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Por que as commodities estão badaladas nesse início de ano, será um novo superciclo? Confira

Nem todos analistas concordam em novo boom das commodities, mas consideram que são ativos de proteção

Data de publicação:07/01/2022 às 01:00 - Atualizado 3 anos atrás
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Diversificação da carteira é a primeira unanimidade entre os especialistas para bons resultados nos investimentos nesse início de ano com muitas incertezas na agenda. A segunda é a composição de parte dessa carteira com ações de empresas exportadoras de commodities. Os motivos de atratividade apontados não são apenas convincentes. São também bastante adequados ao atual cenário, doméstico e internacional.

Ações ligadas a empresas de commodities tem exposição ao exterior e à variação do dólar - Foto: Arquivo

No pregão desta quinta-feira, 6, o Índice Bovespa da B3 encontrou sustentação em papéis de Petrobras e Vale pela valorização do minério de ferro e petróleo, o que beneficiou essas empresas ligadas a commodities.

Não à toa, tem a preferência dos especialistas:

“É um setor de que gosto, é muito resiliente e de proteção contra o cenário ruim de baixo crescimento do PIB e de inflação e juros em alta.

Jennie Li, estrategista de Ações da XP

Gosto do setor de commodities, dos setores de minério de ferro, siderurgia e petróleo. É um setor que tira o investidor dessa exposição a riscos domésticos, principalmente fiscais e eleitorais"

Antonio Heluany, sócio e analista de empresas da Taruá Capital

E outras análises sobre o setor colhidas para embasar a reportagem seguem na mesma linha e toada.

São empresas mais expostas ao crescimento lá fora, porque são exportadoras e têm receitas em dólar, o que aumenta o faturamento em reais com a valorização da moeda americana. Ao mesmo tempo, “são proteção, um hedge, contra a inflação”, um fenômeno que se observa tanto aqui como no mundo, destaca Jennie.

São vantagens que as ações de empresas ligadas a commodities oferecem, mas a estrategista da XP não acredita em um superciclo do setor. Para ela, é uma aposta que havia quando “a economia global estava abrindo, mas teve interrupções na cadeia, o que acelerou os preços”.

Ela diz que a China puxou bastante a alta das commodities, mas o crescimento do país asiático perdeu vigor e não deve retomar com a mesma força, o que afastaria uma demanda tão forte como na época do superciclo. “Os preços vêm caindo nos últimos meses por causa de um crescimento menor da China.” Ao contrário do que prevê para o minério de ferro, a estrategista acredita em uma alta do barril de petróleo.

A estrategista vê um cenário que reforça a atratividade de commodities mais como ativos de proteção para quem se preocupa com o risco Brasil, que, além do cenário de incertezas econômicas, tem ainda um processo eleitoral pela frente, o que gera maior instabilidade geral.

Aposta de recuperação de preços do minério

O sócio e analista da Taruá Capital acredita na recuperação de preços do minério, após a forte correção no ano passado. “A tonelada já saiu de cerca de US$ 90 em dezembro para US$ 127”, mas está ainda distante do pico de US$ 240 a que chegou em meados de 2021, antes de sofrer desvalorização no segundo semestre, quando a China passou a anunciar ajustes no setor e na economia.  “A ação da Vale também sofreu.”

Um fator que deixa o mercado mais animado com o setor de mineração e aço é que “a China voltou a falar em novos estímulos para retomar a economia, com investimentos em infraestrutura”, que Heluany considera relevante para a demanda de minério e produção de aço.

As preferências em commodities

Jennie Li, a estrategista de Ações da XP, afirma que a ação de sua preferência no setor de mineração é a Vale (VALE3), porque “paga bons dividendos e os preços do minério são favoráveis”.  No setor de petróleo, a Petrobras (PETR4) tem como atrativo, segundo Jennie, “o preço das ações muito descontado e bom potencial de pagamento de dividendos”.

AçãoSetorTicker
ValeMineraçãoVALE3
PetrobrasPetróleoPETR4
PetroRioPetróleoPRIO3
GerdauSiderurgiaGGBR4
CSNSiderurgiaCSNA3
UsiminasSiderurgiaUSIM5
CSNMineraçãoMineraçãoCMIN3
SuzanoPapel e CeluloseSUZB3
KlabinPapel e CeluloseKLBN4

O analista da Taruá inclui a Petrobras entre as preferidas também por causa dos dividendos “que podem ficar entre 20% e 30% em 2022”, apesar do temor do mercado atrelado ao risco de intervenção do governo na política de preços dos combustíveis.

Fabiano Vaz, analista da Nord, afirma que prefere a PetroRio (PRIO3), “que consegue focar muito em relação aos custos, o que acaba protegendo seus resultados, sem o risco político da Petrobras, principalmente em ano eleitoral”.

No setor de siderurgia, Heluany aponta a Gerdau (GGBR4), por causa dos preços do aço doméstico referenciados ao internacional e das operações da empresa que tem como base os Estados Unidos, “o que torna a ação mais defensiva”). CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) estão também entre as preferências do setor de Fabiano Vaz, da Nord, porque a queda do minério de ferro, como prevê, “deve melhor a margem das produtoras de aço”.

Na mineração, o analista da Taruá destaca a Vale e aponta três pontos em favor da mineradora: o cenário de preço de minério de ferro mais alto que o previsto pelo mercado para 2022; o valuation (valor da empresa) atraente e a história de boa pagadora de dividendos, com expectativa de que pague neste ano 13% de dividendo yield (em dólar).

Gustavo Bertotti, head de Renda Variável da Messem Investimentos, aponta também a forte geração de caixa da Vale e a política de boa pagadora de dividendos, mas destaca a CSN Mineração (CMIN3), braço de mineração da CSN, “uma exportadora de minério bem capitalizada.”

Pela lógica do câmbio, diante da perspectiva de valorização ou manutenção do dólar em nível alto, o que favorece a receitas de exportadoras, estão entre as ações defensivas ou de proteção, ainda de acordo com os especialistas, no setor de papel e celulose, Suzano (SUZB3), que exporta mais de 90% de sua produção, e Klabin (KLBN4).

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.