IPCA sobe 0,54% em janeiro e acumula alta de 10,38 em 12 meses, segundo IBGE
Alta foi puxada pelo grupo alimentação e bebidas. Transportes influenciou queda de 0,19% ante dezembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), considerado a inflação do país, subiu 0,54% em janeiro, 0,19 ponto porcentual abaixo do indicador de dezembro, de 0,73%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 9. Esse foi o maior resultado para o mês de janeiro desde 2016, quando contabilizou 1,27%.
A inflação de janeiro veio em linha com as projeções dos economistas que constam no último Boletim Focus, de 0,54%, e pouco abaixo da mediana dos analistas de 0,55%. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 10,38%, acima dos 10,06% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2021, a variação mensal foi de 0,25%.
Alimentação e bebidas exerceu maior peso no IPCA
O resultado mensal do IPCA foi influenciado, principalmente, pelo grupo alimentação e bebidas (1,11%), que teve o maior impacto no índice do mês (0,23 p.p.).
“Foi a alimentação no domicílio (1,44%) que influenciou essa alta. Mais do que a alimentação fora do domicílio, que desacelerou de 0,98% para 0,25%”, explica o analista da pesquisa, André Filipe Almeida.
Transportes puxou a desaceleração da inflação mensal
Já a desaceleração do índice de janeiro ante dezembro foi puxada pelos transportes – grupo com maior peso do IPCA – que recuou 0,11%, após subir 0,58% em dezembro. Esse foi o único dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados a ter queda em janeiro.
Esse recuo é consequência, principalmente, da queda nos preços das passagens aéreas (-18,35%) e dos combustíveis (-1,23%). Além da gasolina (-1,14%), também houve queda nos preços do etanol (-2,84%) e do gás veicular (-0,86%).
“Em relação aos combustíveis, os reajustes negativos aplicados nas refinarias pela Petrobras, em dezembro, ajudam a entender o recuo nos preços em janeiro”
André Filipe Almeida, analista da pesquisa do IBGE
Queda no preço da energia elétrica puxa baixa em habitação
Em habitação (0,16%), os preços desaceleraram em relação ao mês anterior (0,74%), principalmente por conta do recuo da energia elétrica (-1,07%), embora ainda permaneça em vigor a bandeira de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Houve ainda mudanças de Pis/Cofins, de ICMS e de tarifa de iluminação pública em algumas áreas pesquisadas.
Entre os demais grupos, a maior variação veio de artigos de residência (1,82%), com destaque para eletrodomésticos e equipamentos (2,86%), mobiliário (2,41%) e TV, som e informática (1,38%), cujos preços aceleraram em relação a dezembro.
IPCA recua somente em Porto Alegre
Com exceção de Porto Alegre (-0,53%), todas as áreas pesquisadas tiveram alta em janeiro. A maior variação ocorreu no município de Aracaju (0,90%), por conta do tomate (34,90%) e das frutas (6,41%). Na região metropolitana de Porto Alegre (-0,53%), houve queda nos preços da energia elétrica (-6,81%) e da gasolina (-6,20%).
INPC foi de 0,67% em janeiro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) reportou alta de 0,67% em janeiro, abaixo do resultado do mês anterior (0,73%), maior variação para o mês desde 2016 (1,51%). O indicador acumula alta de 10,60% nos últimos 12 meses, acima dos 10,16% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2021, a taxa foi de 0,27%.
Mercado aponta dinâmica inflacionária ruim
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, apesar de o IPCA de janeiro ter exibido uma variação bem próxima ao esperado pela mediana de 0,55%, os núcleos surpreenderam negativamente com altas expressivas, "denotando que a dinâmica inflacionária segue ruim". A média dos núcleos observados pelo BC trouxe variação de 0,88% ante expectativa de 0,81% projetado pela casa.
"Prospectivamente avaliamos que nossa projeção de 0,83% ganha contornos baixistas, ao passo que o resultado veio bem aquém do que o esperado. Contudo, a perspectiva de reajuste no preço de gasolina e a dinâmica ruim dos núcleos não aliviam a projeção de 4,7% desse ano. Essa análise é preliminar e muito em breve divulgaremos as novas projeções devidamente apuradas".
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos
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