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Economia

ESG: O mercado premia a boa governança nas empresas

Se você acha que boa governança e preocupações com questões sustentáveis é uma realidade muito distante do mundo dos investimentos, talvez seja a hora de rever…

Data de publicação:23/06/2020 às 09:00 -
Atualizado 4 anos atrás
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Se você acha que boa governança e preocupações com questões sustentáveis é uma realidade muito distante do mundo dos investimentos, talvez seja a hora de rever suas conclusões.

Existe uma classe de investimentos que tem chamado bastante atenção nos últimos anos e tem no seu coração a sustentabilidade.

Ela é conhecida genericamente como ESG, do inglês Environmental, Social and Governance, e que tem tradução Meio Ambiente, Social e Governança.

Vamos falar um pouco mais sobre ela e dar alguns números do mercado.

Entendendo o ESG

O ESG é uma expressão bastante ampla, mas tem a intenção justamente capturar o resultado das empresas que buscam retornos positivos (é claro) e impactos de longo prazo na sociedade, no meio ambiente e no desempenho dos seus negócios.

Apesar de uma definição meio ampla e gasosa, no geral o ESG reflete um subconjunto de indicadores de desempenho não financeiro que permeiam a sustentabilidade. E aqui o leque é amplo mesmo.

Os tratamentos dos riscos considerados ambientais incluem evitar ou minimizar passivos ambientais, reduzir custos e aumentar a lucratividade por meio de fontes sustentáveis, além de reduzir riscos regulatórios e de reputação.

Os riscos sociais se referem ao impacto que as empresas podem ter na sociedade. Eles são abordados pelas atividades sociais da empresa, como promoção da saúde e segurança, incentivo às relações de gestão do trabalho, proteção dos direitos humanos e foco na integridade do produto. Os resultados sociais positivos incluem aumento de produtividade e moral, reduzindo rotatividade, absenteísmo e melhorando a lealdade à marca.

Os riscos de governança dizem respeito à maneira como as empresas são administradas. Aborda áreas como independência e diversidade de marcas, gerenciamento de riscos corporativos, por meio de atividades de governança da empresa, como aumento da diversidade e responsabilidade do conselho, proteção dos acionistas e seus direitos, além dos relatórios e divulgação de informações. Os resultados positivos da governança incluem o alinhamento dos interesses dos acionistas e da administração, além de evitar surpresas financeiras desagradáveis.

Isso tudo tem efeitos culturais e demográficos, inclusive um estudo chamado Cone Millennial Cause Study sugere que os chamados millennials (nascidos entre 1980 e 2000) são mais propensos a confiar em uma empresa ou a comprar produtos de uma empresa quando ela tem a reputação de ser boa em aspectos sociais ou ser ambientalmente responsável.

Como o ESG tem sem comportado nos mercados?

Bom, esse é um movimento global e, aparentemente, irrefreável. Naturalmente, as principais empresas do mercado financeiro no mundo já captaram esse movimento há algum tempo e empacotaram em alguns índices.

E obviamente esses índices viraram ETF e são negociados nas bolsas americanas. 

Vamos falar do principal deles, o índice criado pela MSCI e que reflete as empresas líderes nessa classe de investimentos: o chamado MSCI World ESG Leaders (existem outros relacionados ao ESG, mas foquemos nesse principal).

Ele leva em consideração o que seria o supra sumo das empresas com melhor dinâmica de ESG no mundo, ou seja, o pelotão de elite nesse quesito.

Posso destacar empresas como Microsoft, Alphabet, Johnson & Johnson, Visa, Intel, Mastercard etc.

Para olharmos a performance desse índice de ESG para o mundo, vale a pena compararmos justamente com o MSCI World, que replica o que seria uma carteira teórica com os principais índices do mercado financeiro global, com bastante peso para EUA e Europa.

O que podemos ver é que a empresas líderes no mundo em questões envolvendo sustentabilidade e governança estão mostrando performance melhor do que as bolsas mundiais de uma forma agregada.

Isso não passou em branco em 2020, com a crise mundial do COVID-19. Embora a correlação entre os dois ativos seja extremamente próxima, há diferenças nas suas composições que forçaram a abertura de um gap desde o final de 2016.

Essas empresas são boas por que se preocupam com o ESG? Não, na verdade é justamente por serem boas elas se preocupam com ESG (a ordem é inversa).

