Com critérios definidos pela Anbima, investidor terá mais facilidade para identificar fundos ESG
Não basta ter papéis ESG na carteira, fundo precisa ter o propósito
Para ganhar o sobrenome de sustentável e pertencer à nobre família dos ESG, com preocupações ambientais, sociais e de governança, os fundos de renda fixa e renda variável terão de seguir novos critérios estabelecidos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, Anbima, a partir do ano que vem.
Basicamente, não basta ter papeis com características ESG na carteira, o fundo terá de demonstrar que possui propósitos sustentáveis, metodologia e capacidade para avaliação dos investimentos sustentáveis, além de submeter suas carteiras a monitoramento.
Além desse arcabouço central, foram definidos padrões mínimos também para os gestores dos fundos sustentáveis.
“Para que um fundo possa ser identificado como sustentável, será necessário observar não somente os requisitos definidos para o fundo em si, mas também para o gestor. É preciso, por exemplo, que ele tenha ferramentas adequadas para avaliar os produtos ESG, equipes treinadas no tema e processos definidos para monitorar o desempenho”, segundo a Anbima.
Fundos ESG precisam ter o investimento sustentável como objetivo
Os critérios vão ajudar o investidor a separar o joio do trigo, e somente os fundos que atenderem a esses requisitos e tiverem o investimento sustentável como objetivo poderão usar o sufixo IS (Investimento Sustentável) em sua denominação. Vale dizer que esse objetivo deve estar expresso em seu regulamento.
Não apenas isso, “a carteira deve estar alinhada ao propósito e nenhum investimento pode comprometê-lo. Os requisitos definidos para o registro de um fundo IS são robustos e visam assegurar o máximo de transparência dos produtos” esclarece a associação.
Os demais fundos que integrem os aspectos ESG em seu processo de gestão, mas não têm o investimento sustentável como objetivo principal, não poderão ter tal identificação. Eles terão uma diferenciação nos materiais de divulgação do fundo. A identificação ao investidor se dará pela frase “esse fundo integra questões ASG em sua gestão.
“É preciso evitar um crescimento desordenado dos investimentos ESG no Brasil, o que seria prejudicial à indústria de fundos e ao investidor. Estamos alinhados a outras jurisdições globais que também buscam dar mais transparência a estes produtos”, afirma Carlos Takahashi, vice-presidente da Anbima e coordenador do Grupo Consultivo de Sustentabilidade.
A Anbima colocou essa proposta em audiência pública em setembro deste ano, processo recém-concluído, que determina a data de 3 de janeiro para que as novas regras entrem em vigor tanto para os fundos de renda fixa como para os fundos de ações.
A ideia é ampliar o filtro para outros tipos de fundos, alcançando os de multimercados, os Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), os Fundos de Investimentos em Direito Creditório (FIDCs), e os Fundos Imobiliários (FIIs).