Pré, Pós ou híbrido? Qual título de renda fixa devo investir?
Qualquer formação de riqueza passa necessariamente por 3 pontos: Uma renda que cresce ao longo do tempo; Permitindo receitas acima das despesas; Cuja diferença é investida…
Qualquer formação de riqueza passa necessariamente por 3 pontos:
- Uma renda que cresce ao longo do tempo;
- Permitindo receitas acima das despesas;
- Cuja diferença é investida para aumentar o patrimônio.
Dito isso, um investidor precisa selecionar as suas prioridades em função da ordem cronológica da vida. As necessidades de curto prazo devem ser supridas antes dos objetivos de médio e longo prazo para que sobre dinheiro sempre.
Para novos investidores encontrar tantas opções de títulos no mercado pode parecer uma tarefa difícil. Mas investir é muito mais fácil do que você imagina. E é isso o que você vai descobrir na sequência.
O que é um título de renda fixa?
Um título de renda fixa é uma aplicação com as seguintes características:
- Principal – o montante investido;
- Juros – a taxa de remuneração (prefixada, pós-fixada ou atrelada a um índice);
- Vencimento – por quanto tempo o dinheiro ficará investido.
Sua tributação é em função do prazo:
- 22,50% para valores (juros e principal) creditados em 6 meses;
- 20,00% para valores (juros e principal) creditados entre 6 e 12 meses;
- 17,50% para valores (juros e principal) creditados entre 12 e 18 meses;
- 15,00% para valores (juros e principal) creditados após 24 meses;
Transações com títulos, realizadas em um período inferior a 30 dias, sofrem ainda a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que segue uma tabela regressiva própria.
Conhecer o seu emissor é fundamental, visto que ele pode ser tanto um agente público (governo) como privado (empresas e bancos).
Título público
Investir em um título público nada mais é do que emprestar dinheiro para o governo financiar atividades como saúde e educação. Como garantia para o pagamento do empréstimo, ele conta com os impostos e as taxas que arrecada, além dos dividendos das estatais.
É por isso que o título público é considerado o investimento mais seguro do mercado.
Adquiri-lo não é difícil. Basta entrar na plataforma do Tesouro Direto e escolher em função de:
- Vencimento – prazo;
- Taxa de rendimento (% ao ano) – é a taxa de juros;
- Valor mínimo – 1% do valor do título, valor mínimo para investir;
- Preço unitário – quando custa adquirir cada título.
Em relação à rentabilidade, cada título tem a sua própria forma de remuneração:
- Tesouro IPCA+ - remunera pela taxa oficial de inflação, além de uma taxa de juros adicional (exemplo típico de um papel híbrido);
- Tesouro Prefixado – os juros (nominais) são indicados no momento da aplicação;
- Tesouro Selic – remuneração pós-fixada, conforme taxa definida pelo Banco Central (BC).
Caso não seja possível comprar um título inteiro, pode-se estipular mensalmente um valor para cobrir o valor mínimo e selecionar a data para a opção de aplicação automática junto à corretora.
Título privado
O título privado, por oferecer um retorno maior que o título público, é mais arriscado. Isso se deve ao fato de depender, entre outras coisas, da saúde financeira da empresa ou instituição financeira que o emite.
Portanto, para quem o adquire, é importante conhecer a dinâmica do setor e quão experiente é a sua gestão.
Os elementos que identificam um título privado são parecidos com o título público, contendo algumas informações a mais:
- Emissor - a empresa ou banco que está emitindo o papel;
- Preço – o valor necessário para a compra de um título:
- Juros – a remuneração prometida ao investidor:
- Fixa - taxa nominal prefixada;
- Variável - segue o CDI para os papéis pós-fixados ou um índice de preço (IPCA) acrescido de uma remuneração para os papéis híbridos.
- Vencimento – prazo para a devolução do montante investido;
- Rating – nota que indica a capacidade de pagamento do emissor.
Os títulos privados mais comuns do mercado de capitais, emitidos por empresas, são:
- Debêntures – financiam os projetos de investimentos das empresas ou reestruturam o perfil de suas dívidas;
- Debêntures de infraestrutura - semelhantes às debêntures, servem para os projetos de longo prazo; ou seja, os de infraestrutura portuária, rodoviária, de energia elétrica, entre outros;
- Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) – direcionados às operações de empresas de construção civil, seja diretamente na construção ou no financiamento em si;
- Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) – semelhantes ao item anterior, financiam os agentes de qualquer parte da cadeia do agronegócio.
Sendo papéis com liquidez menor e mais sujeitos a grandes oscilações de preços, o investidor deve dar preferência para empresas que já acessam o mercado de títulos com frequência como também para as grandes emissões.
Excluindo-se as debêntures, todas as demais opções oferecem isenção de imposto de renda para a pessoa física.
No caso dos títulos bancários, temos:
- Certificado de Depósito Bancário (CDB) – aplicação tradicional e bastante conhecida do público investidor;
- Letra Financeira - é a “debênture dos bancos”;
- Letra de Crédito Imobiliário (LCI) - semelhante ao CRI;
- Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) - semelhante ao CRA;
- Letra de Câmbio (LC)– papéis de emissão das financeiras, que viabilizam o consumo a prazo.
