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Renda Variável

Dividendos: confira as ações em que ainda vale a pena investir, mesmo com a desvalorização de outubro

As oportunidades estão nas empresas com maior peso no Ibovespa

Data de publicação:05/11/2021 às 07:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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O mar não esteve para peixe na Bolsa em outubro. A B3 terminou o período com um tombo de 7,37%. Caiu de 111.740 pontos para 103.500, ao longo do mês.

Os investidores com recursos alocados em renda variável assistiram com apreensão uma queda generalizada no preço das ações, porém, a boa notícia é que ainda há boas oportunidades para quem está em busca de proventos distribuídos pelos ativos - dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Foto: Envato
Apesar da queda forte da Bolsa em outubro, algumas ações ainda são atrativas pelos dividendos que distribuem - Foto: Envato

A alta da Selic – que tende a chegar aos dois dígitos em 2022 - tem incentivado investidores a mudar suas posições para a renda fixa, pela concorrência oferecida por alguns títulos do Tesouro Direto, principalmente os atrelados ao IPCA, que estão sendo negociados com margens de 12% ao ano.

Mesmo com muitas ações descontadas, há companhias sólidas, com forte geração de caixa e que estão colhendo os frutos da retomada econômica. O resultado disso é a obtenção de lucros parrudos e, consequentemente, a entrega de dividendos altos.

Segundo Lucas Cintra, especialista da Valor Investimentos, para identificar essas companhias um dos pontos a serem avaliados é a geração de lucro. “Se a empresa estiver com um lucro significativo e com excedente de caixa, sem a intenção de investir nela mesma, é um sinal importante de que ela pagará bons proventos”.

Cintra afirma que as companhias com maior peso na cesta de ativos do Ibovespa – Vale, Petrobras e grandes bancos – além das empresas do setor elétrico são ótimas opções para quem quer manter seus investimentos em renda variável de olho em dividendos.

Grandes bancos

Tradicionais pagadores de proventos mensais – entre dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) - os grandes bancos têm entregado um dividend yield médio na faixa dos 10% aos seus acionistas, mesmo em períodos de incertezas nos campos político e monetário do País.

No segundo trimestre, os gigantes do setor financeiro – Itaú, Bradesco e Santander – apresentaram balanços com lucro líquido acima do esperado. Juntos, os três bancos somaram R$ 17 bilhões, resultado 68,2% superior ao registrado no mesmo período de 2020, além de um nível de provisões menos elevado.

Inaugurando a temporada do trimestre seguinte, que também deve trazer números positivos, o Santander apresentou um lucro líquido gerencial de R$ 4,340 bilhões, alta de 13,1% sobre a mesma base comparativa do ano passado.

Na sequência, o Itaú reportou lucro líquido de R$ 5,8 bilhões no período, avanço de 28,6% em relação ao terceiro trimestre de 2020. “O Itaú é o maior banco da América Latina e mesmo que haja queda nos resultados, o banco sempre fará a distribuição de dividendos”, diz o analista da Valor Investimentos.

Cintra destaca como exemplo o Banco do Brasil. “Por ser mais estável, o banco entrega dividendos menores. Mesmo assim, a última distribuição de proventos projetou um dividend yield de cerca de 15%”, analisa

Commodities

Responsáveis por quase 25% da cesta de ativos do Ibovespa, a Petrobras e a Vale não têm uma dinâmica de pagamento de dividendos constante como os bancos. Porém, de acordo com o analista da Valor, quando ocorre a distribuição, os montantes são expressivos.

O último pagamento de dividendos da Vale – a empresa esteve presente entre as recomendações de quatro casas de investimentos para alocação de ativos em outubro – foi significativo: R$ 40,2 bilhões ou R$ 8,10 por ação.

E novamente a mineradora se destacou com os números do último balanço divulgado no mês passado: lucro líquido de US$ 3,886 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 34% sobre a mesma base de comparação de 2020.

