Conheça 8 fundos DI que rendem mais de 12% em um ano e pagam o dobro da inflação no período
Ativos superam o CDI e proporcionam ganho real em torno de 6%
Alguns fundos DI se destacam com a escalada da Selic. Oito deles rendem mais de 12% em 12 meses. Um retorno que dá quase o dobro da inflação, embutindo juro real ao redor de 6%. E, de quebra, ganha também do benchmark dessa classe de ativos, o CDI.
É verdade que a Selic mesmo em alta, desde março de 2021, continuou apanhando da inflação até o fim do primeiro semestre deste ano. Foi quando o jogo virou. A Selic em alta assumiu a dianteira na corrida com o IPCA, em deflação, a partir de julho. Seguiram-se três meses seguidos de inflação negativa (queda de 0,68% em julho, de 0,36% em agosto e deflação de 0,29%, em setembro). E, como os juros devem ficar em níveis elevados por um tempo maior, esses fundos vão continuar em destaque.
Rendimento em 12 meses
Saiba mais sobre os fundos DI líderes
O campeão em rentabilidade é o TG Liquidez I FI RF. O fundo da gestora TG Core Asset lidera o ranking de 12 meses, com ganho acumulado de 12,47%. É um fundo que, em termos nominais, remunera 100% acima da inflação. Descontado o IPCA de 6,04%, paga um juro real acima de 6%. E supera também o CDI de 11,89% acumulado no período.
O BTG Pactual Digital Tesouro Selic Simples FI RF, que completa a lista dos oito mais rentáveis, entregou um rendimento de 12,02% nos últimos 12 meses. A diferença de retorno entre o fundo que está na ponta e o que fecha o ranking é de apenas 0,45 ponto porcentual ou 0,40%.
Rentabilidade à parte, dois fundos têm patrimônio acima de bilhão. O Trend DI Simples FI RF, com 151.886 cotistas, detém patrimônio de R$ 8,469 bilhões; e o BTG Pactual Digital Tesouro Selic Simples FI RF faz gestão de R$ 3,461 bilhões de 30.258 cotistas.
Retorno em 2022
Fundo | Rend. 2022 | Patrimônio em R$ | Cotistas |
---|---|---|---|
TG Liquidez | 11,56% | 35,258 mi | 7,62 mil |
Vitreo Selic | 11,24% | 817,840 mi | 14,71 mil |
BTG Pactual Investmais | 11,22% | 114,947 mi | 70,11 mil |
Órama Simples | 11,19% | 285,721 mi | 6,55 mil |
Trend Simples | 11,18% | 8,469 bi | 151,88 mil |
Trend INB Simples | 11,18% | 188,509 mi | 362,41 mil |
PI Selic Simples | 11,17% | 32,980 mi | 4,52 mil |
BTG Pactual Digital Tes. Selic | 11,14% | 3,461 bi | 30,24 mil |
A curta distância que separa a rentabilidade desses fundos está ligada à composição da carteira. O ponto comum de gestão em todos é a alocação dos recursos do portfólio em Letras Financeiras do Tesouro (LFTs). São títulos da dívida pública federal, conhecidos na plataforma do Tesouro Direto como Tesouro Selic, indexados à taxa básica de juros, a Selic.
Rentabilidade foi turbinada pela alta da Selic
A alocação dos recursos nas LFTs obedeceu a uma estratégia dos gestores de pegar carona no ciclo de elevação dos juros. Como são títulos pós-fixados, o rendimento captou toda a alta da Selic nos últimos 12 meses.
No início dessa contagem, no fim de 2021, a Selic estava acomodada em 9,25% ao ano. Em alta contínua ao longo de 2022, até agosto, a Selic encerrou o ciclo de aperto monetário equilibrada em 13,75% ao ano.
Os três meses consecutivos de deflação fez a inflação de 2022, de 5,49% acumulada até junho, encolher para 4,09%, em outubro. A queda do IPCA nesses meses foi consequência de medidas tributárias adotadas pelo governo que reduziram ou isentaram de impostos combustíveis e energia.
A escorregadela da inflação para o terreno negativo combinada com a continuidade do ciclo de alta da Selic encorpou o ganho real dos títulos indexados à taxa básica e dos fundos com esses ativos na carteira.
Manutenção dos juros elevados favorece os DI
A atratividade desses títulos e dos fundos que alocam o portfólio neles, como os fundos DI, avaliam especialistas, se mantém e deverá persistir até que o Banco Central inicie o processo de redução da Selic.
Inicialmente previsto pelo mercado para meados de 2023, o início do afrouxamento monetário tenderia a ser empurrado mais à frente, dependendo do arranjo fiscal no próximo ano. Expectativas negativas cercam a condução das contas públicas sob o novo governo, comandado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
A sinalização de aumento de gastos sem contrapartida em elevação de receitas ou corte de despesas tem levado os agentes econômico-financeiros a prever uma piora do risco fiscal. E isso poderia gerar uma pressão sobre a inflação e o Banco Central a adiar o corte da Selic.
Nos dias de maior estresse com o cenário fiscal, em período recente, a curva de juros futuros inverteu a esperada trajetória de cortes na Selic para a previsão de que até 15% no próximo ano. Uma expectativa que, se materializada, só tende a fortalecer ainda mais a atratividade dos fundos DI.
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