Elon Musk compra 9,2% de participação do Twitter e ações da companha disparam mais de 20% em NY
Mercado acredita que a aquisição de papéis não deve parar por aí
O bilionário Elon Musk costuma utilizar o Twitter para expor suas opiniões controversas. Desta vez, ele foi além: adquiriu 9,2% de participação da rede social americana, mas não usou a plataforma para contar a novidade. O registro foi feito nesta segunda-feira, 4, na Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) nos Estados Unidos.
Segundo reportagem da Reuters, o valor envolvido na compra foi de quase US$ 3 bilhões e, a partir daí, Musk se tornou o maior acionista do site de microblogs. A notícia fez com que as ações do Twitter disparassem mais de 20% na Bolsa de Nova York (NYSE) durante o dia.
As ações do Twitter, que caíram 38% nos últimos 12 meses até o fechamento da última sexta-feira, 1, estavam sendo negociadas a US$ 47,19. Com a notícia, a empresa adicionou cerca de US$ 8,38 bilhões ao seu valor de mercado, que agora é de US$39,3 bilhões.
Planos prévios
A decisão do empresário está alinhada a um tweet postado recentemente no qual ele estava “pensando seriamente” na construção de uma nova plataforma de mídia social, enquanto questionava os usuários do Twitter sobre o compromisso da rede social com a liberdade de expressão. Mais de 70% votaram “não”.
Musk ingressou na rede social em 2009 e hoje conta com mais de 80 milhões de seguidores. Ele usou a plataforma para fazer vários anúncios, incluindo um deles sobre o fechamento do capital da Tesla, o que tornou a empresa de carros elétricos alvo de fiscalização de autoridades do mercado de capitais norte-americano.
Participação pode ser maior
Os resultados trimestrais recentes do Twitter e um volume de usuários abaixo do esperado levantaram questionamentos sobre a perspectiva de crescimento da plataforma.
Em paralelo, a companhia busca investir em outras frentes, como o desenvolvimento de grandes projetos como salas de bate-papo com o uso de áudio e boletins informativos, buscando acabar com a estagnação de longa data.
Para o especialista e sócio da Great Hill Capital LLC, Thomas Hayes, a compra da participação por Musk “envia uma mensagem” ao Twitter.
“O fato de Musk ter uma participação significativa no Twitter manterá a empresa atenta, porque essa participação passiva pode rapidamente se tornar ativa”.
Thomas Hayes, especialista e sócio da Great Hill Capital LLC
Angelo Zino, analista da CFRA Research, reforça a opinião de Hayes. “O investimento feito por Musk é uma porcentagem muito pequena de sua riqueza e uma compra de 100% de participação do Twitter não deve ser descartada”, disse em nota.
Um documento regulatório mostrou que Musk possui 73,5 milhões de ações do Twitter, que são de propriedade da Elon Musk Revocable Trust, empresa da qual o bilionário é o único dono. A Vanguard é o segundo maior acionista da rede social, com 8,79% de participação, segundo dados da Refinitiv.
Compra de outras empresas
Musk já havia feito investimentos iniciais em outras empresas, incluindo a processadora de pagamentos digitais Stripe Inc e na empresa Vicarious, de inteligência artificial. A compra de ações do Twitter é o primeiro movimento de aquisição do bilionário focado em mídias sociais.
Além disso, Musk também é fundador e diretor executivo da SpaceX, que fez um voo orbital em setembro do ano passado, com civis com o objetivo de fazer o turismo espacial ultrapassar uma nova fronteira.
Musk também lidera a startups de chips cerebrais Neuralink e a empresa de infraestrutura The Boring Company.
Troca de comando no Twitter e negligência da Web3
O Twitter foi alvo da investidora Elliot Management Corp em 2020, quando o fundo de hedge argumentou que seu então chefe e cofundador, Jack Dorsey, estava prestando pouca atenção ao Twitter enquanto também administrava a empresa Square.
Dorsey, que detém mais de 2% de participação no Twitter, deixou o cargo de diretor presidente da plataforma e presidente do conselho no ano passado, entregando as rédeas da rede social ao veterano da empresa, Parag Agrawal.
Com Musk, Dorsey encontrou um ponto em comum: ambos descartaram a Web 3.0, termo vago para uma versão utópica da internet descentralizada, baseada na tecnologia blockchain de registro digital, que também impulsiona criptomoedas como bitcoin e ethereum.