Ray Dalio, fundador da Bridgewater, defende investimentos na China e compara o governo a um ‘pai rígido’
O bilionário falou em entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC
O famoso investidor e administrador de fundos multimercado Ray Dalio, que é fundador do Bridgewater Associates - um dos maiores fundos multimercado do mundo - defendeu os investimentos que sua empresa tem alocados na China, apesar dos abusos do governo chinês contra os direitos humanos. O bilionário afirmou que o país asiático tem o direito de ter sua própria abordagem para governar.
Após a divulgação de um relatório do Wall Street Journal mostrando que a Bridgewater arrecadou cerca de US$ 1,25 bilhão para o seu terceiro fundo de investimento na China, em sua aparição no programa Squawk Box, da CNBC, Dalio evitou as questões sobre a ética de investir em um país com uma longa lista de supostos crimes.
Enquanto cerca de um milhão de uigures e outros povos turcos na região de Xinjiang estão detidos nos campos de concentração do Partido Comunista Chinês, o país também vem sendo criticado pelo recente desaparecimento da estrela do tênis Peng Shuai, depois da atleta acusar o ex-vice-premiê, Zhang Gaoli, de agressão sexual .
Questionado sobre como ele leva em consideração essas questões quando se trata de investir na China, Dalio respondeu que "não pode ser um especialista nesse tipo de coisa". O bilionário pontuou que investe em todo o mundo e só presta atenção se o "governo tem uma determinada política de que eu deveria fazer uma certa coisa" ao investir, mas que "não pode ser um especialista em todas essas dinâmicas particulares".
Questão política para Ray Dalio
O investidor afirmou que as questões de direitos humanos são como uma questão "política" e comparou a decisão de investir na China com a decisão de investir nos Estados Unidos.
"Eu olho para os EUA e digo: 'Bem, o que está acontecendo nos EUA e eu deveria não investir nos aqui por causa de nossos próprios problemas de direitos humanos e outras coisas?' e não estou tentando fazer comparações políticas", disse ele. "Basicamente, estou apenas tentando seguir as regras, entender o que está acontecendo e investir de maneira adequada".
O apresentador Andrew Ross Sorkin, da CNBC, recuou, dizendo que, embora nenhum dos dois concordasse com tudo o que acontece no país norte-americano, as divergências políticas não são as mesmas da China, onde o governo está "fazendo desaparecer pessoas".
Dalio, então, tentou oferecer "perspectiva" ao ressaltar que a China é um "sistema autocrático". "Um dos líderes descreveu que os EUA são um país de indivíduos e individualismo e é disso que se trata", disse Dalio, acrescentando que, na China, o governo "é uma extensão da família". O bilionário ainda acrescentou que, "como um país de cima para baixo, o que eles estão fazendo é se comportar como pais rígidos".
"Essa é a abordagem deles, nós temos nossa abordagem", disse ele. "Portanto, a noção de tudo o que eles estão fazendo em termos de chamar as pessoas e se comportar de uma determinada maneira é a abordagem deles. Se eu avaliasse todas as abordagens ao redor do mundo em todos os países, ficaria em uma situação difícil para tentar descobrir onde investir e assim por diante".
O investidor finalizou dizendo que a política dos países não é seu "domínio" e que "deixaria para o governo tomar essas decisões". / Texto originalmente publicado no site National Review