E no Brasil?

Por aqui não temos um índice exatamente com essa nomenclatura, ESG, mas um conjunto de índices que tentam passar a mesma mensagem. Até existe um MSCI ESG Leaders para Mercados Emergentes, mas isso não representaria muito a nossa situação.

A B3 mantém esses índices de forma a possibilitar o acompanhamento das companhias preocupadas com as melhores práticas nas questões ambientais, sociais e de governança, incentivando as companhias a incorporarem essas demandas.

Desde 2012 temos uma iniciativa intitulada “Relate ou Explique para Relatório de Sustentabilidade ou Integrado” e que a partir de 2016 ganhou reforço com a CVM tornando obrigatório o reporte de informações socioambientais.

Essas informações desaguam em alguns índices alimentados pela B3 e que refletem aos investidores e interessados um meio rápido de acesso a esses proxys da ESG.

Vamos destacar aqui 3 desses índices:

  • Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE): tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, bem como a indução de boas práticas no meio empresarial brasileiro.
  • Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT): tem por objetivo refletir o desempenho médio das cotações dos ativos de empresas listadas no Novo Mercado ou nos Níveis 1 ou 2 da B3, ou seja, que adotam padrões de governança considerado diferenciados.
  • Índice Carbono Eficiente (ICO2): Reflete o desempenho das companhias participantes do índice IBrX-50 que adotam práticas transparentes com relação a suas emissões de gases efeito estufa (GEE), se preparando para a economia chamada de “baixo carbono”.

E claro, para nossa felicidade parcial (depois vão entender o motivo), já existem ETFs deles negociados em nossa bolsa. Vamos mais uma vez fazer uma rápida avaliação de performance entre eles.

O ISUS11 representa o ISE, o GOVE11 o IGCT, o ECOO11 replica o ICO2 e o nossa BOVA11, claro, trazendo o acesso para o nosso Ibovespa.

Os destaques ficam para a GOVE11 e ECOO11 que chegaram a ter entre 260% e 370% do retorno gerado pelo BOVA11 até o período pré-COVID19. Já o ISUS11 mostrou performance pior ao longo do tempo, mas sua queda acumulada em 2020 também foi menor, mostrando uma volatilidade inferior dessa ETF.

Bom, nem tudo são flores nesse caso. Tenho uma péssima notícia: os volumes de negociação dessas ETFs são muito baixos.

Como disse, é uma felicidade parcial por conta dessas ETFs.

Isso acaba trazendo como consequência um risco maior de liquidez do que no caso do BOVA11. Esse risco não é desprezível, conforme podemos ver na evolução recente da liquidez no gráfico abaixo.

A soma do volume negociado das três ETFs ligadas ao que seria um ESG brasileiro chegam, quando muito, a menos de 10% do valor diário do BOVA11.

É uma diferença abissal e mostra que, apesar de ser uma alternativa colocada na mesa há algum tempo, esse mercado ainda não se amadureceu por aqui.

Dependendo da situação, você pode ficar na mão se precisar liquidar sua posição.

Claro, você ainda pode acessar opções de ESG no mercado externo ou então montar sua própria carteira baseado na composição desses índices mantidos pela B3, caso faça sentido na hora de diversificar a sua carteira.

Conclusão

Enquanto questões como boa Governança e ações para com a Sustentabilidade já começam a se enraizar firmemente na sociedade, no mercado financeiro global já temos grandes passos sendo dados também, inclusive com rentabilidades interessantes.

Por outro lado, no pragmático mercado brasileiro já temos até algumas iniciativas lideradas pela própria B3, mas os instrumentos para esse consumo ainda estão em “fase de teste” pelo mercado.

O ESG é uma preocupação e fator que veio para ficar e provavelmente deverá dominar ainda mais os mercados nos próximos anos e décadas, sobretudo com as questões climáticas entrando cada vez mais em voga.

Você investidor vai acabar tendo que lidar com isso cedo ou tarde.

Sobre o autor
Arthur Lula Mota
Economista, já atuou no mercado financeiro e em departamento econômico, com elaboração de cenários macroeconômicos e estudos setoriais. Atualmente é Mestrando em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e dono de um dos maiores sites independentes de economia no Brasil – o Terraço Econômico.

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