Mercado tem no radar questão fiscal e divulgação de dados econômicos na primeira semana do ano
Pressão de servidores para aumento salarial geram preocupações com impacto para as contas públicas
A semana, a primeira do ano novo, começa em ritmo morno, ainda sob ressaca das festas de fim de ano, mas o mercado financeiro tem pela frente ao longo dos próximos dias uma agenda de vários indicadores, sobretudo no exterior, que servirão para esquentar os negócios.
Investidores e gestores começam avaliando como está a mobilização do funcionalismo federal em torno de possível greve por aumentos salariais, movimento que ganhou força nos últimos dias de 2021. A preocupação de fundo, nessa questão, é com o impacto que possíveis concessões do governo à reivindicação dos servidores públicos, em ano eleitoral, podem trazer nas contas públicas.
A agenda doméstica de interesse do mercado entra em cena na quarta-feira, 5, com os dados que o IBGE divulga da inflação ao produtor de novembro. Não é propriamente a variação de preços que está no foco do Banco Central, mas é um dado mais de acompanhamento, pois pode servir de sinalização sobre como andam os preços na economia.
O debate em torno da privatização da Eletrobras volta à cena também na quarta-feira, data da audiência pública agendada pelo BNDES, para tentar dar largada ao processo que deverá passar por várias etapas até que a holding do setor elétrico venha a ser transferida eventualmente ao controle do capital privado.
Mercado de olho também no exterior
A agenda de eventos internacionais marca também para a quarta-feira a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC), do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA). A decisão nesse encontro foi pela manutenção das taxas de juro, mas a autoridade monetária anunciou a aceleração da retirada de estímulos monetários e a possibilidade de uma elevação mais forte dos juros neste ano.
Por aí, um dos dados macroeconômicos externos que atraem a atenção do mercado financeiro são o relatório Payroll, do mercado de trabalho americano, de dezembro, que serão divulgados na sexta-feira. São números que fazem parte da análise do Fed para sentir o pulso da economia, seu processo de recuperação e possível reflexo na inflação.
Uma corrente de analistas avalia que um aumento do número de vagas de emprego acima do previsto pode ser um motivo mais para o Fed apertar o torniquete de retirada dos estímulos monetários. Significaria cortar mais a recompra de títulos, possivelmente até US$ 30 bilhões mensais, o volume de dinheiro que injeta no sistema financeiro americano, processo que drena parte do dinheiro que costuma ir para o mercado de ações.