Poupança vai render 0,54% ao mês no caso de Selic a 9,25%
Haverá uma uniformização de rendimento entre contas novas e antigas
O rendimento da poupança será alterado assim que a Selic, juro básico da economia, romper o teto de 8,5% ao ano. Condição que deverá ser atingida nesta quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária, o Copom, anuncia a taxa que vai valer até o dia 2 de fevereiro de 2022, no primeiro encontro do ano do comitê.
Se a Selic pular para 9,25%, conforme espera o mercado, as contas abertas a partir do dia 4 de maio de 2012 terão a rentabilidade equivalente à correção pela Taxa Referencial (TR) mais juros de 0,5% ao mês.
Pelos cálculos do professor de Matemática Financeira, José Dutra Vieira Sobrinho, a Selic de 9,25% deve resultar em uma variação mensal de 0,0421% da TR, congelada em zero desde setembro de 2017. Essa TR, capitalizada ao juro de 0,50%, leva o rendimento da poupança para 0,5424% ao mês, ou 6,71% ao ano.
Sem dúvida um rendimento que supera o atual, calculado em 70% da taxa Selic, ou 5,43% ao ano. Mas nem por isso a poupança vai recuperar a sua capacidade de proteger o dinheiro do investidor contra a perda de poder aquisitivo, uma vez que a inflação já roda acima de 10%. Mesmo em relação a outras aplicações em renda fixa, como os fundos de investimentos ou títulos, a mais popular das aplicações no País deve ganhar competitividade.
Para as contas abertas antes de 4 de maio de 2012 não haverá mudança. Elas continuarão sendo remuneradas à base de TR mais juros de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano. Ou seja, haverá uma uniformização de rendimento entre as contas antigas e novas.
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Entenda as mudanças na poupança
Foi a Lei nº 12.703 que trouxe distinção entre as contas abertas antes ou depois de 4 de maio de 2012. Com a queda dos juros, o Banco Central tentou impedir uma saída em massa de outras aplicações em renda fixa, incluindo os títulos do Tesouro, que teriam então um redução em seu rendimento, em direção à caderneta de poupança, que, por sua vez, teria garantido o juro de 0,5% ao mês.
Para não atropelar as regras vigentes no momento da aplicação, ou a quebra de contrato entre as partes, a saída encontrada foi manter a remuneração de TR mais juro de 0,5% ao mês para as contas abertas até o dia 3 de maio de 2012 e mudar o critério para as que fossem abertas a partir do dia seguinte. Para essas, a rentabilidade passou a ser de 70% da Selic, sempre que a própria Selic fosse igual ou inferior a 8,5% ao ano.
A partir do momento em que a taxa voltasse a superar esse limite, o rendimento também voltaria à regra antiga, TR mais 0,5% de juro. E é isso o que deve ocorrer para o cálculo da remuneração do investidor a partir desta quinta-feira, dia 9.
Ciclo de aperto monetário
No ano passado, com a chegada da pandemia de covid-19 ao Brasil e todas as suas consequências - das medidas restritivas aos impactos econômicos -, o Banco Central passou a reduzir a Selic, a fim de estimular a atividade econômica. No começo de 2021, a taxa de juros chegou ao patamar de 2,0% ao ano.
No entanto, com o avanço da inflação causado, sobretudo, pelos problemas nas cadeias de produção mundo a fora, o que diminuiu e encareceu a oferta de diversos produtos, como as commodities, por exemplo, a instituição adotou uma postura mais dura e, a partir de março deste ano, começou o ciclo de aperto monetário, único instrumento do BC para conter a escalada dos preços.
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Trajetória da Selic ao longo de 2021
- Na reunião de 20 de janeiro, o BC manteve a Selic em 2,0% ao ano, taxa vigente desde agosto de 2020
- Em 17 de março, a taxa de juros subiu para 2,75% ao ano
- No encontro de 05 de maio, a instituição elevou a Selic a 3,50% ao ano
- Em 16 de junho, a Selic subiu para 4,25% ao ano
- Na reunião de 04 de agosto, a taxa de juros foi para 5,25% ao ano
- No encontro de 22 de setembro, o BC elevou a Selic a 6,25% ao ano
- Em 27 de outubro, a taxa de juros subiu para 7,75% ao ano