Logo Mais Retorno

Siga nossas redes

  • Instagram Mais Retorno
  • Youtube Mais Retorno
  • Twitter Mais Retorno
  • Facebook Mais Retorno
  • Tiktok Mais Retorno
  • Linkedin Mais Retorno
bolsa
Economia

Ibovespa pode despencar aos 89 mil pontos em 2022 com as incertezas eleitorais, prevê estrategista

O cenário mais positivo para o índice é perto dos 120 mil pontos

Data de publicação:06/01/2022 às 00:30 -
Atualizado 2 anos atrás
Compartilhe:

Depois de um período bastante positivo para o mercado de ações, que chegou ao seu maior nível histórico - 130.776 pontos - em junho de 2021, o principal índice da Bolsa de Valores, o Ibovespa, viu o céu escurecer e passou a cair no segundo semestre para chegar atualmente bem perto dos 100 mil pontos - fechou em 101 mil pontos nesta quarta-feira, após a divulgação da ata do Fed, que sinaliza uma política monetária mais rígida nos EUA.

As perspectivas de curto prazo não são nada animadoras. A proximidade das eleições presidenciais leva analistas a prever um período de bastante volatilidade para a Bolsa, com o clima de disputa e discursos inflamados entre os candidatos que figuram mais à frente nas pesquisas eleitorais.

mercado bolsa de valores ibovespa
Bolsa já começou 2022 com três pregões consecutivos de queda

Além de ser ano eleitoral, analistas comentam também que há outros fatores que devem ficar no radar em 2022. Para Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, os pontos que mais podem impactar o mercado brasileiro são os juros no Brasil e nos Estados Unidos. Ele espera que o ciclo de aperto monetário por aqui leve a Selic, taxa básica de juros, a pelo menos 12% ao ano, o que deve beneficiar a renda fixa.

Eleições e o Ibovespa

O estrategista explica que o que deve acrescentar muita volatilidade ao Ibovespa no decorrer do ano são as promessas eleitorais feitas, principalmente, por Lula e Bolsonaro na tentativa de conseguir a cadeira de presidente da República. “No Brasil, você tem um ambiente político bem polarizado, uma eleição que promete ser bem instável, que não deve ter os principais candidatos defendendo uma agenda reformista, uma agenda fiscalmente responsável”, afirma.

De acordo com Cruz, a Bolsa pode passar por um movimento de forte realização de lucros no fim do primeiro semestre, quando a pauta eleitoral ganha ainda mais força no mercado. Neste momento, boa parte dos especialistas do mercado espera que a taxa de juros esteja, ainda, acima dos dois dígitos, o que pode levar uma migração dos investidores da renda variável para a renda fixa.

Cruz pontua que, em tal cenário, o Ibovespa pode cair até o patamar dos 89 mil pontos. Para ele, o principal índice da Bolsa só deve ganhar mais fôlego para uma recuperação mais expressiva depois de definidas as eleições, “porque aí não tem mais muito para onde correr”. O estrategista projeta que o índice pode caminhar para fechar o ano de 2022 próximo dos 120 mil pontos.

Os possíveis cenários eleitorais

O economista da RB Investimentos considera que, caso as primeiras pesquisas eleitorais sigam se confirmando - ou seja, com Lula e Bolsonaro sendo os candidatos mais prováveis de chegar ao segundo turno -, a tendência é que o ambiente para a renda variável e, sobretudo a Bolsa, fique ainda mais volátil.

Diferentemente de 2018, quando a corrida pela presidência tinha candidatos (inclusive o Bolsonaro) defendendo uma agenda mais responsável em termos econômicos e fiscais, Cruz afirma que enxerga em 2022 uma inclinação a discursos mais apaixonados. "A tendência é que você tenha o Bolsonaro falando em dar reajustes e daí o Lula vem a público falar em dar o dobro de reajuste", comenta ele, explicando que isso faz o investidor ficar mais caueloso.

"O que poderia trazer mais estabilidade (ao Ibovespa) é se um candidato como Sérgio Moro, João Dória, Simone Tebet ou Rodrigo Pacheco - isso falando dos que já estão sendo dados como candidatos - realmente despontasse como alguém viável, como alguém que conseguisse começar a crescer nas pesquisas eleitorais com uma chance real de ir para o segundo turno. Isso traria a esperança de um debate um pouco mais maduro, mais responsável".

Gustavo Cruz

Impactos da taxa de juros no Ibovespa

O estrategista explica que há um movimento recente de muitos investidores pessoa física migrando da Bolsa para a renda fixa por sentir que estes títulos "já estão pagando uma rentabilidade interessante, então não tem porque tomar risco". Cruz pontua que essa migração dificulta, até mesmo, a vida das gestoras de fundos de investimentos, que acabam optando por papéis mais tradicionais com maior facilidade de resgate.

