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Negociação da Lufthansa com ex-Alitalia mostra fragilidade atual do setor aéreo europeu, segundo a RB Investimentos
Empresa

Voos fantasma da Lufthansa e negociação com ex-Alitalia sinalizam desafios atuais do setor aéreo europeu

Situação semelhante ocorreu com a fusão entre a Air France e a holandesa KLM, em 2004

Data de publicação:26/01/2022 às 00:30 -
Atualizado um ano atrás
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No início desta semana foi noticiado que a companhia aérea alemã Lufthansa estaria negociando a compra de 40% da ITA Airlines, sucessora da Alitalia. De acordo com Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, esta é uma pequena amostra do cenário de dificuldade que o setor aéreo europeu vem enfrentando nos últimos anos.

Para Cruz, há várias companhias aéreas na região, assim como em todo o mundo, que não conseguiram se sustentar ao longo da pandemia, e acabam virando alvo de compra pelas gigantes.

Negociação da Lufthansa com ex-Alitalia mostra fragilidade atual do setor aéreo europeu, segundo a RB Investimentos
Negociação da Lufthansa com a ITA Airlines mostra fragilidade do setor aéreo europeu, segundo a RB Investimentos -Foto: Reprodução

“A compra da participação da ITA Airways pela Lufthansa mostra que o setor aéreo não está bem. É um mercado que sofreu fortemente com a pandemia, sofre com as oscilações do petróleo e do câmbio. Não é um mercado em que é possível prever como será o ano de 2022, é bem mais complexo, porque ainda é influenciado por condições climáticas”.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos

O estrategista destaca que as empresas que conseguiram se recuperar após terem ficado longos meses com os aviões no chão por conta da pandemia estão aproveitando oportunidades para crescer por meio da aquisição de outras que não deram a mesma sorte.

“Há várias empresas que já estavam com problema de caixa antes da pandemia. Com a crise sanitária, elas foram empurradas para o precipício".

No dia em que a notícia de compra foi veiculada pela Reuters, as ações da Lufthansa fecharam em queda de 5,09% na bolsa alemã. De acordo com a reportagem, as negociações estão em andamento. Em condição de anonimato, uma das fontes disse que o preço da participação está em andamento.

Um porta-voz da Lufthansa se recusou a comentar, mas reiterou uma declaração anterior de que a transportadora alemã estava aberta à possibilidade de uma parceria com a ITA.

Esse tipo de movimentação já foi realidade no mercado. Uma das grandes aquisições aconteceu em 2004, quando a Air France comprou a holandesa KLM, tornando a aérea francesa uma das maiores do continente europeu.

Voos fantasmas da Lufthansa e agenda ESG

Outro ponto levantado pelo especialista da RB é a agenda ESG, que segue forte no continente europeu. A tendência é de mudança de perfil dos voos para atender os requisitos ambientais, já que os aviões são o meio de transporte que mais poluem o meio ambiente.

Segundo dados da Agência Europeia do Meio Ambiente, o transporte aéreo emite 20 vezes mais COշ por quilômetro e passageiro do que o trem.

“As aéreas terão que investir em voos de longa distância por conta de seu alto potencial poluidor do meio ambiente. Com isso, as rotas mais curtas devem diminuir significativamente, ao serem substituídas por viagem de trem ou de carro, que poluem menos”, ressalta Cruz.

No fim de dezembro de 2021, a Lufthansa decidiu manter 18 mil voos circulando pela Europa durante o período de dezembro a março, mesmo com as aeronaves vazias, em voos fantasmas, alegando exigências da Comissão Europeia. A medida foi duramente criticada pelos ambientalistas.

Em resposta, a Comissão Europeia negou a obrigatoriedade imposta à Lufthansa para que a empresa não perdesse as faixas horárias de aterrisagem e decolagem em alguns aeroportos europeus estratégicos, lembrando que as “regras para slots foram aliviadas devido à pandemia”.

"Para a Comissão, voos vazios são maus. Maus para a economia e maus para o ambiente. É por isso que logo desde o princípio da pandemia a Comissão tomou medidas para aliviar as cláusulas das faixas horárias. Em tempos normais, a regra é de que uma companhia tem que cumprir pelo menos 80% dos voos previstos para manter essa faixa horária na próxima estação. Quando a pandemia começou reduzimos a obrigação".

Comissão Europeia

Nesta semana, o diretor presidente da Ryanair, Michael O’Leary diz que os slots são a maneira como gigantes como a Lufthansa bloqueiam a concorrência e limitam a escolha em grandes aeroportos centrais, como Frankfurt, Bruxelas, Viena, entre outros.

“Se a Lufthansa não quiser operar ‘voos fantasmas’ para protegê-los, basta vender esses assentos a preços baixos”, disse O’Leary.

Mudanças na proposta ambiental e competitividade

O setor aéreo sofre uma forte pressão ambiental, por ser responsável por até 3% das emissões globais. A União Europeia apresentou em julho do ano passado planos que preveem regras mais rígidas sobre as emissões de COշ (dióxido de carbono) e o uso de misturas de combustíveis sintéticos.

Uma aliança de companhias aéreas e aeroportos pediu, no início desta semana, mudanças na proposta legislativa da União Europeia (UE) relacionada com as alterações climáticas, argumentando que a mesma os tornará menos competitivos com rivais não europeus.

Apesar da crítica, a aliança é a favor do pacote climático “Fit for 55” da UE, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 55% até 2030 em comparação com os níveis de 1990.

E no Brasil?

A pandemia também pegou em cheio as aéreas que dominam o mercado brasileiro, que, aos poucos, mostra pequenos sinais de recuperação. O mesmo cenário de M&As (fusões e aquisições, na sigla em inglês) também ocorre por aqui como estratégia de consolidação.

A aérea que tem sobrevivido melhor a essa tempestade tem sido a Azul. A empresa ampliou sua posição em caixa e vem melhorando seus números operacionais. Com isso, está com bala na agulha para novas aquisições.

Ao longo de 2021, a empresa brasileira tentou comprar a filial da Latam no País. Em novembro do ano passado, após várias tentativas, a empresa deu uma nova cartada, oferecendo US$ 5 bilhões pela filial brasileira da Latam, que se encontra com problemas de caixa.

Porém, a Latam rejeitou a oferta e a Azul desistiu do negócio, por considerar que o valor pedido está alto.

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Sobre o autor
Julia Zillig
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