta de 5,91%; Bradesco, de 0,33%, e as do Santander, de 1,54%. Petrobras apresentou valorização de 4,07%.

As bolsas de Nova York fecharam no vermelho: Dow Jones caiu 1,43%; Nasdaq, 2,83%, e a S&P500, 1,90%.

Resultado da Bolsa e do dólar na semana

Na semana, o saldo é positivo para a Bolsa, que acumulou alta de 1,19%, enquanto o dólar recuou 1,50% no mesmo período.

Lucas Carvalho, especialista em Renda Variável da Blue3 faz uma retrospectiva da semana, afirmando que o principal assunto, novamente, foi a inflação.

"No Brasil, a semana começou com a divulgação da ata do Copom, adotando uma postura mais hawkshi (dura) que o comunicado anterior, feito após a elevação da Taxa Selic em 1,5%". Ele explica que apesar de dar indícios de que a alta de juros deve ter uma intensidade menor, ficou evidente que prevalece a decisão de se manter taxas elevadas até que a inflação volte para o a meta.

O IPCA de janeiro ficou em 0,54%, em linha com o esperado. Embora seja um número elevado e o maior desde janeiro de 2016, é possível observar, segundo Carvalho, uma desaceleração se comparada a números anteriores

Nesta sexta-feira, 11, o IBGE divulgou o IBC-Br, mostrando um crescimento de 4,5% em 2021 em relação ao ano anterior. Um desempenho até razoávek dentro de um cenário adverso de inflação alta e aumento de juros.

Na semana também "tivemos importantes resultados do 4º trimestre de 2022 sendo divulgados. Dentre os bancos, o destaque positivo ficou para o Itaú, apresentando fortes números de crescimento, já os de Bradesco e Santander não agradaram tanto o mercado. Suzano e Klabin, beneficiadas pela alta da celulose, também vieram com resultado sólido no trimestre", relata Carvalho.

No cenário externo, o especialista destaca a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) norte-americano. O número de 0,6% em janeiro veio acima do esperado pelo mercado em 0,4%, o que levou a correções em mercados globais, contribuindo para que o FED realmente tome atitudes necessárias e eleve os juros.

Nos últimos 12 meses a inflação norte americana alcançou 7,5%, maior patamar em 40 anos. James Bullard, membro do Federal Reserve (o banco central americano)autoridade, já se posicionou com um aumento de 0,5% na próxima reunião, chegando a 1% até julho, enquanto a expectativa do mercado aponta para um aumento na ordem de 0,25%.