Em dia de agenda fraca, mercado aguarda dados da inflação e ata do Fed na 4ª feira
O ano é novo, mas preocupação é antiga com teto de gastos e inflação persistente
O mercado financeiro começou os negócios do ano novo movido por velhas preocupações, que podem continuar afetando os negócios nesta terça-feira, 4, um dia de agenda fraca para os mercados.
Temas como possíveis mudanças no teto de gastos e inflação ainda persistente voltaram ao radar e influenciaram o ânimo dos investidores nesta segunda-feira. Tanto que o mercado de ações descolou do sinal positivo das bolsas no exterior, principalmente das americanas, e terminou o primeiro pregão do ano em baixa.
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, até que tentou começar 2022 com o pé direito. Abriu os negócios e trabalhou parte da manhã com sinal positivo, sustentando uma valorização que chegou a 1,24%, mas depois virou e fechou o pregão com queda de 0,86%, em 103.922 pontos. O dólar subiu 2,01%, cotado por R$ 5,68 na venda.
A preocupação com as contas públicas foi retomada pelas declarações em que o deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, defende a ideia de uma revisão no texto de gastos. De acordo com os especialistas, a fala repercutiu negativamente entre investidores e gestores ressabiados com a perspectiva de aumento de despesas eleitorais de um presidente que tenta a reeleição com baixa popularidade.
Previsões do Focus afetaram o mercado
Outro sinal negativo que deprimiu o mercado de ações foram os dados contidos no primeiro boletim Focus do ano que apontam a persistente inflação alta, ainda que em desaceleração, nos próximos anos. Uma perspectiva que pressionou os juros futuros em contratos de todos os vencimentos negociados na B3, dada a perspectiva de que o Banco Central não afrouxe tão cedo a política monetária mais dura em curso.
Uma política fiscal mais branda que resulte em aumento dos gastos públicos joga o foco sobre o Banco Central, que terá de manter a política de juros altos para conter as expectativas de alta dos preços.
Na falta de grandes novidades nesta terça-feira, o mercado financeiro deverá trabalhar à espera dos dados da inflação ao produtor que o IBGE divulga amanhã, quarta-feira.
Um evento de renovada expectativa no exterior, também nesta quarta-feira, é a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC), do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA). O encontro manteve inalterada as taxas de juro, mas decidiu acelerar a retirada de estímulos à economia americana. A expectativa é que o Fed divulgue mais informações sobre a política monetária nesse documento.
Dados econômicos na Europa
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Reino Unido caiu de 58,1 em novembro para 57,9 em dezembro, segundo dados finais publicados nesta terça-feira pela IHS Markit em parceria com a CIPS. A leitura definitiva ficou acima da estimativa preliminar de dezembro, de 57,6, e também da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 57,5.
Apesar da queda, o resultado bem acima da marca de 50 indica que o setor manufatureiro britânico seguiu se expandindo em ritmo significativo no mês passado.
Já na Alemanha, de acordo com dados com ajustes sazonais publicados nesta manhã pela Destatis, as vendas no varejo subiram 0,6% em novembro ante outubro de 2021.
O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda de 0,5% no período. Em relação a um ano antes, por outro lado, o setor varejista alemão vendeu 2,9% menos em novembro. Para o fechamento de 2021, a Destatis estima que as vendas no varejo cresceram 0,9% ante 2020 em termos reais e subiram 3,1% em termos nominais.
PMI chinês anima o mercado do outro lado do mundo
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em alta nesta terça-feira, 4, após dados encorajadores da manufatura chinesa. Pesquisa da IHS Markit e da Caixin Media revelou que o índice de gerentes de compras (PMI) industrial da China subiu para 50,9 em dezembro, alcançando o maior patamar desde junho e indicando que o setor manufatureiro voltou a se expandir após dois meses de contração.
- O índice japonês Nikkei subiu 1,77% em Tóquio, a 29.301,79 pontos, também ajudado pelo enfraquecimento do iene, que durante a madrugada atingiu o menor nível em cinco meses em relação ao dólar;
- O Hang Sang teve leve alta de 0,06% em Hong Kong, a 23.290 pontos;
- O sul-coreano Kospi registrou ganho marginal de 0,02% em Seul, a 2.989 pontos;
- O Taiex subiu 1,40% em Taiwan, a 18.526 pontos.
Evergrande
Em Hong Kong, a ação da Evergrande subiu 1,26%, depois de chegar a saltar mais de 6% na retomada dos negócios, que foram suspensos ontem a pedido da própria empresa. Em comunicado, a gigante do setor imobiliário chinês, que sofre graves problemas de liquidez há vários meses, disse que registrou queda de 39% nas vendas contratadas de 2021.
Em comunicado para a Bolsa de Hong Kong, a Evergrande informou também que recebeu ordem de autoridades de Danzhou, na província de Hainan, para demolir 39 prédios de um projeto local.
Sobre seus problemas de liquidez, a Evergrande disse que vai manter "comunicação de forma ativa com credores, se esforçar para superar riscos e salvaguardar os legítimos direitos e interesses de todas as partes".
China continental
Já as bolsas da China continental, que também tiveram seu primeiro dia útil do ano hoje, ficaram no vermelho, pressionadas por ações ligadas à produção de veículos elétricos. O Xangai Composto recuou 0,20%, a 3.632,33 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 0,10%, a 2.527,70 pontos.
Oceania
Na Oceania, a bolsa australiana avançou para o maior nível em mais de quatro meses na primeira sessão de 2022. O S&P/ASX 200 subiu 1,95% em Sydney, a 7.589,80 pontos, patamar mais alto desde o dia 13 de agosto. Com informações da Dow Jones Newswires. / com Agência Estado