Combustíveis pressionam IGP-DI em março; índice acumula alta de 30,63% em 12 meses
O aumento no preço dos combustíveis foram os principais responsáveis pela alta na inflação tanto no varejo quanto no atacado, segundo o Índice Geral de Preços…
O aumento no preço dos combustíveis foram os principais responsáveis pela alta na inflação tanto no varejo quanto no atacado, segundo o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado nesta terça-feira, 7, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O IGP-DI desacelerou de uma alta de 2,71% em fevereiro para 2,17% em março. No entanto, no ano, a alta já é de 7,99% e, em 12 meses, impressionantes 30,63%.
Para se ter uma ideia, em março de 2020, o índice havia variado 1,64% e acumulava elevação de 7,01% em 12 meses.
As principais contribuições para a aceleração da inflação ao consumidor partiram dos seguintes itens: gasolina (11,05%), etanol (17,33%), tarifa de energia (1,02%) e gás de bujão (4,04%), que juntos responderam por 77% do resultado final do Índice de Preço ao Consumidor (IPC), que integra o IGP-DI.
“Na contramão da inflação ao produtor e para a construção civil, a inflação ao consumidor foi a única a registrar aceleração em março", afirma André Braz, coordenador dos Índices de Preços da FGV.
Índice veio abaixo das estimativas do mercado
Para o time de analistas do BTG Pactual digital, apesar da desaceleração do indicador em março, que veio abaixo das estimativas do banco, é possível perceber que as pressões inflacionárias continuam altas.
"Todos os segmentos, exceto o IPC, apresentaram desaceleração. Assim, a aceleração do IPC no mês é advinda da continuidade da alta nos preços das commodities, com destaque para a aceleração nos preços do petróleo, e da desvalorização do real", afirma o banco, em nota.
O banco, no entanto, acredita numa tendência de desaceração dos preços, com base no desaquecimento da economia - resultado direto das novas medidas de isolamento pelo mundo -, além de uma esperada atuação firme por parte do Banco Central, que deve continuar em sua política de desestímulo mnonetário, aumentando as taxas de juros.
"No final de março, a retomada das medidas de isolamento social na Europa, reduziram a alta que o petróleo vinha apresentando, levando a queda das tarifas pela Petrobrás e reduzindo a pressão sobre os combustíveis para o mês de abril", afirma o banco. "Nesse sentido, esperamos para os próximos meses a continuidade da desaceleração dos índices, reduzindo a pressão sobre o IGP, devido à valorização do real a partir do processo de normalização da taxa Selic, estimulando a entrada de capital estrangeiro no Brasil, e do avanço do cronograma de vacinação", destaca.
Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o desafio da inflação continua. "É verdade que (o IGP-DI) veio abaixo das estimativas, mas estamos operando em patamar elevado. Este é o pior mês de março desde 1995 e isto por si só deixa evidente o tamanho do desafio para a autoridade monetária", afirma.
Evolução dos preços no varejo
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que apura a evolução de preços no varejo, subiu 1,00% em março, após variar 0,54% em fevereiro.
Cinco das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação: Transporte (2,29% para 3,89%), Habitação (0,08% para 0,75%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,29% para 0,57%), Vestuário (0,03% para 0,11%) e Comunicação (-0,07% para 0,01%).
Nestas classes de despesa, vale mencionar o comportamento dos seguintes itens: gasolina (6,90% para 11,05%), tarifa de eletricidade residencial (-0,88% para 1,02%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,13% para 0,98%), roupas (-0,29% para -0,06%) e mensalidade para TV por assinatura (0,00% para 0,55%).
Como ficaram os preços no atacado
Já no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que avalia os preços no atacado, a variação foi de 2,59% em março, ante 3,40% em fevereiro. Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais subiu de 1,80% em fevereiro para 2,30% em março. O principal responsável por este avanço foi o subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de 0,02% para 1,29%. O índice de Bens Finais (ex), que resulta da exclusão de alimentos in natura e combustíveis para o consumo, subiu 1,52% em março, contra 0,97% em fevereiro.
A taxa do grupo Bens Intermediários passou de 6,60% em fevereiro para 4,04% em março. O principal responsável por alta menos intensa foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 5,51% para 2,44%. O índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão de combustíveis e lubrificantes para a produção, variou 2,91% em março, ante 5,62% no mês anterior.
O estágio das Matérias-Primas Brutas variou 1,61% em março. Em fevereiro, a taxa havia registrado alta de 2,08%. Contribuíram para o movimento da taxa do grupo os seguintes itens: bovinos (6,81% para 1,33%), mandioca/aipim (3,47% para -6,33%) e algodão em caroço (12,53% para 2,56%). Em sentido oposto, vale citar milho em grão (2,81% para 4,58%), soja em grão (1,97% para 2,62%) e leite in natura (-4,32% para -2,26%).
Em contrapartida, os grupos Educação, Leitura e Recreação (0,12% para -0,37%), Alimentação (0,09% para 0,03%) e Despesas Diversas (0,24% para 0,22%) apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. Estas classes de despesa foram influenciadas pelos seguintes itens: cursos formais (0,63% para 0,00%), hortaliças e legumes (-2,43% para -4,95%) e alimentos para animais domésticos (1,57% para 0,64%).
Preços na construção
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 1,30% em março, ante 1,89% no mês anterior. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de fevereiro para março: Materiais e Equipamentos (4,38% para 2,84%), Serviços (1,00% para 0,74%) e Mão de Obra (0,12% para 0,16%).