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Bolsa
Mercado Financeiro

Como ter ganhos e proteger o dinheiro no atual cenário? Há várias opções, tanto na renda fixa como na variável; confira

Ações descontadas na Bolsa e dólar acenam com possibilidades de ganhos; Tesouro IPCA oferece proteção

Data de publicação:28/03/2022 às 00:30 -
Atualizado 3 anos atrás
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Poucas vezes o investidor teve tantas opções para proteger e remunerar bem o seu patrimônio. Recuperação da Bolsa de valores, juros altos e dólar em queda compõem um cenário raro em que ações de setores que estão descontados na Bolsa acenam com possibilidade de ganhos, enquanto ativos dolarizados e investimentos em juros, como o Tesouro IPCA, oferecem proteção.

Diversificação é o nome da estratégia a ser adotada em um contexto que indica continuidade de valorização das commodities, mas com muitas incertezas lá fora em relação aos desdobramentos da guerra na Ucrânia, à inflação global e aos rumos da economia chinesa, e também internamente com a corrida eleitoral e os riscos fiscais de volta ao debate.

bolsa
Fonte: Mais Retorno

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, já subiu 13,60% este ano, um resultado que pode causar estranheza diante dos fundamentos macroeconômicos deteriorados, mas que é justificado pela entrada do capital estrangeiro e, nesse momento, em busca de papeis de commodities.

Aliás, o comportamento é bem desigual dentre ações de companhias de diferentes segmentos na Bolsa. Enquanto os destaques ficam com as empresas exportadoras, as de varejo trafegam pelo vermelho em vários períodos, mas começam a reagir em março.

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Fonte: Mais Retorno

Uma disparidade que se acentua quando considerado o período de 24 meses. Dados de um levantamento exclusivo, feito com o uso da ferramenta Comparador de Ativos, da Mais Retorno, apontam que o Ibovespa acumula valorização de 70,78% desde a mínima de 63.569 pontos, em março de 2020, no pior momento do índice após a chegada da pandemia do coronavírus.

VALE3 e PETR3 sobem mais que o Ibovespa no ano e nesse período. A ação da mineradora acumula valorização de 26,85% no ano e de 220,70% em 24 meses, e a Petrobras, de 14,01% no ano e 219,70%, em 24 meses.

Oportunidades de ganhos

Outras ações, como as empresas de varejo e construção civil, acumulam perdas nesses períodos, mas ensaiam reação. O cenário de inflação e juro pode passar a favorecer esses setores, de acordo com os especialistas, e aí estariam as oportunidades, para além das empresas de commodities.

São também os segmentos em que os analistas veem preços descontados em relação ao potencial existente, caso se confirme o cenário mais otimista – queda de inflação a partir de maio, mês também de provável encerramento do ciclo de elevação da Selic.

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Fonte: Mais Retorno

As ações do setor varejista foram as que mais sofreram com a pandemia, escalada da inflação e ciclo de alta dos juros. No ano, apenas Lojas Renner, a LREN3, está no azul, com alta de 12,85%, segundo o Comparador de Ativos. Via, a VIIA3, recua 24,38% e Magazine Luiza, a MGLU3, 9,42%.

A perspectiva de virada de cenário, com inflação em desaceleração e fim da alta dos juros, faz das companhias de varejo uma das grandes apostas de analistas e gestores. “A queda da inflação e dos juros, principalmente futuros, aumenta o poder aquisitivo e o consumo da população”, avalia Gustavo Bertotti, head de Renda Variável da Messem Investimentos.

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Fonte: Mais Retorno

Especialistas afirmam que a Bolsa de Valores avaliada pelo Ibovespa vai relativamente bem este ano, mas a base de alta está concentrada nas companhias de commodities. E outros segmentos podem reagir, além do varejista, estimulados por maior previsibilidade de inflação e juros.

Renda fixa é também atraente

Semana que passou foi farta em notícias sobre inflação e juros - tom mais duro sobre inflação na ata da última reunião do Copom, estimativa de IPCA mais elevada nos dados do Banco Central (BC) e do IBGE e, por fim, falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que pretende encerrar o ciclo de alta em maio, com a Selic em 12,75% ao ano, um ponto porcentual acima de 11,75%, a taxa básica de momento.

