Com alta de 6,1%, Bolsa lidera ranking de investimentos em março; bitcoin sobe em dólar, mas sofre revés em reais
Expectativa é de que o dólar chegue a R$ 4,50 no primeiro semestre deste ano
O Ibovespa subiu 6,06% e liderou o ranking das aplicações em março, impulsionado pelo capital estrangeiro. A intensa chegada de recursos externos, que animou a Bolsa de Valores, derrubou o dólar, que recuou 7,70%.
O fluxo de capital estrangeiro, avaliam os especialistas, deve continuar dando o tom e a tendência desses mercados em abril. No xadrez do mercado financeiro há outras peças. Em relação à guerra na Ucrânia, a percepção é que será prolongada, ninguém arrisca um desfecho, já que a resistência ucraniana surpreende e os caminhos diplomáticos, para um acordo, não avançam.
As preocupações globais com a inflação devem persistir no mês, mas bancos centrais temem adotar uma política monetária mais dura e provocar recessão.
A expectativa é que essas incertezas mantenham o País atraente, por ter emprendido uma política monetária austera há vários meses e indicar agora que está no fim do ciclo de alta dos juros, enquanto outros países se mostram indecisos sobre como enfrentar essa questão.
O bom desempenho da Bolsa
A B3 lidera também no ano. A valorização acumulada nos três primeiros meses do ano está em 14,48% e em 12 meses, 4,19%. O desempenho achatado em período mais longo reflete as baixas da B3 ao longo do segundo semestre de 2021.
A Bolsa de Valores fecha com forte alta um mês marcado pelo cenário de incerteza global, com a continuidade de guerra entre Rússia e Ucrânia, e de novo aperto monetário doméstico, com mais uma elevação da Selic.
Eventos que, em vez de afugentar, atraíram os investidores estrangeiros para o mercado de ações e de renda fixa.
O capital externo ingressou na B3 para a compra principalmente de ações ligadas a commodities. Dados da B3 apontam que a participação de investidores estrangeiros acumula um saldo positivo (diferença entre compras e vendas) de R$ 89,63 bilhões no ano, até 29 de março.
Empresas ligadas a commodities, principalmente exportadoras de minério de ferro, puxaram o Ibovespa para cima. A ação da Vale (VALE3), beneficiada pela demanda fortalecida pelo produto, especialmente da China, valorizou-se 7,88% em março.
Dólar permaneceu embicado para baixo
A enxurrada de dólares que continua ingressando no País, tanto para a compra de ações na Bolsa quanto para beliscar os polpudos ganhos com juros altos na renda fixa, mantém o dólar ladeira abaixo.
Especialistas entendem que o fluxo de capitais ao País tende a manter as cotações deprimidas. Não descartam a trajetória para patamares ainda mais baixos. Alguns já veem o dólar flertando com um piso em torno de R$ 4,50, pelo menos neste primeiro semestre.
Bitcoin acumula valorização de 3,55% em dólar
A moeda digital bitcoin acumulou valorização de 3,55% em dólar, cotado a US$ 45.841 no fim da quinta-feira, 31, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Convertido para reais, contudo, a moeda acumulou prejuízo de 3,18% no período. Isso acontece porque a moeda brasileira registrou uma valorização superior frente ao dólar em março, prejudicando os ganhos dos investidores de cripto.
O especialista Safiri Felix, diretor de produtos e parcerias da Transfero, explica que a criptomoeda chegou ao fim do mês em recuperação, após sofrer pressão vendedora no início dele.
Movimento que manteve o bitcoin em processo de acumulação entre US$ 37.000 e US$ 48.000, pico de preço, durante boa parte de março.
Ganho na renda fixa sobe, mas juro continua negativo
O rendimento nominal das aplicações mais conservadoras de renda fixa subiu, acompanhando a alta da Selic, mas o juro nesse segmento permanece negativo. CDBs e fundos de renda fixa e DI renderam em março menos que a inflação de 1,28% estimada para o mês.
A expectativa é que essas aplicações mais tradicionais passem a render juro real, acima da inflação, a partir dos próximos meses, possivelmente maio. A Selic deve passar um por novo aumento no próximo mês, para 12,75% ao ano em maio, quando a expectativa é que a inflação inicie uma trajetória mais acentuada de baixa.
Balanço dos investimentos em março
Confira quanto renderam as aplicações em março pelos cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo.
Aplicação/Índice | Variação |
---|---|
1 - Ibovespa | 6,06% |
2 - IGP-M | 1,74% |
3 - Títulos indexados ao IPCA(*) | 1,73 a 1,83% |
4 - Fundos Imobiliários (Ifix) | 1,42% |
5 - IPCA (**) | 1,28% |
6 - Fundos de renda fixa (***) | 0,99 a 1,99% |
7 - Fundos DI (***) | 0,94 a 1,04% |
8 - CDBs (***) | 0,86 a 0,96% |
9 - Poupança | 0,60% |
10 - Bitcoin (****) | -3,18% |
11 - Ouro | -4,89% |
12 - Dólar | -7,70% |
13 - Euro | -9,33% |
Obs.: * indicativo
** estimativa
*** média
**** dado do CoinMarketCap, em reais
Ranking no trimestre
Aplicação/Índice | Variação |
---|---|
1 - Ibovespa | 14,48% |
2 - IGP-M | 5,49% |
3 - Títulos indexados ao IPCA (*) | 4,33% |
4 - IPCA (**) | 2,86% |
5 - Fundos DI (***) | 2,65% |
6 -Fundos de Renda Fixa (***) | 2,63% |
7 - CDBs (***) | 2,40% |
8 - Poupança | 1,67% |
9 - Fundos Imobiliários (Ifix) | 0,88% |
10 - Ouro | -11,52% |
11 - Dólar | -14,63% |
12 - Euro | -16,60% |
13 - Bitcoin (****) | -18,77% |
Obs.: * indicativo
** estimativa
*** média
**** dado do CoinMarketCap, em reais