A nova corrida espacial dos bilionários: como você pode faturar com isso?
Empresários da Virgin, Amazon e Tesla estão em busca de pisar na Lua
Se você é um pouquinho mais experiente, certamente se lembra da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. O episódio histórico tratou uma disputa entre os dois países sobre a hegemonia econômica após a Segunda Guerra Mundial.
Entre várias outras questões entre os países, uma das disputas estava na exploração do espaço. O episódio foi chamado de "corrida espacial" e trouxe diversos avanços tecnológicos como o lançamento de um satélite em órbita, a criação da NASA (National Aeronautics Space Administration) ou o simbólico episódio de pisar na lua.
Em 2021, não temos mais a Guerra Fria que marcou o cenário econômico por décadas — ainda que, de certa forma, uma nova batalha do tipo esteja se formando entre Estados Unidos e China. No entanto, o objetivo lunar voltou a ser tema de discussão, desta vez entre investidores milionários.
O que é a nova corrida espacial?
A nova corrida espacial vem se destacando por ser uma disputa de milionários. Isso porque a tentativa de voltar a pisar na lua depois de mais de 50 anos da primeira vez em que isso ocorreu, no ano de 1969, vem sendo marcada por empresários renomados dos Estados Unidos. São eles:
- Richard Branson
- Jeff Bezos
- Elon Musk
Os nomes, aliás, são bem conhecidos do mercado financeiro. Isso porque, além das ideias espaciais, os três possuem outros negócios de destaque. Vamos conhecer um pouco mais sobre os projetos.
Richard Branson
Richard Branson é o presidente do Grupo Virgin, com destaque para a gravadora Virgin Records. Os seus investimentos se dividem entre a música e a aviação, com um audacioso projeto de levar o público geral para o espaço. Já há, inclusive, uma venda em formato de lista de espera cujo ingresso está na faixa de 250 mil dólares.
Entre os milionários que marcam essa nova corrida espacial, Branson saiu na frente no último dia 11 de julho, quando partiu para um vôo suborbital espacial no foguete VSS Unity. A viagem durou pouco mais do que quinze minutos, mas ganhou o noticiário em todo planeta.
Jeff Bezos
Ainda mais popular que Branson, Jeff Bezos é amplamente conhecido por ser fundador da Amazon, uma das maiores empresas do mundo e com uma estratégia bem agressiva para ganhar mercado.
Além da varejista, Bezos também tem uma empresa focada em viagens espaciais: a Blue Origin. E, neste dia 20 de julho, também fará sua investida espacial a bordo do New Shepard, espaçonave criada pela própria organização.
O destaque para a viagem é que não haverá piloto. Jeff Bezos estará acompanhado do seu irmão, além de dois convidados especiais — uma delas Wally Funk, uma das pioneiras do setor espacial nos Estados Unidos.
Elon Musk
Fechando a lista de competidores pelo espaço está Elon Musk, um personagem bastante polêmico. Além de diversos projetos no setor de tecnologia, com destaque para a Tesla, Musk já é famoso pela relação com o Bitcoin. A criptomoeda oferece um comportamento bastante volátil de acordo com suas falas, como vimos recentemente em uma forte queda após ele dizer que a empresa não aceitaria mais a criptomoeda.
A sua participação nessa nova corrida espacial está focada na SpaceX, sua companhia para exploração espacial. No entanto, ao menos oficialmente, Musk já sinalizou que o seu foco está em Marte — e não na lua, como fazem Richard Branson e Jeff Bezos. Contudo, a verdade é que não podemos descartá-lo desta disputa midiática.
A nova corrida espacial e os investimentos
Para o mercado financeiro, a disputa entre os três bilionários é muito atrativa. Isso porque, ainda que de maneira indireta, esses investimentos acabam contribuindo para uma evolução da tecnologia espacial, principalmente por meio da NASA. O crescimento da exploração espacial, aliás, é notório, assim como a sua potencial lucratividade.
Se essa é uma tese que desperta o seu interesse, saiba que é possível se posicionar neste mercado por meio de investimentos nas bolsas americanas. Infelizmente, ao menos até o momento em que este artigo foi produzido, os ativos não podem ser acessados pela B3, que é a bolsa de valores do Brasil.
Como investir no setor de exploração espacial?
Para quem tem acesso às bolsas globais, existem dois caminhos possíveis para expor parte do capital ao setor de exploração espacial.
O primeiro é investir diretamente nas empresas dos milionários. Até o atual momento, apenas a Virgin Galactic tem ações listadas na bolsa. Elas são negociadas sob o ticker SPCE na Bolsa de NYSE (New York Stock Exchange). Desde janeiro de 2020, a valorização dos papéis já superou a casa de 170%.
Já as demais empresas do setor (Blue Origin e SpaceX) ainda não oferecem essa oportunidade. No entanto, é bem provável que ocorra um IPO (Oferta Pública Inicial, em português, que é o processo de abertura de capital de uma companhia) ao longo dos próximos meses, em especial para a companhia do Elon Musk.
A alternativa para investir em exploração espacial está nos ETFs (Exchange Traded Funds), que são os fundos negociados em bolsa de valores e possuem o objetivo de replicar um índice.
O mais famoso deles é o ETF UFO (Procure Space ETF), ativo que busca acompanhar o índice S-Network Space Index e já possui mais de cem milhões de dólares sob gestão. A maior parte das empresas é dos Estados Unidos, mas há diversificação geográfica com companhias do setor sediadas em outros países como Itália, Japão e França, por exemplo.
Veja a seguir os cinco principais ativos nos quais esse ETF investe (o peso de cada um deles é de aproximadamente 5,0% do patrimônio do fundo):
- Globalstar Inc.
- Virgin Galactic
- Trimble Inc.
- Garmin Ltd.
- MDA Ltd.
Muito mais do que uma simples corrida espacial
Por trás de uma corrida espacial midiática, como vimos entre Richard Branson, Jeff Bezos e Elon Musk, há muito mais do que uma simples matéria jornalística. E é por isso que o tema está com tanta evidência nesses últimos meses.
A verdade é que, mais uma vez, há muita política envolvida nessa nova corrida espacial. E, novamente, os adversários dos Estados Unidos são bem conhecidos: China e Rússia.
Os chineses já marcam seu território nessa disputa com forte investimento em tecnologia. No ano de 2018, a China liderou os lançamentos para o espaço. Além disso, em 2019, divulgou o objetivo de construir uma estação de pesquisa no polo sul da lua. Os russos, por sua vez, possuem o controle da Estação Espacial Internacional (ISS), cobrando aproximadamente 80 milhões de dólares dos Estados Unidos para envios espaciais.
Isso sem mencionar outros países que, embora mais discretos, também mostram forte interesse em participar desse desafio lunar. É o caso do Japão, do Reino Unido, de Israel e da Coréia do Sul, por exemplo.
Por mais que exista um tratado internacional em que não há, de forma alguma, soberania sobre a lua, ainda é muito incerto o resultado que essa nova corrida espacial trará em termos políticos. E há maior incerteza (e, consequentemente, risco) na medida em que não há um objetivo claro entre os países envolvidos — ao contrário da Guerra Fria, quando esse objetivo era pisar na lua. Hoje, há muito mais em disputa.
O que é certo é que, neste dia 20 de julho, Jeff Bezos será mais um a tentar se aproximar da lua. E devemos ter cada vez mais notícias relacionadas à corrida espacial nas próximas semanas. Vamos aguardar os novos episódios.