Em dia de Copom sem surpresas, Bolsa sobe 0,50% e dólar recua a R$ 5,53
Essa é a quinta alta consecutiva do Ibovespa
Ainda na expectativa de divulgação da nova Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) Bolsa de Valores fechou minutos antes em leve alta de 0,50%, aos 108.096 pontos, no quinto dia consecutivo de valorização. A Selic acabou mesmo sendo elevada para 9,25% ao ano, com ajuste de 1,5 ponto porcentual.
A alta do Ibovespa ao longo do dia refletiu o bom-humor do mercado com a promulgação, de forma fatiada, da PEC dos Precatórios, além de acompanhar o movimento das bolsas americanas. Em contrapartida, os dados fracos das vendas do varejo em outubro divulgados hoje aumentaram a percepção de que a economia brasileira está desacelerando, o que segurou o mercado, impactando negativamente as ações de varejistas e dos bancões, impedindo um avanço maior da Bolsa nesta quarta-feira, 08.
De acordo com o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo caíram 0,1% em outubro ante setembro, enquanto a mediana das expectativas girava em torno de alta de 0,6%. Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, ressalta que a curva de juros fechou majoritariamente em baixa repercutindo o resultado que ele considera como "péssimo" para a economia.
"Com mais um dado ruim da economia brasileira, o que comprova uma desaceleração mais rápida do que o projetado (efeito da alta dos juros e situação macro em geral), os investidores reduzem a expectativa de inflação para os próximos anos e, por consequência, de maior necessidade do BC em subir os juros, o que resulta na redução do prêmio da curva de juros."
Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora
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Cenário externo e dólar
Nos Estados Unidos, as bolas fecharam o pregão desta quarta-feira em alta, acompanhando a redução da cautela quanto à ômicron, a nova variante de coronavírus. Os índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq 100 avançaram 0,30%, 0,10% e 0,42%, respectivamente.
Enquanto isso, o dólar fechou em queda acentuada de 1,42%, cotado a R$ 5,53, também refletindo o alívio de curto prazo com a covid-19. Além disso, a promulgação da PEC dos Precatórios por aqui também contribuiu para a baixa da moeda americana, uma vez que a aprovação da proposta que viabiliza o pagamento do Auxílio Brasil traz mais clareza quanto ao rumo fiscal do País.
Na direção oposta dos EUA, as bolsas europeias também recuaram neste pregão. Por lá, os investidores seguem renovando temores acerca da variante ômicron do coronavírus e a perspectiva de que mais restrições sejam adotadas no continente por conta de sua disseminação.
O movimento vem também após duas sessões de ganhos das praças europeias nesta semana. De acordo com o Financial Times, o governo do Reino Unido deve restringir a circulação de pessoas não vacinadas contra a covid-19 em face da nova cepa.
Sobe e desce da Bolsa
Construção civil e shoppings
Com a queda da curva de juros neste pregão da Bolsa, as ações dos setores de construção civil e shoppings são as principais beneficiadas. Vale lembrar que um cenário de juros altos reduz o consumo, por conta do encarecimento dos processos de financiamento e tomada de crédito. Dessa forma, as construtoras Eztec, MRV e Cyrela saltaram 6,44%, 5,88% e 5,27%, enquanto as redes de shoppings Iguatemi e Multiplan avançaram 1,28% e 3,44%, respectivamente.
Varejistas e bancos
A deterioração contínua do cenário macroeconômico brasileiro atingem diretamente as empresas ligadas ao consumo direto, como é o caso das varejistas e dos próprios bancos, que têm uma parte da receita ligada aos empréstimos. Com a redução das vendas, a expectativa dos analistas é de que a receita dessas companhias seja menor nos próximos meses, o que pode impactar nos rendimentos pagos aos acionistas.
Neste contexto, a gigante Magazine Luiza despencou 10,63% no pregão, liderando as baixas da Bolsa neste pregão. Já os bancos Itaú, Bradesco e Santander recuaram 0,96%, 0,62% e 0,21%.
Minério de ferro na Bolsa
A quarta-feira foi um dia de estabilidade para o minério de ferro nos mercados internacionais e a maioria das empresas ligadas à commodity do País reagiram negativamente. Vale, CSN e Gerdau caíram 0,75%, 1,27% e 0,07%, na sequência, enquanto a Usiminas avançou 0,87%.