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Economia

Dólar pode continuar caindo até R$ 4,30, considerado o ‘valor justo’ da moeda

Não será surpresa se moeda americana cair mais, ao nível de R$ 4,00

Data de publicação:30/03/2022 às 02:47 -
Atualizado 2 anos atrás
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No artigo de 28 de maio do ano passado comentei que o valor justo do dólar era entre R$ 4,00 e R$ 4,50. No segundo artigo deste ano, em 01 de fevereiro, voltei a ponderar que o valor justo do dólar seria neste nível e, majoritariamente tenho comentado que o meio deste range, R$ 4,30, seria uma boa aposta. Este valor ainda não foi atingido, mas agora é quase um consenso.

dólar
Valor justo do dólar seria entre R$ 4,00 e R$ 4,50 - Fonte: Envato

O que tem levado o dólar a cair tanto e tão rapidamente no Brasil é o diferencial de juros, conforme observa-se no gráfico abaixo, que considera os juros básicos da economia menos a inflação anualizada. Pode-se fazer esta conta de outras formas e até encontrar resultado mais vantajoso para o Brasil, com diferencial de juros em torno de dois dígitos.

Observe que a cotação do dólar está invertida para visualizar a correlação:

Fonte: Wagner Investimentos

O modelo acima é unifatorial, ou seja, apenas o diferencial de juros impactando o dólar. Naturalmente que é muito simplista, mas se observarem o relatório passado, os preços das commodities se recuperaram da forte queda da Covid no primeiro trimestre do ano passado e pouco influenciaram a cotação de nossa moeda. Agora temos um trio poderoso: diferencial de juros + preço alto das commodities + fluxo para a bolsa.

Explicamos nos relatórios deste ano os fatores que estão apreciando o real e comentamos por duas vezes sobre o valor justo na casa de R$ 4,30. Mas, por ser ano eleitoral e de aperto de juros nos Estados Unidos, acreditávamos em maior estabilidade da moeda e, por isso, o real deveria demorar maior tempo para convergir para o preço justo. Lembrem-se do segundo relatório do ano, quando comentei sobre os erros de projeção, é simplesmente isso.

O gráfico abaixo mostra o comparativo do real com quatro moedas emergentes e a sua média: peso colombiano, peso chileno, peso mexicano e rand sulafricano. Nesta janela de comparação, o real ainda está desvalorizado e a moeda mexicana é a mais estável - a que menos se desvalorizou.
Um questionamento que pode ser feito é porque o início da comparação está um pouco antes da covid-19: isso é simples, para identificar o impacto da pandemia!

Foto: Wagner Investimentos

Observem que o real precisa apreciar em mais 10% para se igualar às demais moedas. Em outras palavras: se for para R$ 4,30 e as demais moedas se mantiverem no mesmo patamar, igualaremos finalmente a média.

Além da alta dos juros, há que se comentar sobre o grande fluxo para o Ibovespa, que está em níveis recordes. A alta das commodities, a guerra da Ucrânia e o patamar relativamente baixo do Ibovespa em dólares têm atraído os investidores estrangeiros, conforme o gráfico da XP:

Quem tem medo do Fed?

O Fed está mais agressivo em seu discurso, isso é fato, mas a alta dos juros está e continuará a ser mais lenta do que a aceleração da inflação, fato que não configura postura agressiva da autoridade monetária.

Enquanto isso ocorrer, o dólar terá dificuldade de subir contra as moedas clássicas de países exportadores de commodities (Austrália, Nova Zelândia e Canadá) e contra moedas de países emergentes que estão subindo juros e/ou que são exportadores de commodities, como o Brasil.

Por que não devemos mais comparar o dólar com o Dollar Index ?

Dollar Index sobe e ultrapassa 99 e está perto da maior cotação desde o início da pandemia. Porém, analisar o DXY como proxy da força do dólar neste momento pode induzir a erro, já que 87% do peso da cesta de moedas está concentrado em euro (57,6%), libra (11,90%) e coroa sueca (4,20%), países que estão no epicentro da guerra, e yen (13,60%), que segue adotando política monetária frouxa.

Próximos eventos relevantes:

31/03 – PCE (EUA)

01/04 – Payroll (EUA), PMI (China, Europa, EUA e Brasil), Produção Industrial (Brasil)

08/04 – IPCA (Brasil)

27/04 – IPCA-15 (Brasil)

04/05 – FOMC (EUA). COPOM (Brasil) – SUPER Quarta-Feira

06/05 – Payroll (EUA)

Caminhos para o dólar

O cenário do momento segue de queda do dólar, que rompeu três importantes suportes: R$ 5,30 – R$ 5,00 – R$ 4,84. É possível que caia para R$ 4,50 e depois R$ 4,30 e não surpreenderia bater em R$ 4,00, que é o range que consideramos justo.

Devemos tomar cuidado porque o nível do câmbio está menos atrativo: vender dólar a R$ 4,70 é completamente diferente de vender dólar a R$ 5,70, mesmo que o diferencial de juros esteja mais favorável neste momento ao Brasil.

Pense bem: a margem de segurança agora é bem menor. No relatório de 01 de fevereiro apontei que petróleo em U$100 ou mais e o Fed apertando sete vezes teríamos uma recessão contratada. Dois meses depois esta é a discussão do momento porque não estamos muito distante deste cenário!

Três pontos precisam ser monitorados:

  1. Fluxo para a bBlsa. Até quando os estrangeiros continuarão alocando capital no Brasil? A Bolsa em dólares subiu mais de 35% e não está mais tão barata;
  2. Em algum momento, a inflação dos EUA irá cair e isso pode reduzir o diferencial de juros em favor do Brasil;
  3. Eleições. Eduardo Leite pode ser o candidato da Terceira Via, está trabalhando para isso e eventualmente o mercado pode se animar um pouco a depender de seu desempenho. Leite precisa derrotar Doria na convenção do PSDB e é por isso que deixou o cargo de governador do Rio Grande do Sul. Mas, caso Lula siga muito competitivo, o que mais vai fazer preço será o nome do seu ministro da Fazenda. Atenção a este fato!

*Este artigo não reproduz necessariamente a opinião do portal Mais Retorno.

Sobre o autor
Jose Faria Júnior
José Raymundo de Faria Júnior é economista graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em Administração pela Fecap. Sócio desde 2006 da Wagner Investimentos, possui as certificações financeiras CFP®️, CNPI, CGA e é Consultor de Valores Mobiliários.

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