Renda fixa lidera o ranking dos investimentos em novembro; confira as projeções para dezembro
Uma das certezas é a elevação da Selic no dia 8 desse mês
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou novembro com desvalorização de 1,53%, mais uma vez na rabeira do ranking de novembro mês, e com uma coleção de dados negativos. Foi a quinta queda mensal consecutiva e o mergulho do Índice Bovespa (Ibovespa) a 101.915 pontos, o nível mais baixo do ano. Um patamar que é superado apenas pela pontuação de 100.925, de 6 de novembro de 2020, diante de incertezas com os resultados de apuração das eleições presidenciais americanas.
Em meio a um cenário desfavorável à renda variável, em que o dólar também patinou, a renda fixa continua em lenta recuperação, na esteira da elevação da taxa básica de juros, a Selic. A taxa de juros nominal ainda permanece baixa, em relação à inflação mensal, em torno de 1%, mas aos poucos passa a ganhar atratividade.
Veja quanto renderam as aplicações em novembro, de acordo com os cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo.
Por que a Bolsa perdeu no ranking de novembro
O mercado de ações foi impactado por dois fatores de incerteza: um pelo lado fiscal, pela PEC (Proposta de Emenda Constitucional) dos Precatórios, e outro, pelo lado sanitário, pela descoberta de nova variante do coronavírus (a ômicron), na África do Sul, que trouxe o temor com a pandemia de volta ao radar dos investidores.
A PEC dos Precatórios, que ainda tramita no Senado, constrói um puxadinho no Orçamento, ao parcelar a quitação de parte dos precatórios, para bancar o pagamento do Auxílio Brasil. A fórmula, considerada drible ao teto de gastos, aumentou as preocupações do mercado com a questão fiscal, em meio a um cenário de escalada da inflação e dos juros.
O golpe mais contundente contra os mercados, no mês, foi desferido pela notícia de descoberta de nova cepa do coronavírus. O impacto, suficiente para derrubar os mercados pelo mundo, ainda está sendo assimilado, dada preocupação com os possíveis efeitos de nova onda de contágio sobre o processo de retomada da atividade econômica global.
Os setores que mais sofrem com esse cenário de novas incertezas são os de viagens e turismo, com as medidas de restrição ao livre movimento de viajantes, combustíveis, commodities e varejo, entre outros.
Renda fixa começa a brilhar
O cenário doméstico e externo negativo põe em evidência a renda fixa, que passa a ser vista como opção que oferece proteção e rentabilidade, à medida que os juros sobem.
O rendimento da renda fixa está longe ainda de ser suficiente sequer para cobrir a inflação, mas estão em outro patamar comparado com o da Selic nas mínimas históricas, embora o IPCA também esteja em alta.
Os fundos de renda fixa devem render, na média, entre 0,60% e 0,70%; os fundos DI entre 0,58% e 0,68%; e os CDBs, entre 0,53% e 0,63%. A poupança 0,44%, para crédito em 1º de dezembro.
O rendimento na renda fixa continuou rodando abaixo da inflação de 1,08% estimada pela variação do IPCA, mas está muito mais robusto que em março, quando o Banco Central iniciou o atual ciclo de elevação da taxa básica de juros, tendo como ponto de partida a Selic nanica de 2%.
Há oito meses, a renda fixa estava à míngua. Os fundos de renda fixa e os DI renderam nominalmente entre 0,13% e 0,23%, em média, e os CDBs, na faixa entre 0,14% e 0,24%. A poupança rendeu 0,12%, para crédito em 1º de abril. A inflação oficial de março cravou 0,93%.
Perspectivas para dezembro
O mercado financeiro inicia o último mês do ano, nesta quarta-feira, em meio ao cenário agravado de incertezas em relação à nova cepa do coronavírus. O principal temor são os possíveis efeitos da ação do novo vírus sobre o processo de retomada de atividade econômica global.
Até agora, pouco se sabe sobre a nova cepa e os impactos dela do ponto de vista sanitário e econômico, o que gera renovadas preocupações. Um cenário de persistente preocupação que deve manter investidores e gestores cautelosos e na defensiva, mas propício à volatilidade nos mercados, sem indicação de tendência. Sobretudo na bolsa de valores.
Uma certeza, quase uma convicção, é a nova elevação da Selic logo na virada do mês. A previsão é de uma alta de 1,50 ponto porcentual, que levaria o juro básico de 7,75% ao ano para 9,25%, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 7 e 8 de dezembro.
À medida que o juro sobe, a renda fixa ganha maior atratividade. Por dois motivos: pela apatia da renda variável e pela perspectiva de que, com as contínuas elevações, as taxas de juros passarão em algum momento à frente da inflação, como apontam as últimas estimativas do mercado financeiro.
Dados indicam que economistas e analistas do mercado, consultados pelo Banco Central para o boletim Focus, projetam uma inflação de 10,15% para este ano e de 5,00% para o próximo. Uma trajetória inversa à estimada para a Selic, que fecharia 2021 em 9,25% e chegaria ao fim de 2022 em 11,25% - com ampla diferença em relação à inflação prevista, o que redundaria em polpudos rendimentos reais, acima do IPCA, na renda fixa.