“Nossa geração de caixa continua robusta, superando o último trimestre (segundo) em 18%, um ritmo que permitiu o pagamento de dividendos históricos em 2021”, reforçou a Vale no balanço divulgado ao mercado.

Com a queda no preço da tonelada do minério de ferro, após uma temporada de forte alta, os analistas acreditam que os dividendos da mineradora não devem vir nesse patamar histórico, mesmo assim devem se destacar entre seus pares.

De acordo com o analista da Valor Investimentos, é possível que no próximo mês a Vale faça um novo provisionamento de pagamento de dividendos.

Recentemente, a Petrobras informou que seu conselho de administração aprovou o pagamento de uma nova antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2021 no valor total de R$ 31,8 bilhões – ou R$ 2,437 por ação preferencial e ordinária.

Essa distribuição se soma aos R$ 31,6 bilhões anunciados em 4 de agosto, totalizando R$ 63,4 bilhões.

Apesar de estar na mira da privatização e ser alvo de críticas constantes feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, a Petrobras deve continuar entregando bons dividendos aos acionistas em suas próximas distribuições, apontam os analistas, por conta, entre outros fatores, da alta do preço do combustível.

Elétricas

Outro setor que tem um peso significativo na Bolsa é o elétrico. Na visão de Cintra, mesmo as geradoras, que são as mais afetadas pela crise hídrica, não deixarão de entregar bons dividendos aos seus acionistas.

“Essas companhias têm contratos longos de prestação de serviço por quilowatt/hora, além de manter um fluxo de caixa constante”, avalia o especialista.

Entre as companhias que têm entregado bons proventos, segundo ele, estão as empresas Copel, Transmissão Paulista (ISA Cteep) e Taesa.

Uma das favoritas do investidor de longo prazo, a ISA Cteep reportou lucro líquido de R$ 188 milhões no terceiro trimestre, queda de 53% ante o mesmo período do ano passado, quando recursos não recorrentes, segundo a companhia, entraram no caixa.

Recentemente, a companhia de transmissão de energia elétrica anunciou pagamentos de dividendos intermediários e JCP que somam R$ 862 milhões – ou R$ 0,529 em dividendos por ação e R$ 0,78 em JCP.

A Taesa também aparece como ativo recomendado para o investidor que mira dividendos para novembro. De acordo com o BTG Pactual, o dividend yield projetado da companhia para este ano é de 12% e de 8,90% para 2022.

Outras empresas

Cintra recomenda atenção a outras empresas, como é o caso da Cyrela, do setor imobiliário, e da Gol.

Em relação à incorporadora, o analista da Valor aponta que a empresa tem um histórico de bons pagamentos de dividendos. Além disso, reportou mais um conjunto de números positivos em sua prévia operacional do terceiro trimestre deste ano.

Segundo o documento da Cyrela enviado ao mercado, entre julho e setembro deste ano, a construtora lançou 12 novos empreendimentos, totalizando um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 2,2 bilhões, avanço de 33,2% em relação aos mesmos três meses de 2020.

“A empresa vem de uma temporada forte de lucros no ano passado por conta do aquecimento do mercado imobiliário no fim do ano passado, motivado pela queda na taxa de juros. Apesar de vivenciar um cenário de Selic em alta, mesmo assim continua sendo uma boa pagadora de dividendos”, destaca Lucas.

Já sobre a Gol, embora tenha passado por períodos de vacas magras por conta da pandemia, Cintra enfatiza que a companhia aérea tem muitos recebíveis no radar para entrar no caixa da companhia.

Além disso, no último mês de setembro, a empresa concluiu o processo de refinanciamento de sua dívida de curto prazo e recebeu novos investimento. A aérea vendeu 5,2% de seu capital social para a American Airlines, que desembolso US$ 200 milhões.

Casas de investimentos como o Goldman Sachs e BTG Pactual recomendam a compra de ação da companhia com preço-alvo de R$ 28,60 e R$ 31, nesta ordem.

Sobre o autor
Julia Zillig
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