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BCE mantém juros, mas diz que pretende concluir compras de ativos no 3º trimestre
Economia

Com queda do PIB, País entra em recessão técnica e com inflação em alta poderemos ter estagflação: como proteger o dinheiro?

A estagflação combina estagnação do crescimento econômico com aumento da inflação

Data de publicação:04/05/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Com a divulgação do comportamento do Produto Interno Bruto, PIB, no terceiro trimestre do ano, que apresentou queda de 0,1%, a segunda consecutiva nos dois últimos trimestres, o País entrou em recessão técnica. Caso haja queda também nesses último trimestre do ano, poderemos falar em recessão.

São termos que dizem que a economia vai mal, encolheu, e isso em cenário macroeconômico deteriorado, de inflação em alta, e por isso poderemos ouvir falar em outra denominação para o momento, a estagflação. Mas como isso funciona? Quais são os riscos para a economia? Vamos explicar tudo isso no artigo de hoje.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Mas como isso funciona? Quais são os riscos para a economia dessa perspectiva econômica? Vamos explicar tudo isso no artigo de hoje.

O que é estagflação?

A estagflação é um neologismo criado para exemplificar uma situação na qual um país enfrenta um forte aumento da inflação, mas ao mesmo tempo apresenta dificuldade para crescer a sua atividade econômica.

O termo é, em resumo, uma junção de estagnação econômica ("estag") com inflação ("flação"), representando exatamente esse cenário que acabamos de descrever.

Vale lembrar que a inflação é um movimento que representa o aumento dos preços em um determinado mercado. Em tese, há maior movimentação de capital disputando, por isso os preços sobem. Nesse contexto, é normal pensar que isso deveria favorecer o aumento do PIB e indicar crescimento econômico.

No entanto, existem situações específicas em que essa relação natural não se verifica. É justamente o cenário de estagflação onde, mesmo com o aumento dos preços, não há crescimento econômico. E isso é um grande problema.

O que causa uma estagflação?

A estagflação é um cenário nada intuitivo. Afinal, você deve concordar que o crescimento do desemprego reduz o poder aquisitivo da população. Ou seja, fica mais difícil gastar e, consequentemente, pressionar a inflação.

No entanto, isso pode acontecer. Geralmente, o cenário de estagflação é fruto de uma política monetária expansionista que exagera na injeção de dinheiro, de liquidez. Falando especificamente de 2021, uma eventual estagflação seria consequência da pandemia causada pela covid-19.

Com a necessidade do isolamento social, muitos negócios se viram obrigados a ficar de portas fechadas e, neste processo, o desemprego aumentou. Contudo, o governo atuou com a criação do Auxílio Emergencial, colaborando com a injeção de capital na economia visando estimular o consumo no período e manter as famílias com condições de sobreviver e honrar compromissos.

Essa prática, embora necessária do ponto de vista social, acaba desequilibrando a lógica da relação natural entre desemprego e consumo. Por mais que as pessoas percam o seu trabalho, o incentivo de liquidez feito pelo governo permite que o consumo seja mantido, justamente o que faz a inflação seguir crescendo.

A situação foi ainda agravada pelo choque de oferta, quer dizer, com os gargalos de produção por falta de componentes, também decorrentes da pandemia, a oferta de produtos e serviços é inferior à demanda.

O Brasil vive uma estagflação?

A queda no PIB brasileiro por dois trimestres consecutivos acendeu um forte alerta sobre uma possível estagflação. Isso porque, apesar da desaceleração econômica, a inflação segue pressionada, com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acima de 10% nos últimos doze meses.

Embora o cenário seja exatamente o que representa uma estagflação, ainda é cedo para cravar que o efeito esteja acontecendo no Brasil. Vale observar que a retração do PIB vem acontecendo por seis meses.

Considerando a forte injeção de liquidez que o governo segue fazendo atualmente, é provável que o Brasil enfrente uma estagflação em 2022 — algo que não seria exatamente uma novidade considerando que o País enfrentou um período desafiador recentemente, entre 2015 e 2016.

