Com revisão de inflação e juros para cima, qual é o mais indicado: Tesouro Selic ou Tesouro IPCA?
Depende do perfil do investidor: Tesouro Selic para o mais conservador e Tesouro IPCA para o mais arrojado
Quais os títulos do Tesouro mais adequados para a remodelação de carteira em vista da revisão de cenário de inflação e juros para cima, Tesouro Selic ou Tesouro IPCA? As expectativas em relação ao IPCA continuam em deterioração, agravadas por pressões de preços vindas de fora, e ganham força as reestimativas para a Selic.
As casas de análise já trabalham com estimativas de inflação acima de 6,50% para 2022, de acordo com o boletim Focus, e previsão de Selic em torno de 13,00% - alguns até acima disso.
Quem navega pela plataforma do Tesouro Direto encontra três tipos de título que oferecem variadas coberturas. Um protege contra a inflação, o Tesouro IPCA; outro segue a Selic, o Tesouro Selic, que sobe com a inflação e os juros; e o terceiro, um título prefixado, o Tesouro Prefixado, em que o investidor pode travar uma taxa mais elevada até o vencimento.
São títulos que se amoldam às necessidades ou aos objetivos de cada investidor. Victor Zucchi Meneghel, especialista em Renda Variável da Valor Investimentos, entende que o título indicado para o investidor mais conservador é o Tesouro Selic. É um título que se beneficia da alta da Selic e, por ser pós-fixado, não sofre bruscas oscilações de valor.
O investidor com perfil mais moderado ou agressivo tem duas opções, segundo Meneghel: o Tesouro IPCA e o Tesouro Prefixado. O Tesouro IPCA oferece uma remuneração híbrida: parte prefixada, que equivale ao juro real, e parte pós-fixada, a correção monetária pelo IPCA.
O Tesouro Prefixado é um papel que remunera com taxa de juro prefixada, que o investidor fica sabendo na hora de aplicar qual será seu rendimento. É indicado para o cenário de inflação em queda. O comprador do título terá ganho se a inflação do período da aplicação ficar abaixo do juro prefixado do papel.
Conheça mais sobre os títulos do Tesouro Direto
Tesouro IPCA
Tem sido o mais procurado na plataforma digital que oferece títulos públicos ao investidor pessoa física. O motivo é a inflação em persistente alta que pode deixar o dinheiro desprotegido. Risco que o investidor não corre nessa modalidade de papel.
O Tesouro IPCA protege contra a inflação, porque remunera com correção monetária idêntica à inflação, combinada com juro real, prefixado, explica Meneghel. Um título desses de vencimento mais curto, o Tesouro IPCA+ 2026, ofereceu nesta quinta-feira, 24, juro real, acima da inflação, de 5,18% ao ano, mais correção monetária pelo IPCA no período.
Tesouro Selic
Outro título com grande demanda na plataforma do Tesouro Direto. Procura que cresce à medida que o ciclo de alta torna a Selic mais competitiva em relação à inflação. Para comparar: a expectativa é que a taxa básica chegue ao fim deste ano ao redor de 12,75% a 13,25%, frente a uma inflação estimada entre 6,50% e 7,00% para 2022.
A Selic está atualmente em 11,75% ao ano, mas à medida que sobe, podendo embicar acima de 13%, ela reforça também a rentabilidade do Tesouro Selic, que acompanha a trajetória da taxa básica.
Tesouro Prefixado
É um título que remunera com taxa de juros prefixada. Como é um juro previamente travado, o investidor só não terá perda se a inflação, até o vencimento, ficar abaixo da taxa contratada.
Um papel dessa modalidade com vencimento mais curto, o Tesouro Prefixado 2025, ofereceu nesta quinta uma taxa nominal bruta de 11,77% ao ano. O investidor que comprou esse título terá ganho apenas se a inflação a cada ano, até o vencimento, rodar abaixo dessa taxa.
Esse é o motivo que levam os especialistas a indicar um título como o Tesouro Prefixado apenas em cenário de inflação em consistente queda. E com prazos de vencimento relativamente curtos.