Por serem de responsabilidade das instituições financeiras, são amparados pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), com exceção da Letra Financeira.
Qual título de renda fixa escolher?
O seu projeto de vida é que define qual o melhor título. Isso porque cada objetivo de curto, médio e longo prazo implica necessariamente em dois elementos:
- Custo: o quanto que você vai precisar para realizá-lo;
- Tempo: o prazo para alcançá-lo, dado o valor necessário e a sua disponibilidade financeira.
Seguindo a ordem da meta mais recente para a mais distante, vamos analisar qual título seria mais adequado para cada caso.
Reserva para emergências
É o dinheiro que precisa ser acessado a qualquer momento. A escolha recai sobre o Tesouro Selic 2025, título público bastante conservador, com remuneração pela Selic, e facilmente vendido no mercado.
Férias
Se elas estiverem programadas para ocorrer em até um ano e meio, o exemplo anterior também é aplicável, podendo ainda ser substituído por um CDB pós-fixado de mesmo prazo, atentando sempre para a alíquota de imposto de renda (IR).
Uma ressalva é feita para os períodos sabáticos no exterior. Por envolverem moedas estrangeiras, títulos de renda fixa não são os mais adequados.
Educação
São os cursos previstos para no máximo 5 anos.
As opções são maiores, podendo ser:
- Título público prefixado (Tesouro Prefixado 2022) ou, caso seja mais conservador, um título público híbrido atualizado pela inflação (Tesouro IPCA+ 2024);
- Qualquer título privado pós-fixado com vencimento em 5 anos ou isento de imposto de renda como os CRIs/LCIs e os CRAs/LCAs.
Para a formação dos filhos, todos os títulos híbridos são aplicáveis, tanto os públicos como os privados, pois garantem o poder de compra ao longo do tempo. O que vai definir a escolha é a:
- Qualidade do emissor;
- Taxa oferecida;
- Preferência pela garantia do FGC (presente apenas nos títulos bancários);
- Tributação (isenção de IR ou não).
Mobilidade
Financiamentos de 60 meses ou planos de consórcio de prazo similar podem ser substituídos por uma compra planejada. Os valores mensais a serem investidos são bastante acessíveis pois não incluem as taxas e os impostos cobrados nas operações de crédito. Suas aplicações incluiriam:
- Títulos públicos: híbridos como o Tesouro IPCA+ 2024 ou pós-fixados como o Tesouro Selic 2025;
- Títulos privados: híbridos como as debêntures de infraestrutura ou pós-fixados, como os bancários.
Moradia própria
A casa própria é o maior ativo que as famílias possuem. Dado que poucos podem pagá-la à vista, o recomendado, financeiramente falando, é dar a maior entrada possível.
Um título público híbrido (Tesouro IPCA+ 2024 ou de vencimento maior) ou qualquer debênture de infraestrutura, que possui prazos mais longos além da isenção de imposto, são as opções mais adequadas.
Aposentadoria
Você pode bancar a sua própria aposentadoria, desde que atente para essas 2 etapas:
- Formação da reserva – o hábito da aplicação mensal, onde incidirão os juros;
- Retirada mensal ou periódica – momento em que a reserva passa a ser consumida como renda.
Para a reserva, quanto mais longo o prazo em que os recursos permanecerem aplicados, melhor. Assim, o título a ser escolhido precisa:
- Ter qualidade;
- Manter o poder de compra;
- Remunerar a taxas atrativas.
Não havendo a necessidade de receber o dinheiro até a data da aposentadoria, você pode ainda descartar os papéis que pagam juros intermediários, evitando assim qualquer tributação ao longo do caminho.
Para prazos muito extensos, o mercado só oferece títulos públicos (Tesouro IPCA+ 2035 e Tesouro IPCA+ 2045), o que não impede que sejam complementados por títulos privados de qualquer natureza.
Isso vai fazer a diferença na hora de usufruir a aposentadoria: a combinação de papéis públicos e privados, que pagam juros em meses diferentes, garante um fluxo de receitas durante todo o ano. Isso obviamente dependerá dos títulos escolhidos, mas é possível usar um exemplo a título de ilustração:
- 50% do patrimônio aplicado em papéis Tesouro IPCA+ com vencimento em anos pares (finais 2, 4, 6, etc) – o pagamento de juros semestrais ocorre em fevereiro e agosto;
- 50% restantes aplicados em papéis Tesouro IPCA+ com vencimento em anos ímpares (finais 1,3, 5, etc) – o pagamento de juros ocorre em maio e novembro.
Seguindo o cronograma, o investidor tem a sua renda depositada a cada 3 meses.
Conclusão
Seus objetivos e metas definem os títulos de renda fixa mais adequados e não o contrário. Enquanto todos estão tentando vender a “melhor aplicação”, seja por blog, “live” ou vídeo, ninguém está vendo o que o principal interessado (você) realmente quer.