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Economia

Selic: que razões poderiam levar o BC a subir ainda mais a taxa de juros do País?

De acordo com os especialistas, inflação mais fraca pode ajudar a segurar o freio do BC

Data de publicação:10/08/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária, o Copom, sinalizou que o ciclo de aperto monetário pode estar chegando ao fim, mas está aberto para mais uma elevação na Selic de menor magnitude na próxima reunião, em setembro, "se necessário".

Levando em conta esses dois aspectos, que cenário permitira a autoridade monetária deixar a Selic em 13,75%, sem nenhum ajuste extra?

Selic
De acordo com os especialistas, o BC está olhando para um cenário mais a frente, o que pode trazer um pouco de conforto na decisão de não subir mais os juros - Foto: Reprodução

Segundo os especialistas entrevistados pela Mais Retorno, o Banco Central olha para frente quando toma suas decisões monetárias. No caso da Selic atual, ela é resultado do cenário de 12 meses atrás.

"O Banco Central está olhando agora uma janela para frente, especificamente em 2023, no qual as expectativas para a inflação ainda estão um pouco fora da meta. O Copom optou em ser um pouco mais duro justamente para tentar trazer essa expectativa para mais próximo do horizonte".

Wagner Varejão,. economista da Valor Investimentos

De acordo com Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, a elevação das projeções para a inflação no próximo ano estão ligadas à inflação de serviços, que segue bem pressionada e persistente. Outro fato é que a desoneração tributária deve retornar em 2023, aumentando o peso em cima do IPCA.

Já Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, acredita que o BC está se orientando na expectativa de inflação para o primeiro trimestre de 2024 - segundo o último Boletim Focus, está em 3,30%, um pouco longe do centro da meta meta de 3,00% e margem de 1,5% para o período - "o que dá um certo conforto para eles acreditarem que o aperto monetário já promovido é suficiente para desacelerar a inflação".

Abdelmalack aponta que o ambiente inflacionário do próximo ano está "contagiado pela retomada dos tributos sobre os combustíveis, que mantém as perspectiva para o IPCA de 2023 acima de 5%".

Risco fiscal

Para Varejão, um dos pontos que atrapalha essa busca por atingir a meta de inflação é a política fiscal do País. Recentemente, o governo aprovou a PEC das Bondades, que inclui benefícios para caminhoneiros, taxistas, aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, entre outros, que deve custar R$ 41,2 bilhões aos cofres públicos, além do fato de ficar fora do teto de gastos.

"A política monetária e a fiscal precisam caminhar juntas. Quando a fiscal começa a acelerar demais, a política monetária precisa fazer um contrapeso e, com isso, frear a atividade econômica", destaca.

O economista aponta que o Banco Central está fazendo um bom trabalho para controlar a inflação. "Ao falar que ia subir os juros, o BC fez com que a expectativa dos juros futuros caísse e equilibrasse o câmbio. As condições passaram a melhorar".

Sobre o aspecto fiscal, Varejão afirma que acha difícil que a política fiscal esteja mais equilibrada. "Isso não deve acontecer, principalmente em véspera de eleição".

Inflação mais fraca

Ao mesmo tempo, o economista da Valor diz que os dados mais fracos da inflação - nesta terça-feira, 9, o IBGE divulgou que o IPCA de julho foi negativo em 0,68%, ante alta de 0,67% no mês anterior - retira a pressão sobre o BC na promoção de novas altas, até mesmo esse ajuste de menor magnitude em setembro, citado na ata.

"A economia já dá sinais de que está freando sua atividade, o que ajuda o BC a não subir mais os juros. A pergunta mais difícil de ser respondida agora é quando a Selic poderá começar a cair".

O mercado, segundo ele, já está precificando que isso só deve acontecer a partir de meados do próximo ano.

"A recessão lá fora afeta a nossa política monetária. Como ela bate muito em cima das commodities, ocasionando a queda nos preços, isso pode fazer com que os juros por aqui também caiam. Mas isso é ruim em termos de atividade econômica".

Varejão, da Valor, sobre os efeitos do mercado internacional nos juros

Ciclo de aperto monetário americano

Outro ponto que pode influenciar na movimentação dos juros pelo BC é a política monetária americana, que segue em fase de alta de juros com os EUA enfrentando a maior inflação dos últimos 40 anos e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) comprometido em trazê-la para o patamar de 2%.

"Até onde o Fed irá com a alta dos juros é um fator relevante para o BC brasileiro. Isso pode fazer com que a autoridade monetária tenha que segurar os juros. Se o BC americano subir demais, o BC terá que elevar a Selic para que a diferença entre as duas taxas não seja grande", diz Varejão.

No fim do mês passado, o Fed anunciou que elevou a taxa de juros do país em 0,75 ponto porcentual - a quarta alta de um ciclo de aperto monetário que teve início em março deste ano - levando-a a um intervalo entre 2,25% e 2,5% ao ano.

A perspectiva do mercado é que, até o fim do ano, o juro americano esteja entre 3,0% e 3,5%.

Eleições

Para Pacheco, da Guide, o Banco Central deve encerrar o ciclo de ajuste monetário já na reunião de setembro. "Com uma ata que trouxe um discurso mais leve, muitos analistas voltaram atrás e acreditam que não haverá novas altas na Selic".

Na reta final das eleições, o economista não acredita que deve ocorrer uma piora da percepção de risco fiscal.

"Se tivéssemos mais volatilidade, isso poderia piorar o risco e justificaria uma nova alta. Mas isso não vai acontecer porque os candidatos não têm propostas econômicas radicais. O mercado já precificou a possibilidade de o Auxílio Brasil a R$ 600 se tornar permanente a partir de 2023", conclui.

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