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Fundos de Investimentos

Lições que um investidor pode aprender com a queda de 87% em um ano do TT Global Equities, fundo dos sobrinhos de Armínio Fraga

Caso do fundo TT Global Equities pode ensinar lições valiosas ao investidor

Data de publicação:13/09/2022 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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No final da última semana, a notícia que tomou conta dos mercados e dos grupos de investidores em redes sociais foi que o TT Global Equities, fundo de ação que tem dois sobrinhos do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como gestores, despencou quase 50% de meados de agosto até os primeiros dias de setembro e teve seu patrimônio reduzido de R$ 80 milhões para os algo em torno de R$ 9 milhões.

O fundo, que tinha Fraga como um de seus três investidores, tinha como estratégia principal a negociação de derivativos - com opções de compra e venda - das ações da Clarus Corporation, empresa americana, listada na Nasdaq, que comercializa diversos produtos esportivos. Com os erros das estratégias do fundo mapeados, no entanto, algumas lições podem ser aprendidas pelos investidores.

Agenda Econômica TT Global Equities
Caso do fundo TT Global Equities pode ensinar lições ao investidor | Foto: Reprodução

Especialistas ouvidos pela Mais Retorno consideram que são várias as lições a serem observadas com o caso da TT Global Equities, mas as principais delas dizem respeito à necessidade de ter uma boa educação financeira ou acompanhamento por um bom profissional, os riscos que a alavancagem pode trazer para uma operação e o timing que é necessário ter na hora de investir.

O que aconteceu com a TT Global Equities?

O prejuízo veio com uma aposta errada e arriscada feita pelos gestores no mercado de ações americano, que consistia em operação alavancada com ações da Clarus Corporation. Uma empresa dona de marcas que vão de fabricantes de equipamentos esportivos e de montanhismo a munição, a qual os gestores dizem conhecer profundamente.

Essa empresa sofreu uma queda inesperada em agosto, quando seus papéis despencaram de US$ 27 para US$ 16, atingindo em cheio o fundo de ação dos sobrinhos de Armínio Fraga. Daí a queda ladeira abaixo nesse período. Até o dia 17 de agosto, o ativo apresentava uma queda de 37,29%, mas de lá até esta segunda-feira, 12, o fundo já registrava queda de 86,80% em 12 meses. Ou seja, em menos de um mês, a baixa foi de 49,51%.

Um dos gestores, Arthur Fraga Bahia, escreveu uma longa carta aos cotistas atingidos pelas perdas do TT Global Equities, explicando a operação e se desculpando.

"Até uma semana atrás a operação estava caminhando bem, mas há cinco dias, para sair da operação, tive de alavancar o fundo por alguns dias", explicou Arthur. Ao fazer isso, segundo ele, o custodiante do fundo tirou a margem de garantia, o que o obrigou a liquidar a posição em dois dias, gerando "perdas irreparáveis ao fundo". Segundo ele, mais de 95% de seu patrimônio e dos seus sócios estava no fundo.

Rentabilidade do fundo TT Global Equities

Rentabilidade TT Global Equities
Rentabilidade do fundo do TT Global Equities em comparação com o Ibovespa ao longo do tempo | Fonte: Mais Retorno

Lições que podem ser aprendidas com a TT Global Equities

Educação financeira e bons profissionais

De acordo com Gisele Colombo de Andrade, CFP, consultora de investimentos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a principal lição que pode ser tirada da situação com o TT Global Equities é a necessidade de ter uma boa educação financeira e, para os investidores comuns (pessoas físicas que não são investidores qualificados), as vantagens que contar com um aconselhamento profissional pode oferecer.

Gisele explica que o mercado de derivativos, que conta com as opções de compra e venda adotadas como estratégia pelo fundo, é um mercado bastante arriscado e, apesar de algumas oportunidades, precisa ser muito bem estudado para que situações como essa não ocorram. Com qualquer evento adverso no mercado, toda a estrutura de derivativos pode quebrar, diz ela. Por esse motivo, a especialista considera que os derivativos não são boas opções para todos os investidores.

Para investir em derivativos, então, Gisele recomenda que o investidor busque investidores profissionais e especialistas. Se um fundo de ação, por exemplo, tem como estratégia uma ou mais operações com opções, a consultora ressalta que o melhor a ser feito é estudar o histórico, os ativos e coletar todas as informações necessária para analisar o fundo e os investimentos que este realiza.

Ela afirma, ainda, que o investidor pode contar com o auxílio de um consultor financeiro para avaliar as estratégias. "Estes profissionais, que são regulados pela CVM, são como consultores de saúde: eles vão dar a opinião deles com base na avaliação criteriosa e o que é melhor para o seu cliente, sem conflitos de interesse com determinadas instituições ou produtos financeiros", pontua.

Gisele destaca, também, que o caso da TT Global Equities ensina a importância de desconfiar daqueles fundos que estão desempenhando muito acima da média, completamente descolados do resto do mercado. "Se um fundo está com uma rentabilidade absurdamente fora da curva, será que todo o resto do mercado que é bobo e não está enxergando uma oportunidade ou a ganância pode estar tomando conta das estratégias, levando a uma série de riscos?", questiona.

Alavancagem pode ser muito arriscada

Sobre a ganância com as operações levarem a riscos, Leonardo Morales, gestor de fundos de fundos da SVN Investimentos, afirma que outra lição que o derretimento do fundo dos sobrinhos de Armínio Fraga é sobre alavancagem. "Quando um fundo faz alavancagem de uma maneira mais agressiva pode ter altos retornos, mas também altas perdas", destaca.

Alavancagem é um termo utilizado no mercado financeiro para nomear operações que utilizam recursos sem estarem cobertas, ou seja, é uma forma de movimentar valores financeiros maiores que o saldo que o investidor detém. Portanto, o investidor terá que contar com alguma garantia para executar determinada operação alavancada.

Porém, por ser alavancada, a operação pode oferecer ganhos muito acima da média, bem como perdas que podem facilmente reduzir a zero as suas garantias. Foi justamente com a quebra da garantia pelo banco que o fundo TT Global Equities teve prejuízos.

O especialista, que pontua que as operações alavancadas não devem ser feitas por investidores não profissionais, justamente pelos riscos elevados, afirma ainda que "entender também o fluxo de margem com relação a garantias é importante, uma vez que a posição do fundo foi compulsoriamente liquidada pela bolsa lá fora".

Timing dos investimentos é tudo

Para Nohad Harati, colunista da Mais Retorno, a principal lição que fica é que, muitas vezes, a "aposta" de investimento pode estar certa mas o "timing" - ou seja, o momento em que esse investimento é feito e até quando é mantido - não.

A especialista explica que os preços dos ativos da renda variável já estavam perto de suas máximas desde o início de 2019. Com os estímulos econômicos e monetários que vieram com a pandemia de covid-19, algumas ações e, por consequência, fundos de ações e multimercados que investem nesses papéis (principalmente os de crescimento), acabaram subindo ainda mais, mas também encontraram suas máximas.

"Isso reduz muito as chances de ganhos considerando toda a injeção de liquidez e o número de pessoas negociando esses ativos", pontua Nohad. "Não por outro motivo, a proliferação de fundos multimercados apostando nas mesmas coisas".

Neste contexto, ela ressalta que as perdas, assim como as observadas no TT Global Equities, acabaram ocorrendo em todos os lados, em menor ou maior grau, desde fundos exclusivos, até aqueles abertos ao público e com números expressivos de cotistas. Assim, é importante estudar e entender o mercado, a fim de aproveitar as boas oportunidades com o timing correto. / Com Agência Estado

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Sobre o autor
Bruna Miato
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