Além do cenário doméstico, vale lembrar que, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já sinalizou que deve elevar as taxas de juros ainda em 2022, o que beneficia os Treasuries (títulos da dívida pública americana, considerados os mais seguros do mundo) e prejudica os ativos de risco, principalmente em mercados emergentes, caso do Brasil.

Os juros altos não só favorecem os títulos da renda fixa, mas também podem ter um impacto direto nas empresas listadas na Bolsa - seja por uma diminuição na receita por conta da redução de consumo por parte da população, em decorrência do custo alto de financiamentos, ou, ainda, pelo endividamento das próprias companhias em um cenário com altas taxas a serem pagas.

Expectativas para os principais setores do Ibovespa

A economista da CM Capital, Ariane Benedito, explica que a melhor forma de analisar e projetar o desempenho do Ibovespa é olhando, justamente, para as empresas que fazem parte do índice. Neste contexto, ela destaca os três principais setores da B3: commodities, bancos e varejo.

Commodities

As empresas com maiores pesos na composição do Ibovespa atualmente são a mineradora Vale e a petroleira Petrobras, principais companhias ligadas às commodities aqui no Brasil. Ariane explica que a perspectiva para essa e outras empresas do setor é bastante positiva, apesar da queda nos preços do petróleo e, principalmente, do minério de ferro a partir de meados do último ano.

A economista ressalta que, para 2022, o mercado espera que a demanda por commodities cresça significativamente na esteira do crescimento global da economia. Reflexo dos avanços da vacinação contra a covid-19 e os sinais de que o momento de maior gravidade da pandemia já passou. Ariane comenta, também, que os últimos dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA vieram acima do esperado, um bom sinal dado pela maior economia do mundo.

Além da demanda elevada, a especialista pontua ainda a desvalorização do real ante o dólar. Como os contratos de petróleo e minério de ferro são negociados com base na moeda americana, uma cotação mais alta favorece as empresas exportadoras, como a Vale e a Petrobras.

Bancos

Outro setor que pode apresentar um desempenho bom ao longo de 2022 é o bancário. A alta dos juros, conforme explica Ariane, faz com que "os bancos tenham um spread maior no crédito", ou seja, o lucro na hora de emprestar dinheiro é maior.

A economista afirma que, embora as famílias brasileiras não estejam tomando tanto crédito, as empresas também precisam dessas operações para novos investimentos, pagamento de dívidas e, principalmente, precisam de um grande fluxo de caixa para funcionar.

Varejo

Juros altos, em contrapartida, oferecem um forte impacto negativo para as empresas do setor de varejo.

"Esse é o fator negativo. A dívida das empresas varejistas está crescendo e, com o nível de desemprego ainda baixo, a renda das famílias ainda baixa, a taxa de juros alta e a constante de depreciação do câmbio, isso impacta ainda mais o capital das famílias - e esse setor tende a ser prejudicado".

Ariane Benedito

Perspectivas para o Ibovespa

"Então a gente tem dois setores dentro do Ibovespa de maior peso que apresentam expectativas positivas e apenas um que pode vir a apresentar resultados frustrados, negativos - que é o setor de varejo", comenta Ariane. Dessa forma, ela afirma que a expectativa da CM Capital é de que o índice cresça em 2022, mas a números não tão expressivos. A previsão da corretora é que o índice feche o ano entre uma janela de 105 mil pontos a 117 mil pontos.

A economista, entretanto, não descarta a possibilidade do Ibovespa operar abaixo dos 100 mil pontos. Ainda que Ariane não enxergue a possibilidade do índice fechar o ano em níveis tão baixos, ela ressalta que, quanto maior a incerteza política nas proximidades das eleições, maior a chance de uma forte desvalorização da Bolsa brasileira.

LEIA MAIS

Peso das principais empresas de cada setor no Ibovespa

EmpresaCódigoSetorPeso (aproximadamente)
ValeVALE3Commodities (mineração)15%
Petrobras (ON e PN)PETR3 e PETR4Commodities (petróleo, óleo e gás)11%
Bradesco (ON e PN)BBDC3 e BBDC4Bancos6%
Itaú UnibancoITUB4Bancos5%
Banco do BrasilBBAS3Bancos2%
Lojas RennerLREN3Varejo1,1%
Grupo NaturaNTCO3Varejo1%
Magazine LuizaMGLU4Varejo0,97%
AmericanasAMER3Varejo0,6%
Lojas AmericanasLAME4Varejo0,25%
Fonte: B3 | Acesso em 05/01/2022 às 16h
Sobre o autor
Bruna Miato
A Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!