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Foto: anna-nekrashevich
Mercado Financeiro

Bolsa registra queda de 2,65% e perde os 120 mil pontos, com alta da inflação de abril nos EUA; dólar sobe 1,59%

A Bolsa de Valores fechou o pregão desta quarta-feira, 12, em queda acentuada de 2,65%, aos 119.710,03 pontos. O mercado fraquejou após a divulgação do índice…

Data de publicação:12/05/2021 às 10:48 -
Atualizado 4 anos atrás
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A Bolsa de Valores fechou o pregão desta quarta-feira, 12, em queda acentuada de 2,65%, aos 119.710,03 pontos. O mercado fraquejou após a divulgação do índice de preços ao consumidor dos estados Unidos, que registrou alta de 0,8% em abril, 0,6 ponto percentual acima das estimativas do mercado. Em termos anuais, houve variação positiva de 4,2%, ante projeção de 3,6% dos investidores. O resultado somou-se ao quadro político conturbado do Brasil.

Bolsa registra forte queda com dados de preços americanos e cenário político doméstico - Foto: B3/ Divulgação

O núcleo de inflação, que desconsidera dados como comida e energia, aumentou 0,9% na comparação com março. Na base anual, a elevação foi de 3%. Segundo analistas, os números devem elevar ainda mais o temor do mercado sobre a alta da inflação nos Estados Unidos.

"Os investidores se mostram preocupados com as pressões inflacionárias que possam levar à elevação dos juros internacionais, impedindo uma retomada mais forte da economia global", diz boletim matinal da SulAmérica.

Para o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, esse dado não se torna uma total surpresa para o mercado, pois o Fed já tinha sinalizado anteriormente que a inflação já está no patamar mais alto dentro da política monetária do país. "Essa queda no Ibovespa parece ser mais pontual, o que não deve se estender por um longo tempo"

Dólar em alta

O dólar operou em alta nesta quarta-feira, tendo como reflexo os dados do CPI americano. A moeda americana registrou avanço de 1,59% e estava sendo vendida a R$ 5,306.

Papéis corporativos: altas e baixas

Os papéis de algumas companhias na B3 tiveram dia de quedas, influenciando no ritmo de queda do Ibovespa. As ações da Petrobras registraram queda de 1,47%, enquanto a Vale atingiu recuo de 3,70%.

No bloco dos bancos, o Bradesco liderou as baixas, com desvalorização de 2,89%. As ações do Itaú Unibanco recuaram 1,47% e as do Santander, 2,79%.

A temporada de balanços segue forte nesta semana, com a divulgação dos resultados trimestrais de várias empresas de setores como commodities, varejo e construção civil.

Mesmo com a notícia sobre reversão de prejuízos ou aumento do lucro líquido, empresas como Marfrig, Carrefour, Banco Inter e Telefônica, que comunicaram seus números na véspera, após o fechamento do mercado, têm seus papéis com forte desvalorização nesta quarta-feira.

As ações da Telefônica recuaram 2,63%, as do Carrefour registraram perdas de 5,21%% e Marfrig, com queda de 7,72%. Já o Banco Inter apontava perdas expressivas de 7,76%.

Na contramão, os papéis da BR Distribuidora acumularam ganhos expressivos desde o início do pregão, após a empresa divulgar que seu lucro do 1o trimestre deste ano mais do que dobrou. As ações da companhia atingiram alta de 5,06%.

Após a conclusão das atividades do mercado financeiro no dia de hoje, companhias como Profarma, Suzano, JBS, Natura, Hapvida, Eletrobras, Via (antiga Via Varejo), BRF, MRV, Trisul, entre outras, devem apresentar seus resultados aos acionistas.

Wall Street em queda com preços

As bolsas de Nova York operaram em forte trajetória de descida nesta quarta-feira, com os investidores absorvendo a divulgação dos dados do índice de preços ao consumidor do país, que vieram acima do esperado e reforçam ainda mais o temor do aumento da inflação.

O índice S&P 500 registrou baixa de 2,14%, Dow Jones teve queda de 1,99% e Nasdaq, com forte desaceleração de 2,63%, influenciado pelas big techs.

O sócio da Wisir Research, Filipe Teixeira acredita que o debate sobre se as pressões de preços serão persistentes para forçar o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a apertar a política monetária mais cedo do que a orientação atual, segue levantando preocupações de que os preços dos ativos já se encontrem “esticados”.

O vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Richard Clarida afirmou, após a divulgação do índice, ficado "surpreso" com o CPI dos Estados Unidos em abril, que superou as expectativas.

Em evento virtual, porém, Clarida argumentou que o ganho de fôlego atual na inflação é fruto de fatores transitórios, como a base de comparação, "bem como ao surgimento de alguns gargalos na oferta que podem limitar o quão rapidamente a produção pode ser retomada em certos setores".

Clarida disse que seu cenário-base é de que ocorram efeitos "apenas transitórios" na inflação subjacente. O vice-presidente disse esperar o retorno à meta de longo prazo de 2% do Fed em 2022 ou 2023 ou "algo um pouco acima disso".

Segundo ele, esse resultado seria "totalmente consistente" com a meta do Fed de almejar uma inflação média em 2%.

CPI da Covid: Wajngarten

O mercado segue acompanhando os desdobramentos dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para apurar as ineficiências do governo no combate à pandemia.

Nesta quarta-feira, o ex-secretário de Comunicação da presidência, Fábio Wajngarten prestou depoimento na CPI. Ele relatou brevemente seu envolvimento nas negociações para a compra da vacina da Pfizer.

Segundo ele, quando soube em novembro do ano passado que a empresa havia endereçado carta ao governo brasileiro, procurou "imediatamente" tentar auxiliar "eventual impasse".

