Sem crédito corporativo, fundo de renda fixa paga 200% do CDI em 12 meses
O fundo de renda fixa Infinity Tiger apresenta um rendimento de 22,92% em 12 meses, o dobro do CDI, que ficou em 11,89% no período
Sem alocação em títulos privados ou corporativos, que costumam apimentar a carteira de muitos fundos de renda fixa, o Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF está rendendo 22,92% em 12 meses, até 28 de novembro. Esse resultado equivale a praticamente 200% do CDI, taxa que anda lado a lado com a Selic e hoje está em 11,89%.
O número, que situa o fundo como campeão dessa classe de ativos no período, foi obtido no banco de dados da plataforma em levantamento da Mais Retorno. De acordo com a gestora, o retorno vitaminado do fundo faz parte do “esforço e da estratégia pela busca de um prêmio acima de uma taxa de juros já elevada”. Acompanhe, em qualquer período, o fundo bate o CDI e a inflação.
O fundo da gestora Infinity, aberto a todo o público no varejo, tem 1.253 cotistas e patrimônio líquido de R$ 136,5 milhões. A taxa de administração é de 0,50% ao ano e a liquidez é D+1: a conversão da cota é feita na data do pedido e o pagamento chega ao cotista no dia seguinte.
O Infinity Tiger é um fundo de renda fixa ativo que movimenta as principais posições nos mercados de juros, câmbio e inflação, explica André Ximenez, superintendente de investimentos da Infinity Asset Management. “As operações são feitas com títulos públicos, derivativos e opções, sem alavancagem.”
O fundo é o menos conservador da família de fundos de renda fixa da gestora. “Ainda sim, o risco é bastante controlado”, assegura Ximenez. Os três fundos (Select, Lotus e Tiger, o trio de produtos da gestora) compartilham da mesma estratégia, o que muda é o nível de risco entre eles. O Infinity Select é o mais conservador, com resgate em D+0: pagamento ao cotista no mesmo dia da solicitação de resgate.
O Infinity Tiger também apresenta desempenho superior à inflação e ao CDI em prazos mais longos, um pouco mais de 10 anos, como mostra o gráfico abaixo.
Uma das estratégias do fundo é assumir, por exemplo, uma posição vendida em títulos IPCA, via mercado de derivativos, operação que rende ganho para o cotista com a abertura da taxa de juros reais. O gestor não usa dinheiro de caixa para o desenvolvimento dessa estratégia.
No mercado de juros, o fundo monta posições relativas em inclinação da curva de juros, enquanto em inflação se posiciona em títulos públicos, derivativos ou em uma combinação de ativos. Uma das estratégias consiste em uma operação em inflação implícita, para apropriação da diferença entre o juro nominal e o real.
No mercado de câmbio, a atuação é mais tática via opções, com operações que servem também como proteção para o portfólio (hedge).
O fundo trabalha com um mix de estratégias entre gestão de caixa mais eficiente (com desembolso de caixa), que busca um alfa em relação ao CDI, aliado a uma gestão de derivativos e opções que buscam posicionamento de médio e longo prazos, de forma dinâmica e controle de riscos. “O fundo busca sempre proteger sua carteira para evitar grandes drawdowns (volatilidade, medida sobretudo pela queda do valor de um ativo em relação a sua cotação máxima).”
Ximenez explica que a ideia dos fundos sob gestão é a construção de um portfólio mais equilibrado, sem grandes apostas. “A estratégia consiste na montagem de várias e pequenas posições, para construção de retorno de forma bastante diversificada e sempre protegida.”
Fundo ou CDB, qual rende mais?
É uma comparação que, de cara, pende em favor dos fundos. Os bancos de primeira linha emitem em geral CDBs com uma taxa em torno de 100% do CDI, afirma Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores. “Só por esse parâmetro, os fundos conseguem bater em larga escala a remuneração dos CDBs pós-fixados”, pontua.
Já os bancos de segunda e terceira linha oferecem taxas mais altas como porcentual do CDI. “Dependendo do capital ofertado, pode chegar a algo como 110%, 115% e até 130% do CDI”, mas, quanto menor a classificação de risco da instituição emissora, mais arriscado é o investimento.
É por isso que bancos menores pagam mais nos CDBs pós-fixados, “mas nenhum deles vai conseguir bater a rentabilidade desse fundo (o Infinity Tiger), que gira em torno de 200% do CDI”.
Ativos diferentes
Ricardo Jorge destaca ainda que a comparação envolve dois ativos diferentes. “O risco no CDB é o de crédito, um possível default (quebra) do banco emissor, enquanto em um fundo é o de gestor, que pode fazer um investimento ruim e entregar retorno aquém das expectativas.”
O especialista em renda fixa e sócio da Quantzed cita o Infinity Tiger como exemplo para enfatizar que, “para entregar uma rentabilidade de 100% do CDI, esse fundo precisou assumir um pouco mais de risco”, analisa. “Não existe almoço grátis, como se diz no mercado”, lembra. “Certamente, o gestor decidiu assumir risco maior em alguma estratégia, que deu certo e conseguiu gerar um rendimento muito positivo para o fundo.”
Ricardo Jorge afirma que o risco no CDB, associado ao compromisso do banco de pagar determinada taxa, é muito menor que em um fundo de investimento. “Em um fundo, o investidor tem o risco do dia a dia do gestor, que, por exemplo, pode entregar um rendimento de 20%, em vez de 200%, que poderia proporcionar”, comenta. “Em um CDB, o investidor corre o risco de crédito do agente emissor, se o banco quebra e não consegue pagar o resgate.”
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