Boletim Focus: Inflação para 2022 segue em 5,03%, acima do teto do BC
Para 2023, expectativa da inflação compilada pelo relatório Focus sobe a 3,41%
A mediana apurada no primeiro Boletim Focus do ano para o IPCA, o índice de inflação oficial, de 2022, aponta para o segundo ano consecutivo de rompimento da meta a ser perseguida pelo Banco Central do Brasil (BC). A projeção continuou em 5,03%, contra 5,00% do teto da meta deste ano. Há um mês, a previsão era de 5,02%.
Para 2021, que já terminou, mas a inflação ainda não foi apurada, a mediana do IPCA cedeu marginalmente de 10,02% para 10,01%. A alta é discreta, mas o resultado é quase o dobro da banda superior do objetivo inflacionário (5,25%). A estimativa era de 10,18% há quatro semanas.
Considerando as 29 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o IPCA de 2021 passou de 10,00% para 9,96%. Para 2022, foram feitas 28 atualizações nos últimos cinco dias, com a estimativa variando de 4,98% para 4,97%.
Boletim Focus para 2023
Após semanas de desaceleração na esteira do tom mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, a expectativa mediana para 2023 voltou a subir e a se afastar do centro da meta do ano que vem (3,25%), passando de 3,38% para 3,41%. Para 2024, a mediana continuou em 3,00%.
Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% e 3,10%, respectivamente. A meta para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Já para 2024 o objetivo é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).
No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 10,2% em 2021, 4,7% em 2022 e 3,2% em 2023. O colegiado elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 9,25% ao ano.
Outros meses
Os economistas do mercado financeiro reduziram a previsão para o IPCA em dezembro de 2021, de alta de 0,69% para 0,68%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central. Um mês antes, o porcentual projetado era de 0,72%.
Para janeiro, a projeção no Focus passou de alta de 0,48% para 0,47%, de 0,55% há quatro semanas. O Relatório Focus também trouxe revisão na projeção para o IPCA em fevereiro de 2022, que subiu de 0,70% para 0,71%. Há um mês, estava em 0,69%
A inflação suavizada para os próximos 12 meses passou de alta de 5,11% para 5,07% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,36%.
O que é o Boletim Focus?
O Relatório Focus (ou Boletim Focus) é uma publicação semanal do Banco Central do Brasil, cujo objetivo principal é apresentar as projeções para o mercado econômico em uma série de indicadores, que vão da inflação à balança comercial e ao câmbio, entre tantos outros.
A produção do Relatório fica por conta do Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (o GERIN), cabendo ao BACEN disponibilizá-lo, todas as segundas-feiras, em seu site oficial.
A base para as projeções, entretanto, não vem do BACEN. Ela é composta pela mediana das expectativas de agentes econômicos externos ao órgão - instituições financeiras, empresas e universidades que contribuem através do Sistema Expectativas de Mercado.
Considerando-se a abrangência do tema (e do esforço de pesquisa empregado, ao adotar as medianas como ponto de referência para os palpites dos agentes), as estimativas do Relatório FOCUS são muito respeitadas.
Esse é, inclusive, um dos motivos para que seja considerado um dos mais importantes documentos da economia brasileira. Não apenas para o Governo (que o utiliza na definição da política monetária), como para a população de forma geral.
Afinal, as informações contidas nele são de grande valor para a leitura contextual dos investidores e para a sua subsequente tomada de decisões.
Como é criado o Focus?
Para a criação do Relatório Focus, dezenas de organizações se dedicam semanalmente a realizar análises a respeito do mercado financeiro. Elas não necessariamente são feitas de forma exclusiva para esse fim, mas também como parte do seu trabalho como bancos, companhias de consultoria, faculdades de Economia etc.
Com os palpites prontos, é hora de inseri-los no sistema disponibilizado pelo Banco Central: o Sistema Expectativas de Mercado. Para se ter acesso a ele é obrigatório que alguns requisitos sejam cumpridos.
Ao pleitear a inclusão, as organizações devem informar itens como a área de pesquisa em que atuam e o profissional que ficará responsável pelo projeto. Nesse momento, o currículo do profissional também é examinado pelo BACEN, de modo a certificar que ele é qualificado para a função.
Ao final do mês, é divulgado o TOP 5: uma versão do FOCUS focada nas 5 instituições que mais acertaram previsões para o mercado financeiro. Em janeiro, uma nova versão é lançada, englobando os melhores do ano.
Do que o Boletim é composto?
Ao inserirem as suas estimativas para o futuro da economia, as instituições são convidadas a se posicionarem a respeito de uma série de indicadores. Entre eles estão:
- IPC-Fipe;
- IPCA;
- IGPM;
- Taxa de câmbio;
- Taxa de crescimento do PIB;
- Taxa Selic.
Para que serve o Boletim Focus?
Todas as manhãs de segunda-feira são marcadas pelo mesmo alvoroço no mercado financeiro. Todos querem acessar o FOCUS e compreender a leitura que alguns dos principais agentes econômicos do Brasil fazem acerca de questões essenciais como inflação e crescimento do PIB.
Por isso, há sempre um mini-infarto nas companhias de consultoria ao começo de cada semana. Estão se dedicando todas, nesse momento, a absorver as interpretações do FOCUS e repassá-las aos seus clientes da forma mais clara e didática possível.
E é aqui onde adentramos no primeiro grande propósito da produção do FOCUS: nas mãos dos investidores, ele se transforma em uma ferramenta essencial de planejamento. A partir dele é possível se vislumbrar como o comportamento da economia promete concretizar e como se posicionar de modo a lucrar mais com ele.
Além disso, é um caminho para a transparência econômica, que aumenta a confiança dos investidores no mercado e nas informações disponíveis a seu respeito.
No entanto, não se pode esquecer da relevância do Relatório FOCUS para o próprio Governo. Afinal, ele também realiza esse mesmo escaneamento do ambiente para definir as políticas a serem adotadas para manipular a economia e atingir as suas metas de crescimento e desenvolvimento nacional. / Com Agência Estado