Adam Capital: Ômicron prejudicou a performance dos investimentos em novembro
Rentabilidade do Adam Macro II foi negativa em 2,66% no último mês
Na edição de novembro de sua carta mensal aos investidores, a gestora Adam Capital destacou os impactos do surgimento da Ômicron, nova variante do coronavírus, em seus fundos de investimento. Além disso, a instituição ressalta as novas medidas ao redor do mundo na tentativa de conter a inflação e quais os impactos na economia dos países.
"Do nosso lado, tendo em vista que gostamos de pensar os investimentos considerando prazos mais longos, entendemos que a curva de aprendizado no combate à doença e a evolução da vacinação devem ser priorizados de modo a evitar os impactos sentidos inicialmente com primeiro evento, em março de 2020", comenta a gestora.
Rendimento do fundo da Adam Capital
Em novembro, a rentabilidade do fundo Adam Macro II foi negativa em 2,66%, enquanto no acumulado do ano a desvalorização é menos expressiva, de 1,55%. A Adam Capital considera que a manutenção da tese de investimentos do fundo ainda faz sentido. "Porém, estamos atentos às incertezas e futuros impactos dos novos riscos impostos ao cenário atual e futuro", comenta a carta.
De acordo com a gestora, os principais fatores de risco das alocações em seu portfólio estão:
- na posição comprada em ações americanas;
- tomados em treasuries de dez anos;
- no risco direcional discreto em ativos brasileiros;
- no livro de moedas que se vale do estágio da política monetária e conta corrente de cada país.
Cenário externo: Estados Unidos e China
Para a Adam Capital, alguns fatores durante o último mês confirmaram a saúde da economia americana, "que não necessita de suporte mesmo ante ao risco descrito".
O primeiro deles foi uma fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED, o banco central americano), apenas alguns dias depois da notícia sobre a descoberta da nova cepa de covid-19. Powell afirmou que pode encerrar o programa de estímulos econômicos adotados durante a pandemia "antes do previsto", uma vez que o caráter da inflação já não se apresenta mais como transitório.
Em contrapartida, a gestora considera que os últimos dados macroeconômicos do país norte-americano confirmam a tese de que os EUA passam por um período de solidez do crescimento da atividade econômica. "A produção industrial e as vendas no varejo vieram acima do esperado e acompanhadas do crescimento da renda pessoal e do consumo das famílias", comenta.
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Sobre a China, a gestora explica que, apesar da desaceleração do setor imobiliário - que é um dos principais motores da economia do maior país asiático -, dados econômicos divulgados no último mês começam a sinalizar uma certa recuperação da atividade econômica chinesa, mesmo que ainda moderada.
"A produção industrial aumentou acima das expectativas assim como as vendas no varejo. O crescimento do crédito vem se estabilizando marcando o início da reversão à moderação ocorrida nos últimos meses", diz a carta.
Visão da Adam Capital sobre o Brasil
Em relação ao cenário doméstico, a gestora já começa dizendo que "a atividade econômica parece estar comprometida". Para os especialistas da Adam, além da forte pressão inflacionária, também indicam um caminho cheio de desafios os índices de confiança do comércio, da indústria e do consumidor.
Vale lembrar, ainda, que os últimos números de vendas no varejo e produção industrial contribuem para as perspectivas mais pessimistas quanto ao crescimento econômico.
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"Essas distorções provocadas pela alta da inflação, que obriga ao BC a adotar política monetária mais restritiva, a atividade econômica mais fraca, o desemprego alto e o Real desvalorizado potencialmente resultarão em oportunidades de preços interessantes para o futuro próximo".
Adam Capital
A gestora finaliza pontuando que, no Brasil, apesar do processo de vacinação ser mais recente do que em outros países desenvolvidos, os números de primeiras e segundas doses aplicadas já são consistentes. "Sendo assim, (o País) deverá se mostrar mais resiliente aos novos riscos globais que poderemos enfrentar (com a pandemia)", afirma.