Por que podemos ter uma estagflação no Brasil?

A pandemia é o plano de fundo para os desafios econômicos, mas o contexto de uma eventual estagflação passa por um conjunto de fatores. Um deles, claro, é o aumento do desemprego mencionado anteriormente.

No entanto, como que a inflação segue crescendo nesse contexto de baixa da atividade econômica? Novamente, temos alguns impactos de medidas tomadas pelo governo durante a pandemia. A injeção de liquidez com o Auxílio Emergencial é uma delas, gerando renda mesmo sem a necessidade de emprego — algo que possibilita o consumo e o aumento de preços.

A crise hídrica também contribuiu para a pressão inflacionária. Com a baixa nos reservatórios, uma das medidas que foram tomadas para reduzir o consumo de energia foi o aumento da tarifa.

Outro efeito que vale ser mencionado é o aumento do dólar em relação ao real, um movimento que vem desde o ano passado pela preocupação dos investidores com o risco. Neste cenário, é comum a busca por economias mais seguras — ação conhecida como Fly to Quality.

No entanto, a moeda americana acaba apresentando forte valorização. Como diversos itens possuem sua matéria-prima cotada em dólar, como é o caso do petróleo, esses produtos acabam sofrendo um aumento de preço.

Quais são os problemas da estagflação?

O próprio conceito da estagflação já explica muito bem os desafios de um cenário como esse. Nós temos, ao mesmo tempo, uma economia que não cresce, aumento do desemprego e, por conta da pressão inflacionária, um aumento dos preços.

Ou seja, a população perde poder aquisitivo e reduz a sua confiança na economia nacional. Com isso, a tendência é de comprar apenas o essencial, de forma a reduzir o risco de endividamento — algo que, em função da redução de consumo, tende a afetar negativamente o PIB.

Diante de um momento de estagflação, até mesmo o governo fica em um beco sem saída. Por um lado, seria necessário elevar as taxas de juros para segurar a pressão da inflação. No entanto, esse movimento torna ainda mais difícil a recuperação do consumo e o aquecimento da economia. Ou seja, há uma tendência de recessão prolongada.

Como resolver um cenário de estagflação?

Uma vez que a estagflação traz um cenário de recessão prolongada, a pergunta imediata é: "como resolver esse tipo de situação?".

Uma saída para a estagflação envolve uma série de fatores. Em primeiro lugar, é necessário gerar emprego para que a população recupere o seu poder aquisitivo. Ao mesmo tempo, a recuperação da confiança na economia é essencial. Caso contrário, a tendência é de que as pessoas deixem de gastar.

Outro ponto necessário é retomar a estabilidade tanto do ponto de vista econômico, como também político. É dessa forma, afinal, que a curva entre crescimento da economia e inflação volta para a normalidade. Além disso, é a maneira de retomar o capital do investidor estrangeiro, que em momento de maior desafio tende a optar por economias mais estáveis e desenvolvidas.

Como proteger o meu dinheiro da estagflação?

Com a perspectiva de que possa haver estagflação no Brasil ao longo dos próximos meses, o que pode ser feito para proteger o seu patrimônio?

Nesse cenário, o mais recomendado é trabalhar com ativos que estejam ligados à inflação. É o caso, por exemplo, de títulos de renda fixa atrelados ao IPCA. Assim, enquanto o índice inflacionário seguir elevado, ao menos o investidor consegue manter o seu poder de compra pelos juros reais.

Outro tipo de ativo que apresenta essa característica são os imóveis. É claro que comprá-los diretamente não é algo acessível pelo alto custo médio. No entanto, a exposição pode acontecer via fundos imobiliários — mas, neste caso, você não pode ignorar que esses ativos pertencem à renda variável e podem gerar perdas no curto prazo na precificação das suas cotas.

De qualquer forma, o ideal não é montar uma carteira de investimentos pensando em alguns meses, mas sim orientada para o longo prazo. Ou seja, trabalhar com diferentes classes de ativos, preparando-se para diversos cenários econômicos.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.

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