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Futuros americanos operam em alta e ômicron segue no radar nesta segunda-feira
Economia

Estagflação: o que é e como se defender dela

Cenário combina economia com crescimento menor e inflação em trajetória de alta

Data de publicação:14/09/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Estagflação é uma combinação de baixo crescimento, altos índices de inflação e altas taxas de desemprego. Cenário bastante prejudicial para o Brasil, trata-se de uma realidade que está se impondo também sobre a economia mundial, principalmente após a chegada da variante Delta.

Com grande parte da população dos países desenvolvidos já vacinada, as medidas de restrição são menos enérgicas.  O problema se situa nos demais países, responsáveis pela produção de componentes importantes e que têm sofrido com desabastecimentos e novos lockdowns, causando novos aumentos de preços via choques de oferta. 

fluxo de capital estrangeiro

Década de 70

Contradizendo a curva de Phillips, onde inflação e desemprego possuem uma relação inversa, a estagflação é um fenômeno novo para quem não viveu a década de 70.  Essa foi a época em que os EUA enfrentaram os altos preços do petróleo em função de um boicote imposto pela OPEP.  Como resultado, a economia norte-americana encolheu enquanto a inflação decolou.

Um maior estímulo à economia, dado o contexto geopolítico, apenas causaria mais inflação, gerando um ciclo vicioso que pouco faria pela redução do desemprego. Constatou-se então a necessidade de se endereçar os problemas estruturais que desequilibravam a economia.

Como o mais amargo dos remédios, a implementação de taxas estratosféricas de juros, como as que foram adotadas durante a gestão de Paul Volcker à frente do Fed pois, sem um ambiente de inflação controlada, não haveria como se criar as condições para um crescimento sustentável.

Reversão

Estímulos por parte de governos só funcionam quando usados temporariamente.  Com muitos deles sendo revertidos ou até mesmo subsidiados via aumento de impostos, o próximo passo é a elevação dos juros.  Isso já começou em muitos países emergentes. 

O fato de as principais economias se utilizarem de programas de compras de ativos lhe dão alguma folga para ajustes antes de efetivamente recalibrarem os seus níveis de juros, ainda que bastante distantes dos praticados no passado.  Isso é especialmente válido para o Fed, que possui uma preocupação adicional com o nível de emprego, dado o seu mandato duplo. 

Considerando o processo de adaptação de uma economia global que cresce pouco, mas que enfrenta preços mais altos, outras oportunidades deveriam entrar no radar.

Proteção

O que aconteceria com os investimentos em renda fixa e variável, que os aplicativos tanto promovem, em um ambiente onde os preços sobem mais que o previsto?  Eles passariam a valer menos, pois os seus fluxos futuros precisam ser descontados a uma taxa maior.

Dito isso, é impossível dissociar ativos como imóveis, terras e infraestrutura do sinônimo de proteção contra a inflação. Não por outro motivo, o apego de gerações mais velhas a propriedades e, mais recentemente, fundos imobiliários.

Entre as suas características, contratos que preveem o reajuste pela inflação, seja via arrendamento, concessão ou aluguel.  Adicionalmente, são ativos que tendem a ter um desempenho melhor quando determinado patamar de inflação se torna mais recorrente.

O desafio está em se imaginar os imprevistos que poderiam atingir substancialmente projetos que deveriam prover uma renda constante por décadas.  Como antecipar as metas de descarbonização ou até mesmo as mudanças climáticas?

Uma outra dificuldade diz respeito ao próprio acesso a esses tipos de investimento.  Oferecidos prioritariamente aos fundos de pensão, eles não estão ao alcance do pequeno investidor.  Assim, restam apenas os ETFs setoriais ou as ações de determinadas companhias, o que reduz bastante os ganhos.  

Novas regras

Sob novas regras, a atratividade dessa classe de ativos dependeria de alguns fatores.

Metas climáticas mais ambiciosas fariam com que toda a economia se esforçasse para se adaptar a elas.  Alguns negócios, mais poluentes, sofreriam mais do que outros.  Além do risco de reprecificação, a dificuldade de se honrar dívidas e até mesmo obter financiamento, conforme essas regras passam a valer também para os intermediários financeiros.

Um segundo fator seria a maior ocorrência de desastres climáticos, impactando instalações físicas e edificações.  Haveria não só o encarecimento dos seguros contra riscos dessa natureza como alguns simplesmente deixariam de ser oferecidos. 

Private Equity

Ao invés de se investir em fundos, a alternativa é a de se direcionar recursos diretamente para as empresas de private equity.  Nesse novo modelo, lista-se em bolsa uma companhia que, por sua vez, detém a participação em várias empresas, cada uma com o seu respectivo nicho de atuação.

Diferentemente dos fundos de private equity comuns, onde o retorno depende do sucesso dos negócios adquiridos, aqui o investidor recebe como remuneração parte da taxa de gestão, cujo valor tende a subir conforme o AUM ganha corpo.

Uma outra limitação que esse tipo de investimento endereça é a impossibilidade de se sair de um fundo antes do prazo.  Ao se tornar um instrumento listado em bolsa, quem assim desejar pode se desfazer de sua posição aos poucos, fomentando um mercado secundário onde investidores de varejo também podem participar, sem a necessidade de grandes aportes.

Por fim, o instrumento que se assemelha a um FOF de private equity pode emitir novos papéis, conforme novos negócios surgem. Isso é uma vantagem e tanto, considerando que até pouco tempo atrás era preciso concluir uma “safra” (período de amadurecimento de um negócio) para se iniciar outra.

Conclusão

A economia mundial passou a funcionar sob um dinâmica diferente. Em vez de baixo crescimento e baixa inflação, como o ambiente que prevaleceu antes da pandemia, agora o cenário é de um crescimento menor frente a uma inflação maior.

Dito isso, não se pode esperar obter ganhos investindo da mesma forma de antes, visto que os preços dos ativos refletem nada mais do que as condições econômicas vigentes.  Diante de fatos novos, carteiras com títulos de renda fixa e ações são recalibradas com outras variedades como ativos reais e fundos alternativos.

Essa mudança de rota exige novos conhecimentos como o impacto das mudanças climáticas em negócios de longa maturação.  Além disso, a busca por nichos de mercado, não tão expostos à volatilidade nos preços dos tempos atuais.  Diante de tantas incertezas, valem a flexibilidade e a diversificação, seja para investir no Brasil, seja para investir no exterior.

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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