As declarações de Campos Neto levaram a dois dias seguidos de correção generalizada dos juros futuros para baixo e animou o mercado financeiro.

Especialistas preveem que, tendo esse cenário como o mais provável e a perspectiva de que a Selic seja mantida em 12,75% ao ano por um bom tempo, o investidor tem várias estratégias atraentes de diversificação em renda fixa. Em títulos públicos, no Tesouro Direto, ou em títulos privados.

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Tesouro IPCA oferece proteção contra alta da inflação - Foto: Envato

Quem não acredita em inflação comportada e quer garantir proteção para o dinheiro ficará mais confortável em um Tesouro IPCA, diz Victor Zucchi Meneghel, especialista em Renda Fixa da Valor Investimentos. O juro prefixado desse título também está em queda, com a perspectiva de inflação em desaceleração, a partir de maio, e fim de alta da Selic.

Tesouro IPCA 2026, com vencimento em 15/08/2026, foi ofertado na sexta-feira, 25, por 4,93% ao ano – um dia antes, na quinta, estava em 5,18% ao ano. O juro real, seguro contra a inflação, pode ficar menor, mas a correção monetária estará assegurada, qualquer que seja a inflação.

O fim do ciclo de elevação da taxa básica estabilizará o rendimento do Tesouro Selic. Mas como a Selic tende a ser mantida em patamar elevado, o ganho do investidor tende a continuar rodando acima da inflação. O Tesouro Selic é um título com juro pós-fixado atrelado à Selic.

A revisão nas expectativas da Selic e do ciclo de alta levou também à queda da taxa do Tesouro Prefixado 2025. O juro prefixado desse título recuou de 11,77% na quinta-feira, 24, para 11,53%, na sexta. Uma taxa que pode ser considerada atraente se a inflação ficar comportada.

Por essa taxa, previamente acertada, que não sofre alteração até o vencimento do título, qualquer que seja a trajetória da inflação e dos juros no mercado, o investidor terá ganho apenas se a variação do IPCA ficar abaixo de 11,53% a cada ano.

Meneghel lembra ainda das opções existentes entre os títulos bancários e de crédito privado, com taxas atraentes, que o investidor pode aproveitar no atual patamar: CDBs com liquidez diária, após 30 dias, que remunerem acima do CDI, LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), emitidas por bancos.

Como essas letras são isentas de imposto de renda, uma taxa equivalente ao CDI já as tornaria competitivas. As debêntures incentivadas, isentas de imposto, emitidas por empresas com boa nota de crédito também teriam destaque em uma carteira diversificada, segundo o especialista.

A proteção em ativos dolarizados

Com queda acumulada de 14,72% no ano, cotado por R$ 4,75 na sexta-feira, 25, a fraqueza do dólar também oferece oportunidades. A cotação tem sucumbido à valorização das commodities e à avalanche de capital estrangeiro, que tem aportado na Bolsa de Valores e na renda fixa – na Bolsa, para a compra de ações ligadas a commodities, uma das preferidas dos estrangeiros, e na renda fixa, para tirar proveito dos juros altos.

À dúvida sobre como investir nesse cenário de queda persistente do dólar, Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, é taxativa: “Não invista no dólar, invista em dólar”.

Investir em dólar é investir em ativos dolarizados – como ações de empresas estrangeiras, títulos de renda fixa global, BDRs, ETFs e fundos de investimento internacionais. Uma diversificação de riscos entre moedas e geografias que podem adicionar ganho também pela variação dólar.

Uma possibilidade que acrescenta atrativo, segundo especialistas, porque o País continua convivendo com potenciais fatores de pressão sobre o câmbio. Dois deles: incertezas fiscais, agravadas pelos gastos populistas, e políticas em ano de eleição presidencial.

A menos que o objetivo seja garantir o valor do dinheiro para uma viagem fora do País, a compra de dólar embute volatilidade e falta de previsibilidade que “não tendem a combinar com uma carteira equilibrada e de longo prazo”.

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.