Wajngarten narrou que viu "por bem" levar o assunto da Pfizer para o presidente Jair Bolsonaro, "na busca de uma solução rápida", e "assim foi feito".

"Como secretário de Comunicação era bombardeado diariamente por dezenas de pautas da mídia cobrando questões de imunização. Porque a perfeita integração entre público e privado é vital para uma sociedade mais justa", afirmou o ex-secretário.

Na véspera, foi a vez do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, prestar depoimento e dar mais detalhes sobre a realização de uma reunião no Palácio do Planalto em que se discutiu um decreto que incluiria na bula da cloroquina a recomendação para tratar a covid-19.

Barra Torres relatou que, ao ouvir a proposta, sua reação foi até um “pouco deseducada”, já que não haveria cabimento na sugestão de alteração da bula.

O presidente da Anvisa disse que não saberia dizer quem foi o autor original da proposta, mas que percebeu uma "mobilização" por parte da imunologista Nise Yamaguchi, presente no encontro.

"Documento foi comentado pela Nise, o que provocou reação até pouco deseducada (da parte dela), de falar que aquilo não poderia ser, só quem pode modificar bula de medicamento é a agência, mas desde que solicitado pelo detentor do registro do medicamento", comentou

Além disso, Barra Torres afirmou que as posições do presidente Jair Bolsonaro anti-vacina vão “contra tudo” o que o órgão tem preconizado.

Segundo ele, a população "não deve se orientar por condutas" que vão nesse sentido. "Ela deve se orientar por aquilo que está sendo preconizado principalmente pelos órgãos que estão em linha de frente do enfrentamento da doença”.

STF: repasses ilegais

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de investigação contra o ministro do STF Dias Toffoli para apurar supostos repasses ilegais ao magistrado envolvendo a venda de decisões judiciais.

O pedido da PF, feito com base na controversa delação premiada do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, está sob análise do relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin.

Em um dos trechos da delação premiada, Cabral acusa Toffoli de receber cerca de R$ 4 milhões para ajudar dois prefeitos do Estado do Rio em processos que tramitavam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro atuou na Corte Eleitoral de 2012 a 2016.

Em nota divulgada pelo STF, Toffoli disse "não ter conhecimento dos fatos mencionados e disse que jamais recebeu os supostos valores ilegais". O ministro também refutou a possibilidade de ter atuado para favorecer qualquer pessoa no exercício de suas funções. O gabinete de Fachin não se manifestou.

Reforma administrativa: pressão sobre Guedes

Outro assunto que chama a atenção no mercado doméstico é a análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que analisa a admissibilidade da PEC 32, da reforma administrativa.

No dia anterior, o ministro da Economia Paulo Guedes foi confrontado durante audiência pública na CCJ foi pressionado sobre o “tratoraço” e atacou os governos anteriores.

"Negócios e escândalos em estatais não é especialidade deste governo, é de outros. Parece que isso não nos atingiu ainda, vamos ver", afirmou.

Guedes foi confrontado por parlamentares da oposição sobre o "orçamento secreto" revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

No ano passado, segundo a reportagem, o governo destinou R$ 3 bilhões em emendas para parlamentares do Centrão que, ao contrário do permite a lei, puderam escolher onde os recursos de emendas de relator (RP9) seriam aplicados, inclusive na compra de tratores superfaturados. 

"Isso é crime de responsabilidade, é prevaricação, desvio de finalidade e improbidade administrativa. Quero saber por que vossa excelência não vetou esse arranjo de corrupção, que é a compra de votos que está sendo feita aí", questionou o deputado Ivan Valente.

"O senhor vem falar que servidor público tem 20 carros, eu desconheço. Mas conheço presidente que come picanha de R$ 1.799 o quilo, conheço presidente que tira férias de R$ 2 milhões, e conheço um orçamento que o senhor aprovou de R$ 3 bilhões para comprar parlamentar com trator superfaturado", comparou a deputada Fernanda Melchionna.

Bolsas asiáticas fecham sem direção única

O mercado financeiro na Ásia concluiu o pregão sem direção única nesta quarta-feira,com algumas delas seguindo o tom negativo de Nova York em meio a renovadas preocupações de que um salto global da inflação possa levar bancos centrais a reverter medidas de estímulos adotadas em reação à pandemia do novo coronavírus.

O índice acionário japonês Nikkei caiu 1,61% em Tóquio hoje, aos 28.147,51 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 1,49% em Seul, aos 3.161,66 pontos.

O Taiex sofreu um tombo de 4,11% em Taiwan, aos 15.902,37 pontos, pressionado também por um novo surto local de covid-19. Como resultado, o mercado taiwanês entrou em território de correção, ao acumular perdas de mais de 10% desde a máxima que atingiu no fim de abril.

Na China continental, por outro lado, os mercados ampliaram ganhos do dia anterior, graças em parte a ações de montadoras, que tiveram forte desempenho de vendas no último mês. O Xangai Composto subiu 0,61%, aos 3.462,75 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,88%, aos 2.271,81 pontos.

No mercado japonês, a Toyota destoou do Nikkei, com alta de 2,18% de sua ação, após divulgar resultados trimestrais melhores do que o esperado.

O dia também foi positivo em Hong Kong, que interrompeu uma sequência de três pregões negativos, uma vez que papéis de tecnologia se recuperaram de fortes perdas registradas nesta semana. O Hang Seng teve alta de 0,78%, fechando aos 28,231,04 pontos, máxima da sessão.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho pelo segundo dia seguido, após fechar em nível recorde no começo da semana. O S&P/ASX 200 caiu 0,73% em Sydney, aos 7.044,90 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado

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